Cafés especiais: entenda como são feitos e onde tomar em Curitiba

Segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais, a expectativa é de que o mercado cresça 19% neste ano
Por Henrique Zanforlin e Stefany Mello
Café expresso, coado ou com leite: cada um tem a sua preferência. Mas é certo que esteja você no trabalho, em casa, ou em um restaurante, café é o que não falta. Essa bebida que desde o século XVIII cativa adoradores e investidores, hoje entra em um novo nicho mais refinado, os cafés especiais.
Desde o plantio até a torra, os cafés especiais passam por etapas mais rígidas de seleção que exigem um investimento maior, como explica o especialista em café Gabriel Guimarães. “Somente os frutos maduros serão selecionados e irão compor a xícara, diferente do café tradicional, que não há preocupação com a seleção, a bebida será composta por frutos em diferentes estágios de maturação, influenciando negativamente o resultado final”.
Junto com a qualidade, o preço também aumenta. Uma saca (60 kg) de café especial custa no mínimo R$850, mas pode chegar a valores muito maiores. Um exemplo é o café do Jacu, que tem os grãos selecionados pela ave Jacu e é produzido aqui no Brasil, sua saca pode custar cerca de R$36mil, ou seja, R$20 a xícara.
Gerente e barista de um dos locais que vendem café especial em Curitiba, Igor Salles conta que os clientes gostam do sabor do café especial e que quando as pessoas conhecem, começam a tomar sempre, também relata que a procura por cafés especiais em Curitiba vem aumentando e sobressaindo aos demais cafés normais. “O que difere um especial de um normal é o cuidado que o produtor tem com esse café na pós colheita, na fazenda, o café tradicional é colhido verde, e não passa por nenhum cuidado, já o especial tem todo um preparo bem maior para chegar até o consumidor”.
Mas afinal, qual é a diferença entre o café tradicional e o café especial? O comunicare preparou um infográfico com os principais pontos:
E o preparo do café especial?
Segundo o gerente de uma loja de cafés especiais Igor Salles, é dado como café especial, o café que seja classificado com no mínimo 80 pontos. A pontuação é feita de acordo com a metodologia da Associação de Café Especial (SCA), os cafés precisam ser perfeitos e tem todo um controle rigoroso social e ambiental. “É necessário para ser café especial passar por todas as fases de produção. Desde o cultivo, depois pela colheita, pelo processamento, torras frescas, e as relações com os produtores, eles são famílias que produzem em menor proporção mas ainda sim, um produto de melhor qualidade”.
O agrônomo André Prechlak Barbosa diz que o café é um produto muito importante no mercado, pois representa um dos maiores produtos agrícolas nacionais hoje. “O Brasil produz mais de 50 milhões de sacas e exporta 30 milhões”. Barbosa explica que o Paraná planta cerca de 46 mil hectares de café, com cerca de 1,2 milhões de sacas produzidas, o que o coloca como principal estado do Sul na produção da cultura. “Muito embora, fique bastante distante dos principais produtores nacionais que são Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo”.
O café especial deve ser consumido logo que for preparado e o pó não deve nunca ser reutilizado, pois não é saudável e por sua qualidade. Deve-se utilizar sempre água filtrada ou mineral no preparo do seu café.
A psicóloga Patrícia Guillon consome cafés especiais diariamente, e conta que esse é um hábito que começou na sua família.
Ela ainda conta que possui diversos tipos de cafeteiras, da italiana ao passado, e que gasta em média cerca de R$250 por mês com café, um investimento que compensa.
No mapa a seguir você poderá encontrar lugares em Curitiba onde estão disponíveis para a venda cafés especiais:
O café histórico
O café estabeleceu-se como um hábito cultural no Brasil, há anos vem deixando registros importantes mundialmente. E até a chegada dos cafés especiais de hoje, percorreu uma longa caminhada.
A historiadora Carina Nogueira explica que a história do café começa no século VII na Etiópia (África) e que foi na região de Cafa onde surgiu a origem da palavra “café”. E depois o café foi levado para a Arábia, onde a planta tinha o uso medicinal e saindo da Arábia, o café foi levado diretamente para o Egito, ainda no século XVI e um pouco mais tarde, chegou a Turquia.
A professora conta que o café chegou à América do Sul pelos portugueses. “O sargento Francisco de Mello Palheta transportou uma muda da planta de café para o Brasil, chegando até a cidade de Belém, no Pará, em 1727. Mas em Belém a cultura não foi bem recebida”.
A agrônoma Carolina Schuchovski Augusto ainda complementa que desde a colonização do Brasil, até a década de 1930, a economia brasileira teve característica agroexportadora (produção de produtos agrícolas), e que neste cenário, o café foi um dos produtos de grande importância principalmente a partir de 1830 porque começou a aumentar a exportação. “Foi entre 1870 e 1930 que o café teve seu auge, representando o principal produto de exportação brasileira”.
Carolina também conta o porque da cultura do café ter um papel importante tanto economicamente como socialmente no Brasil. “Com a produção de café, houve o aceleramento do desenvolvimento econômico do país, contribuindo para o avanço da infra-estrutura de transportes e o surgimento de novos centros urbanos”. A agrônoma explica também que, atualmente, o Brasil responde por 30% do café produzido mundialmente e que hoje, é o segundo mercado consumidor do café.