Bares e restaurantes de Curitiba buscam alternativas para se manterem abertos durante a quarentena

Desde a pandemia o setor têm fechado diversas portas e procurado formas de continuar o funcionamento a distância
Por Isabelle Almeida, Luiza Ruppel e Nathalia Brum
O setor alimentício foi um dos mais afetados pela crise do Covid-19, uma vez que a rotina de isolamento social dificultou drasticamente o funcionamento de bares e restaurantes. Para fugir da situação, o comércio adotou entregas e drive thru, medidas amplamente adotadas para permitir que o funcionamento dos estabelecimentos não fosse totalmente paralisado, o que não impediu o surgimento de outro problema: a permanência dos gastos e despesas.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Paraná (Abrasel-PR), Nelson Goulart, a medida de fechamento dos bares e restaurantes do Estado desde o início da quarentena foi a decisão certa a ser tomada, pois reforça a necessidade de isolamento social. Entre as ações da Associação para auxiliar os micros e grandes empresários está a participação na criação da Medida Provisória 936, que visa a manutenção emergencial do emprego e da renda no país e, parcerias com a Fomento Paraná, instituição do governo que oferece crédito para manter, ampliar e modernizar atividades comerciais, industriais e de serviços.
Com relação ao pagamento de fornecedores, aluguéis e questões de financiamento de capital de giro, Goulart garantiu que a Abrasel está exercendo um trabalho colaborativo e solidário com intuito de achar soluções e criar possibilidades para todos os seus associados e a todos que precisaram. Infelizmente, segundo ele, cerca de 35% dos restaurantes e bares de Curitiba não conseguirão reabrir após esse momento de crise, mas há otimismo para os outros em que os auxílios forem suficientes. “Eu acredito que as pessoas vão voltar aos restaurantes pois é algo importante. As pessoas estão com saudade desse tipo de interação. É um encontro da comunidade e nós vamos estar lá, aqueles que sobreviveram, iremos proporcionar esse espaço”.
Restaurantes que não trabalhavam com o sistema de entrega à domicílio tiveram que se adequar em fase de quarentena. É o caso do Restô Bar Officina, que além de delivery também opera com o sistema de take away, em que o cliente pode buscar a comida no restaurante. Além do ajuste às condições e taxas dos aplicativos de entrega também houve queda na demanda por não haver atendimento no local. A estratégia para readequar logística do serviço do estabelecimento foi reduzir equipes e fazer divisão de escalas, explica a proprietária Olivia Brenner.
“Para cada negócio está chegando o momento em que é ou falir de vez ou abrir e tenta lidar com o que tem”, desabafa a dona do Cosmos Bar de Curitiba, Jana Santos. Segundo ela, o auxílio e apoio do Governo do Paraná e da Abrasel não é suficiente para manter abertos diversos bares da capital e ainda há dificuldade de diálogo com os setores. A empreendedora tem investido em protocolos de atendimento, abertura parcial e delivery próprio para salvar seu negócio, mas reforça que a ajuda governamental está focada mais nos grandes empreendedores e não pequenos. “A grande medida que tem nos ajudado foi a do Governo Federal sobre a suspensão dos salários. O nosso faturamento caiu cerca de 60-90% e não sabemos até quando vamos conseguir segurar, estamos nos mantendo com o auxílio do público, não do governo.”
Alguns frequentadores dos bares e restaurantes da capital preferiram optar por consumir alimentos através de aplicativos. É o que dez a estudante Elisama Nunes, 24. “Antes da quarentena, eu comia fora todos os dias. Agora quase nunca. Estou utilizando o aplicativo do mercado para fazer compras online e a cada quinze dias eu peço uma pizza”. Para o estudante Bernardo Ferrari, 25, as ocasiões em que sente mais falta ao frequentar restaurantes é a presença dos amigos. “Vejo que muitos restaurantes não estão preparados para atender aos clientes dessa forma. Eu costumava sair toda semana com os meus amigos e nos divertíamos muito. Agora não tenho mais isso. Sinto muita falta deles”.