Criação do Comunicare completa 31 anos em 2021

Jornal laboratorial da PUCPR começou apenas no impresso e se adaptou com os anos aos meios digitais
Por Allanis Menuci, Isadora Martelli e Maria Eduarda Cassins.
Em 2021, o jornal Comunicare comemora seu 31° ano de atividade. A primeira edição foi publicada em agosto de 1990, de maneira impressa. Conhecido inicialmente como “A Voz do Bairro”, a primeira edição estampava na capa algumas chamadas de notícias produzidas pelos estudantes e contava a origem e proposta do veículo. Sem imagens, datilografada e em preto e branco, a publicação surgiu destinada a moradores do Prado Velho.
O jornal possuía horóscopo, plantão de farmácia, serviço de saúde e textos de opinião, além dos editorias que estão até hoje. A de Esporte possuía um espaço maior e as matérias não tinham gravata. O primeiro número contou com uma carta ao leitor, em que o professor Fernando Gerlach escreveu sobre o objetivo do jornal e seu papel dentro da sociedade curitibana. O docente também citou a dificuldade de publicar a “Voz do Bairro”, por conta do trabalho de produção da época.
Além da falta de tecnologia e da periodicidade do Comunicare, o tipo de notícia publicada foi sempre um dos grandes desafios de estudantes e professores, diz o jornalista José Carlos Fernandes, que lecionou no curso por cerca de 15 anos. “Na época, eu já pesquisava leitor e leitura, público de jornal, essas coisas. E entendia que a gente não podia mentir para o leitor, ‘fazendo de conta’ que era um jornal ‘hardnews’, mas que saía um mês depois das entrevistas”. Com o tempo, a redação chegou à conclusão de que produzir textos mais extensos e fotos melhores eram as melhores estratégias.
Atualmente, o Comunicare possui 12 páginas e oito matérias por edição. Também conta com a tradução da capa para o inglês, presença de charges e textos de opinião, infográficos e ensaios fotojornalísticos.
Uma das principais mudanças percebidas entre o Comunicare de agosto de 1990 e o de junho de 2021 é o extenso número de notícias publicadas por conta da chegada da tecnologia. Desde o início dos anos 2000, o curso de Jornalismo da PUCPR passa por um processo de digitalização de suas produções laboratoriais. O Comunicare tem um acervo digitalizado integralmente na plataforma ISSUU desde 2013.
Conforme o tempo foi passando, o veículo foi se adaptando ao jornalismo contemporâneo e às ideias das novas gerações de alunos. Hoje, conta com o jornal impresso ligado diretamente ao portal online por meio de um QR code. Para o professor Renan Colombo, que coordena o Comunicare, essa união é fundamental para deixar o jornal relevante e profissional. “O jornal laboratorial tem um impacto fundamental na formação dos estudantes, fazendo com que eles vivenciem uma rotina jornalística mesmo em período acadêmico. Isso aprimora cada vez mais o próprio Comunicare ao nível de um jornal comercial, mesmo não sendo um.”
O Comunicare serve para informar, criticar e gerar reflexões e debates sobre acontecimentos pertinentes à sociedade. A construção social que o Comunicare realiza a partir de seus projetos têm o foco de dar visibilidade e voz para as pessoas, mantendo a ética jornalística ao fiscalizar e servir seu público, composto pela população de Curitiba e pessoas que se interessam por conteúdos da PUCPR.
Na visão dos formandos, o veículo laboratorial do curso ajudou muito na formação profissional dos estudantes. Segundo a aluna do sétimo período Sofia Magagnin, a produção prática do Comunicare com o jornal impresso, a revista e o veículo online, acabaram aproximando ela da profissão e que, mesmo com os desafios em explorar as áreas e funções da imprensa, isso aprimorou seu senso crítico e olhar jornalístico.
Logo no primeiro contato da aluna com o Comunicare, sua reportagem foi exposta no Congresso de Comunicação proporcionando lembranças que a motivaram muito. “Eu vivenciei o papel profissional de jornalista em todos os processos do Comunicare, com o trabalho em equipe e desenvolvimento pessoal. Hoje, no final do curso, reconheço que sem o Comunicare minha formação não seria integral”, observa Sofia.
Desafios do Jornal da Noite
Segundo o professor José Carlos Fernandes, entre o fim dos anos 90 e início dos anos 2010, existia uma certa competitividade entre os cursos do período matutino e noturno, já que a maneira de produzir matérias e tempo laboratorial acabavam sendo diferentes. Os alunos da noite trabalhavam durante o dia e, por conta disso, acabavam não tendo muito tempo para aproveitar a experiência do jornal laboratorial da mesma forma que os alunos da manhã.
O professor também comentou sobre um fato curioso que ficou marcado em sua memória como professor responsável pela edição noturna: ‘’Quando o Comunicare ganhava um prêmio sempre se dizia que era graças à edição da manhã e quando perdia, era culpa da noite. Baita injustiça, mas deixei pra lá. Guardo todas as edições e me orgulho delas’’.