Aumenta em 26% reclamações por falta de medicamento em postos de saúde de Curitiba entre 2019 e 2020

Curitiba ganha segunda unidade de saúde financiada pelo Governo do Estado, na Vila dos Coqueiros, no bairro Sítio Cercado. Curitiba, 15/04/2015. Foto: Divulgação SESA
Regionais que carregam os maiores números de reclamações em 2020 são as do Bairro novo (80), Boa Vista (72) e Cajuru (68).
Por Isadora Mendes
A Prefeitura Municipal de Curitiba registrou 532 reclamações por falta de medicamentos nos postos de saúde da capital entre janeiro e agosto deste ano, em comparação ao ano anterior. Em 2019, no mesmo período, foram realizadas 421 denúncias, contando com aumento de 26%. Neste ano, os meses com mais registros foram setembro, com 104, e agosto, com 83.
Em 2019, as reclamações foram inconstantes, com meses tendo 22 queixas, como o mês de fevereiro, e em outros momentos ultrapassando a marca de 100 registros, como aconteceu no mês de junho, com 104 denúncias. Já em 2020, houve maior constância com meses seguidos registrando cada vez mais denúncias, como de junho a setembro, quando o número cresceu de 27 para 104, igualando ao maior número de queixas do ano anterior.
Outras regionais que carregam os maiores números de reclamações em 2020 são as do Bairro novo (80), Boa Vista (72) e Cajuru (68). Entre as dez regionais da cidade, as únicas que registraram queda no número de denúncias em comparação ao ano anterior foram a CIC (-1), Matriz (-8) e Portão (-2).
Em 2017, a Prefeitura de Curitiba criou um indicador que deveria regularizar a distribuição de recursos entre as unidades de saúde da capital, o Índice de Vulnerabilidade das Áreas de Abrangência das Unidades de Saúde (IVAB), com o intuito de atender as regiões mais carentes.
Segundo o IVAB, os bairros que mais registraram queixas de falta de medicamentos nos postos de saúde, tem muitas de suas unidades de saúde classificadas como alta e média vulnerabilidade. A regional do Boqueirão, a que mais registrou denúncias, tem 8 de suas 14 unidades apontadas com média e alta vulnerabilidade social.
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) encaminha as denúncias de falta de condições de trabalho para os trabalhadores, e procuram uma forma de pressionar a Prefeitura. Durante a pandemia do novo coronavírus, a entidade avalia a situação de forma mais grave, pois as denúncias são por falta de insumos necessários para o tratamento da COVID-19.
Em relação aos bairros com maior número de denúncias serem da periferia de Curitiba, a Coordenadora Geral do Sismuc, Christiane Schunig, declara que “os bairros mais periféricos são mais negligenciados, esse tipo de atitude por parte da Prefeitura de colocar em risco a vida dos mais pobres é mais comum do que se imagina”. Christiane ainda relaciona com o atendimento de pacientes do coronavírus terem sido feitos em lonas improvisadas em algumas unidades de saúde de bairros afastados da região central.
A regional de Santa Felicidade mantém uma constante, dessa vez positiva, registrando poucas reclamações, entre 2019 e 2020 foram apenas 15 e 14 denúncias. De acordo com dados do IVAB, nenhuma das unidades de saúde da regional, que abriga 12 bairros diferentes, se encontram na zona de vulnerabilidade alta, com apenas duas das nove unidades sendo classificadas como média vulnerabilidade, e o restante como baixa.
Diferentemente dos postos de saúde, no centro cirúrgico de hospitais do SUS, a falta de medicamento não é algo recorrente, principalmente quando se tratam de locais que fazem atendimentos emergenciais significativos de Samu e Siate. A pandemia do novo coronavírus fez com que um cenário diferente acontecesse nesses locais, e houve falta de, principalmente, analgésicos e relaxantes musculares que são fornecidos pela Prefeitura de Curitiba que responde de forma rápida para os hospitais. “Para o hospital é rápido, Se não para o centro cirúrgico e como atendemos SAMU e Siate o negócio é crítico”, declara a enfermeira Elia Machado.
A assessoria da Secretaria Municipal de Saúde declara que a política de distribuição de medicamentos é a mesma para todas as unidades de saúde de Curitiba, declaram não poder ter falta em uma determinada região e em outra não.