Apesar de avanços, Curitiba ainda enfrenta problemas de mobilidade

Para tentar garantir uma locomoção mais segura, prefeitura instalou, em 29 cruzamentos da cidade, semáforos sonoros para deficientes visuais
Por André Blatt, Lucas Azevedo, Felipe Cubas e Tobias Dietterle | Foto: Banco de imagens da Prefeitura de Curitiba
A prefeitura de Curitiba instalou novos semáforos sonoros na capital. Isso permitirá que pessoas com deficiência visual recebam um aviso sonoro alertando que o sinal está liberado para a travessia. No entanto, a grande maioria desses equipamentos está localizada na região central de Curitiba. Eles contam com sensores e botões que, ao serem acionados, emitem um som característico para avisar sobre a travessia para pedestres.
Atravessar uma rua movimentada costuma ser um desafio para pessoas com dificuldades de locomoção e deficientes visuais. Por isso, a Prefeitura de Curitiba instalou, em 29 cruzamentos da cidade, semáforos sonoros para proporcionar mais segurança a esses grupos. Eles estão concentrados principalmente na região central da cidade, onde há uma circulação maior de pessoas. Agora, o Sistema Nacional de Trânsito (Setran) está expandindo esse serviço para outros bairros.
Para Enio Rodrigues da Rosa, que é cego e integrante do Instituto de Cegos de Curitiba, a cidade não é tão inclusiva quanto parece. “Está muito distante de ser uma cidade adequada para atender a necessidade de pessoas cegas, começando por calçadas, que são muito ruins, há buracos e entulhos, gente que tira lixo e joga no meio da calçada, comerciante que invade a calçada pra botar mesa para vender cerveja.”
Cadeirantes
Embora Curitiba seja uma referência em funcionamento do transporte público, não se pode falar o mesmo quando se trata do tratamento com cadeirantes.. A questão de infraestrutura na área ainda carece de investimentos e melhorias. Este problema tem acarretado em insatisfações para usuários dos serviços públicos.
Ruas esburacadas, rampas destruídas ou inacabadas e até mesmo calçadas sem espaço são exemplos de problemas enfrentados diariamente por quem depende de cadeiras de rodas para conseguir se locomover em Curitiba. Irisni Raichertt, de 60 anos, é cadeirante e sofre com a mobilidade na cidade. “Deveria ter [rampas] em todos os lugares. Tem lugares que não são acessíveis para cadeirantes, mas sempre fui respeitada. Muitas vezes ao atravessar os carros param para mim e deixam eu passar”
Isso faz com que cadeirantes e cegos precisem de ajuda de outras pessoas para conseguir sua mobilidade. Isso torna a locomoção mais demorada. O problema é somado também a falta de empatia da população com essas pessoas, que não buscam ajudar.
Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, comenta como pode melhorar a ajuda para essas pessoas. “Para combater o preconceito e promover uma sociedade mais inclusiva é necessário educar a população para a inclusão de pessoas com deficiência.”
No Instituto Paranaense de Cegos, Rosa concorda que é necessário uma educação de trânsito para que as pessoas possam contribuir e perceber as situações ao seu redor para que assim possam ajudar essas pessoas, o que pode agregar até mais que o semáforo sonoro em si, por exemplo.
Uma pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva mostrou que 79% dos entrevistados comentaram que já perderam ou se atrasaram para algum compromisso pela falta de acessibilidade no trajeto que percorrem.
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