Bolsonaro afirma que a Bolívia cortou 30% do ‘nosso’ gás

Por Eduardo Veiga, Guilherme Kruklis e Mariana Alves
Num vídeo presente na rede social Tik Tok, o Presidente da República Jair Bolsonaro afirma que a Bolívia cortou 30% do gás do Brasil para “entregar” à Argentina, o que por decorrência subiu os valores no nosso país. De acordo com o próprio chefe do executivo, a compra com outros países seria cinco vezes mais cara. Na opinião dele, a situação seria “orquestrada” para ajudar o “outro”, no qual ele não nomeia, mas, referenciando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O vídeo, que não possuiu nenhuma contextualização atual, foi publicado dia 23 de maio nas redes do próprio, já possuiu um total de 3,1 milhões de visualizações, 177,4k curtidas, 5.513 comentários e 23k compartilhamentos no aplicativo WhatsApp.
A Bolívia realmente cortou 30% do nosso gás?
O Portal Comunicare apurou o verdadeiro motivo pelo qual o país vizinho teria trocado de “freguês”. Segundo o ministro de Hidrocarbonetos e Energia da Bolívia, Franklin Molina, na última quarta-feira, dia 25 de maio, que o país busca o “melhor preço para o seu gás natural” e “melhores condições e um mercado melhor”, ao reduzir as exportações ao Brasil e aumentar o fornecimento à Argentina.
As declarações foram dadas por Molina após o presidente Jair Bolsonaro (PL) insinuar, que o acordo entre bolivianos e argentinos se tratava de uma “orquestração” para ajudar seu rival, Lula.
Diferente de como cita Jair Bolsonaro, a Bolívia não cortou o gás apenas por rixas políticas, mas por necessidade de valorização do seu produto e melhores valores de mercado.
Bolivia busca renegociar contrato
O ministro Molina cobrou da Petrobras a revisão dos preços pagos pelo gás boliviano, previstos na revisão contratual de 2020 — assinada durante o governo interino de Jeanine Áñez, após a renúncia de Evo Morales.
“Tentamos de forma escrita e formal solicitar a renegociação do contrato com a Petrobras. Nosso presidente da YPFB [Armin Dorgathen] esteve no Brasil em busca de melhores condições de preço do gás enviado ao Brasil. A resposta não foi a esperada, e nesta situação, focamo-nos no contrato, que possui uma cláusula que estabelece que, caso uma das suas partes não esteja satisfeita com o preço, pode procurar a renegociação.”, disse o ministro, de acordo com a Agência Boliviana de Informação (ABI).
“O resultado não é favorável para o país e por isso vamos buscar melhores condições para vender nosso gás. A Bolívia precisa encontrar um preço melhor para seu gás natural, melhores condições e um mercado melhor”, disse o ministro.