Cerca de 95% das famílias de Curitiba estão endividadas, aponta pesquisa

por Caio Jordão Perez Calderaro e Silva
Cerca de 95% das famílias de Curitiba estão endividadas, aponta pesquisa

Capital do estado do Paraná está entre as capitais mais endividadas do Brasil

Por Caio Jordão

Cerca de 95% das famílias em Curitiba possuem dívidas. É o que mostra uma pesquisa recém publicada pela Deep Center, empresa de software e análise de dados (ou gestão da informação), localizada em São Paulo. O dado vai ao encontro de um levantamento, promovido pela Geofusion, empresa paulista especializada em inteligência geográfica. Ele aponta Curitiba como a quarta entre as capitais brasileiras mais endividadas, só ficando atrás de Recife, Florianópolis e Brasília.

Os números mostram não só como está o endividamento em Curitiba mas também refletem as altas taxas de dívidas presente em todo o Paraná. Em janeiro deste ano, 96,4% dos paranaenses possuíam dívidas, enquanto no mês de fevereiro, esse número caiu para 95%. Estes dados foram divulgados em março, na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), promovida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismos (CNC), juntamente com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismos do Paraná (Fecomércio Pr). Apesar da queda, a porcentagem de endividamento no Paraná ainda segue muito acima da média nacional, 78,3%.

Marco Aurelio Junior (27), entregador de uma pizzaria de Curitiba, mora sozinho e convive com dívidas desde o ano de 2020. “Comecei a acumular dívidas na pandemia, e isso foi tendo que ficar de lado. Hoje em dia é algo complicado, me limita bastante.” Ele diz que acabar com esse endividamento é uma prioridade. “Na medida do possível, estou tentando fazer acordos para tentar sanar essas dívidas, é uma prioridade pra mim. Tenho planejado meus gastos, algo que não fazia e não pensava em fazer quando comecei a me endividar.”

A empregada doméstica Juliana Reis (37) vive situação semelhante. Divorciada, ela sustenta uma casa com quatro dos cinco filhos – a mais velha mora com o ex-marido. Ela conta que é difícil conviver com essa realidade. “É muito ruim. Atrapalha muito os meus planos, me impede de comprar algumas coisas e, principalmente, de financiar um futuro melhor pra mim e minha família.” 

Juliana explica que tem tentado resolver, ou pelo menos, amenizar o endividamento. “A minha principal dívida, atualmente, é por causa de um curso particular que acabei adquirindo. No momento, ainda não consegui sanar essas e outras dívidas, mas venho me organizando para futuramente fazer uma negociação e pagar parcelado.”

De acordo com o economista Marcos Rambalducci, professor de Economia na Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR (Campus Londrina), é importante deixar claro que o alto endividamento do consumidor não é, por si só, um aspecto negativo ou positivo. “O problema é quando o alto endividamento se dá para cobrir despesas do cotidiano  e pela perda do poder aquisitivo dos consumidores.” O especialista também explica o porquê de Curitiba possuir altas taxas de endividamento. “Cidades com renda média maior, tendem a ter pessoas com acesso maior a crédito e isso ajuda a entender o porquê Curitiba apresenta um endividamento mais alto, visto que a média dos empregados formais apresenta um renda de 3,7 salários mínimos, enquanto cidades como Londrina, por exemplo, tem uma renda 30% menor.” 

 Rambalducci ainda faz um alerta para os endividados e sugere maneiras de lidar com essa situação. “O consumidor precisa sempre ficar atento a sua capacidade de comprometimento de renda, ter uma disciplina orçamentária que garanta sua solvência mesmo em caso de perda parcial de renda e isso se faz tendo uma reserva para eventualidades.” Para finalizar, o economista faz uma projeção sobre o futuro. “A tendência para os próximos meses é do comprometimento de renda continuar caindo. Os juros continuarão caros por um bom tempo e o baixo crescimento econômico previsto para este ano trará pouca segurança às pessoas a assumirem novos parcelamentos.”

Confira gráficos com dados sobre os tipos de dívidas dos paranaenses e sobre a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC):

O gráfico mostra os principais tipos de dívidas dos paranaenses. Os dados mostram o “Cartão de Crédito” como o principal expoente no endividamento dos paranaenses. As informações foram divulgadas na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), que é desenvolvida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismos (CNC), juntamente com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismos do Paraná (Fecomércio Pr).

O gráfico ilustra a queda na porcentagem de paranaenses endividados, comparando dados do mês de Janeiro com o mês de Fevereiro. Assim como no gráfico que mostrava os principais tipos de dívida do paranaense, os dados utilizados na elaboração desse gráfico comparativo, são provenientes da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC).

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