Cães sofrem com abandono e devoluções após o fim da pandemia

por Nicolas Kirilov
Cães sofrem com abandono e devoluções após o fim da pandemia

Com as restrições da pandemia sendo mais flexibilizadas cachorros arcam com a consequência do abandono

Por Nicolas Kirilov, João Vitor Luchesi e Vitor Marcolini | Foto: Barbara Guedes

Com a aproximação do fim da pandemia do coronavírus, as medidas impostas pela prefeitura da cidade são flexibilizadas.Com isso, os bichinhos de estimação que foram adotados durante esse período de quarentena têm sofrido bastante. Dois anos atrás, quando a população começou a ter noção de que ficariam presas em casa por um longo período, as adoções dos pets aumentaram em torno de 50%. Porém, nessa mesma faixa de tempo os abandonos cresceram ao redor de 61%, segundo a prefeitura de Curitiba. Agora o público responsável pelo aumento de adoções está devolvendo ou abandonando esses animais em ONGs como a Associação do Amigo Animal.

Amabile Cristine, funcionária da Amigo Animal, contou como tem sido essa situação de devoluções dos cães e gatos onde trabalha. “Na pandemia, a gente teve um número maior de adoção, porém nesses últimos meses nós tivemos um índice alto de devoluções de pessoas que adotaram durante a quarentena.”

No Amigo Animal, quando uma pessoa se interessa em adotar um bichinho, os funcionários deixam bem claro que se o adotante quiser devolver o animal depois de um certo tempo, a ONG aceita receber o pet de volta.

Essas organizações que batalham intensamente para ajudar a dar uma vida melhor para os bichinhos também têm sofrido com o aumentos dos preços das rações dos animais e outros produtos. Neste primeiro semestre de 2022, os preços já aumentaram em 0,42% e devem aumentar mais ainda no segundo semestre. 

Amabile explicou como a ONG que ela trabalha tem lidado com o aumento. “Nós estamos tendo mais gastos pelo fato de não estarmos doando tanto e com o fato de a pandemia ter afetado a situação financeira de todos acaba nos prejudicando de diversas maneiras.”

Em relação a números, no Amigo Animal, por exemplo, o aumento do preço da ração tem sido um grande problema, visto que por dia vai mais de 400 kg de comida para os cachorros, que na maioria são vira-latas.

Esses projetos que ajudam os animais também contavam com apoio financeiro de diversos grupos de pessoas, porém, durante a pandemia esse dinheiro foi reduzido aos poucos e gerou dificuldades extremas para várias ONGs que tiveram que fechar as portas.

“A gente recebe na maioria doações particulares e no geral nós não temos doadores fixos, o que acontece é de termos projetos diferentes doando, por exemplo, universidades e até um grupo de escoteiros.”

Barbara Guedes foi uma das pessoas que adotou um animal durante a pandemia. O novo morador da casa foi o cãozinho Caramelo.

“Ele também apareceu do nada, piolhento, sarnento e faminto. Era bem filhote, na frente de casa e nós não resistimos ao olhar dele e o adotamos. A Cajá foi a última a ser adotada. É nossa bebezona. Não tem nem dois anos ainda, mas é o terror da casa e o amor também.”

O caso de Barbara é extremamente comum no Paraná. O estado é o que tem mais cachorros com lares em todo o país, um total de 60,1% dos cães no território paranaense, segundo a PNS. Para se ter uma ideia, a cada dez casas, seis têm cachorro. O estado com o menor número de cães com domicílio é o Distrito Federal, com 32,3%.

Autor