Curitiba abrange diversidade religiosa

Caminhada tem o objetivo de mostrar tradições e costumes religiosos
Por Andressa Carvalho e Laís da Rosa
Temas e símbolos das quatro principais matrizes religiosas: indígena, africana, oriental e cristã são abordados no passeio “Trilha do Sagrado: Redescobrindo o Centro Histórico de Curitiba”, realizado no último sábado (27). O percurso permite o aprendizado sobre as diferentes culturas e a diversidade religiosa.
O antropólogo Cauê Kruger diz que toda religião precisa se manifestar em signos, símbolos, práticas e que essas atividades religiosas na cidade são muito importantes por destacar a diversidade que faz parte de diversos grupos étnicos pois, segundo ele, a cultura e a identidade são dinâmicas e não estáticas. “É um esforço muito interessante mostrar essa potência de diversidade religiosa que existe na cidade, coisas que geralmente não ficam visíveis, é uma iniciativa que deve ser estimulada”, afirma o antropólogo.
A intolerância religiosa e nas identidades étnicas de diferentes sujeitos ficou muito forte por causa dos estereótipos, segundo Cauê Kruger. “No Brasil há uma prática muito comum, a suposta tolerância, mas quando olhamos bem de perto percebemos que não é bem assim, a tolerância acaba quando algumas ações ameaçam uma certa hegemonia”, diz Kruger. Ele afirma que atualmente tem se percebido um aumento de outras denominações religiosas e também uma certa diminuição das religiões de matriz afro-brasileiras, marca identitária nacional que cada vez mais está sendo apagada. “As religiões afro-brasileiras estão sempre em espaços marginais, algumas têm uma maior projeção, porém elas não gozam de uma institucionalização”, afirma o antropólogo.
Sheik Mahdi, diretor religioso da Mesquita Imam Ali ibn Abi Talib localizada no bairro São Francisco, diz que o primeiro passo para conhecer sobre uma religião é querer saber, depois disso surgirá conhecimento e diversas curiosidades. “O profeta Muhammad fala que para divulgar minha religião não precisa falar, precisa mostrar. Aqui no Brasil é tudo muito fácil, muito livre, quem quiser conhecer sobre a religião tem tudo disponível, mas muita gente não quer pensar, pesquisar, conhecer”, diz Mahdi. Sobre a recepção dele na cidade, ele comenta que os curitibanos foram muito receptivos e que é muito bom fazer atividades religiosas em Curitiba. Ele também afirma que o conhecimento é a solução para a intolerância e o desrespeito.