Área calma reduz acidentes com óbitos na região central da cidade

por Ex-alunos
Área calma reduz acidentes com óbitos na região central da cidade

A iniciativa faz parte do projeto Vida no trânsito e completa três anos em 2018

Por Fernanda Xavier

No dia 11 de novembro de 2015, a Prefeitura de Curitiba colocou em prática a área calma, trecho na região central da cidade onde a velocidade máxima passou a ser 40 km/h, com o intuito de reduzir o número de acidentes. A atividade que vai completar três anos, apresenta resultados motivadores para os agentes de trânsito.

Desde 2010, a Prefeitura começou a fazer parte do projeto Vida no Trânsito, que visa a diminuição do número de acidentes nas cidades participantes da iniciativa. A meta é chegar a uma redução de 50% até o ano de 2020. Para realizar o projeto, a Prefeitura fez pesquisas, as quais apresentaram um alto percentual de acidentes na região central da cidade. Com isso, a área calma foi implantada na região.

Depois da concretização do projeto, percebeu-se uma grande redução de acidentes com vítimas (óbito) na área implantada. Os dados, que foram divulgados pelo Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), mostram que no ano de 2016 ocorreram 21 mortes em acidentes atendidos no local, e, um ano depois 15 mortes, totalizando uma redução de 28,6%.

O agente da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) Cristian Charles Silva, defende o projeto, e explica como ocorre essa eficácia: “com a velocidade reduzida, o nível de reação do condutor aumenta, ele consegue acionar o freio mais rápido. Quando se está a uma velocidade de 60 km/h, até o condutor reagir e acionar o freio, o carro é arrastado a uma distância, podendo causar uma colisão”. Silva complementa dizendo que outras regiões da cidade, com índices altos de tráfegos, deveriam ter a área calma implantada, como exemplo cita os arredores de terminais de ônibus, e mais especificamente a Avenida Erasto Gaertner, no Bacacheri, na região onde há concentração de comércio.

Quando se trata de autuações por excesso de velocidade no trecho, a redução também ocorreu. Analisando informações fornecidas pela Setran, o mês de dezembro de 2015 e o mês de dezembro de 2017, apresentaram uma redução de 37,60%. Nos últimos três anos foram totalizadas 766.795 multas.

Apesar da redução, muitos motoristas se posicionam contra o projeto. Um exemplo é o teólogo e pastor Edson Tedesco, que ficou sabendo sobre o limite de 40km/h no centro da cidade, após levar uma multa na via: “eu não concordo de forma alguma. Para mim, essa imposição de velocidade mais atrapalha do que ajuda. Eu sou a favor do limite de velocidade, mas 40km/h é muito pouco, confesso que dá vontade de ir a pé, ou pegar uma bicicleta, vai mais rápido”. A opinião de Tedesco é que só se pensa nos pedestres, e que quem é imprudente será de qualquer forma, independente do limite de velocidade aplicada.

A respeito da autuação contínua no trecho, o agente Silva explica o motivo: “os motoristas sabem que a fiscalização de radares acontece nas esquinas, por isso quando chega no cruzamento reduzem a velocidade para não serem pegos. Mas, muitas vezes se distraem achando que já passou e acabam levando multa”.

Analisando a partir do ponto de vista da mobilidade urbana, o professor de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Juliano Geraldi diz que este projeto apenas fez o que a lei nacional estipula: “o Código Brasileiro de Trânsito em seu artigo 61 determina que vias locais e coletoras não sinalizadas possuam velocidades máximas de 30 e 40 km/h”.

Para finalizar, o agente Silva alerta sobre a conscientização, para que a convivência no trânsito seja harmoniosa.

Aplicativos de trânsito e seu lado negativo

No ano de 2014, uma pesquisa publicada pela Revista Veja, revelou que o Brasil é o segundo país com mais usuários do aplicativo de geolocalização, Waze.

O aplicativo é famoso por ser como uma rede social, em que os motoristas podem interagir com outros usuários, passando dicas e informações sobre o trânsito de sua cidade. Esse utilitário mostra rotas alternativas e mais rápidas em dias de grande congestionamento, além de avisar o motorista a respeito do limite de velocidade e a localização de radares.

A estudante curitibana, Ana Julia Viganó, mudou-se recentemente para a cidade de São Paulo, e diz que o aplicativo facilita muito seus trajetos: “como não conheço muito a cidade, quando saio de carro uso o Waze. Ele mostra o trânsito em tempo real e dá as direções por voz, assim não preciso olhar o mapa”.

Porém, o aplicativo tem seu lado negativo, segundo o agente da Secretaria Municipal de Trânsito Cristian Charles Silva. Para ele, os únicos que acabam percebendo isso são os agentes de trânsito, já que aplicativos como o Waze tentam burlar o sistema de vigilância: “o objetivo das fiscalizações é identificar o infrator, e esses aplicativos fazem com que esse suposto infrator saiba onde esses procedimentos ocorrem. Infrator não é bandido, ele somente descumpriu a lei e terá uma penalidade”.

Contudo, o agente complementa que muitos não estão nas ruas com boas intenções, e que esses aplicativos acabam ajudando para que não sejam identificados.

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