Brasil pode se tornar o 2º maior no mercado pet ainda neste ano

Caso a previsão da Euromonitor se confirme, país irá faturar cerca de R$22,3 bilhões com produtos para animais
Por Carla Giovana Tortato, Gabriela May e Gustavo Ferraz
O consumo de mercadorias para animais domésticos no Brasil movimentou R$20,3 bilhões em 2017, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Para 2018, a expectativa é de crescimento de 9,8% em relação ao ano anterior, segundo projeção da Euromonitor e que foi divulgada pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). Se isso ocorrer, o Brasil será o 2º maior consumidor de produtos pet, atrás apenas dos Estados Unidos.
Apesar de muito expressivo, o Brasil permanece distante do país norte-americano quanto ao faturamento. O EUA representa 41% do faturamento mundial com os produtos e serviços para animais de estimação. O Reino Unido e o Brasil representam cerca de 5% cada, sendo os 2º e 3º maiores, respectivamente, em 2017.
O empresário Rogério Simão Dranka que é dono de um aviário e de um petshop na Farzenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba, relata que a ração para cães, gatos e aves é o produto mais procurado por seus clientes. Segundo ele, o pet shop atende no mínimo dez animais de estimação por dia com o serviço de banho e tosa. Dessa forma, ele afirma ainda que, nesse sentido, não pode reclamar da crise enfrentada pelo país.
Esse mercado têm conseguido escapar da crise econômica que o Brasil enfrenta desde 2014. Apenas no primeiro trimestre de 2018 a economia brasileira recuou 0,13% com relação aos três meses anteriores, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central.
De acordo com a Abinpet, o motivo que explica esse segmento não ter sido afetado pela crise é a incorporação de animais domésticos como membros da família. O estilo de vida solitário das grandes cidades e o aumento do número de casais que optam por não ter filhos e buscam como companhia animais de estimação são os principais fatores que justificam essa tendência de comportamento.
Assim, ao serem considerados como membros da família os pets acabam vivendo mais dentro de casa ou em apartamentos nos grandes centros urbanos, fazendo com que os cuidados aumentem. Há maior investimento em alimentação, consultas ao veterinário e em creches e profissionais do ramo, como dog walkers.
O economista e conselheiro da CORECONPR, Eduardo André Cosentino, acredita que o crescimento do mercado pet estimula o surgimento de novas tecnologias na área. “Hoje pode se ver muito a tecnologia que se aplica às pessoas também serem reformuladas para aplicação no mercado pet”, diz Consentino.
O mercado pet emprega mais de 1,6 milhão de pessoas no Brasil, de acordo com o Instituto Pet Brasil. Esse segmento chegou a ocupar 0,37% do PIB nacional em 2016, o que significa um número superior ao da automação industrial e aos componentes elétricos e eletrônicos, segundo o Projeto PET Brasil.
O setor que tem maior faturamento nesse mercado pet é o pet food (alimento), correspondendo a 68%, seguido pelo pet serv (serviços) com 15,8%, pet care (cuidados) com 7,9% e pet vet (medicamentos) com 7,7%, de acordo com dados divulgados pela Abinpet de 2017.
Brasileiro gasta cerca de R$200 por mês com animais de estimação
A média de gastos do brasileiro com pets é de R$189 mensais e 36% dos donos de animais domésticos admitem fazer compras impulsivas para seus pets, aponta a pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
A empresária Sônia Ribas Ramussem supera a média nacional de despesas com animais de estimação. Ela gasta de cerca de R$350 por mês com as cachorras Mel e Lucy. Entre os produtos indispensáveis estão ração, petiscos, acessórios e banho e tosa, além de escovação dentária e até cremação. Mas segundo ela, tudo isso é válido “são minhas filhas de quatro patas.”
O Brasil tem cerca de 132,4 milhões de animais de estimação, sendo a 4º maior população do mundo e a 2º entre cães, gatos e aves canoras e ornamentais, de acordo com a pesquisa da Abinpet do ano passado. O animal preferido é o cachorro, são mais de 50 milhões no país.