Acesso ao esporte transforma a vida de jovens atletas nas cidades da RMC

Cerca de 86% da região metropolitana de Curitiba tem espaços públicos direcionados à prática do esporte graças a leis de incentivo
Por Lara de Oliveira, Emilly Kauana Alves e Mariana Uniati | Fotos: Emilly Kauana Alves
As políticas públicas de incentivo ao esporte têm ajudado a transformar a vida de atletas adolescentes de Curitiba e Região Metropolitana. Só na edição de 2023 dos Jogos Escolares, foram mais de 113 mil participantes de 396 municípios do estado. Outras políticas se destacam e atraem um grande público como: a Geração esportiva Olímpica/ Paralímpica, Pró Esporte e o programa de Aulas Especializadas de Treinamento Esportivo (AETE).
Comandadas pelas técnicas Nicolly Batista e Daniely Quadros, ou Dani, como gosta de ser chamada, as meninas que participam do projeto “Colombo Futsal Feminino” marcam sempre presença nos Jogos Escolares. O projeto, iniciado em 2010, é uma parceria da Prefeitura Municipal de Colombo com o Colégio Estadual do Paraná, uma das instituições públicas mais fortes, se tratando do incentivo ao esporte.
A professora conta que a parceria ocorreu de uma forma inesperada, mas que deu incrivelmente certo. Existem até mesmo atletas que passaram pelo time e hoje constroem sua carreira em outros países. Em 2023, o time Colombo/CEP reafirmou sua posição de destaque no cenário esportivo ao conquistar o bicampeonato na Fase Estadual dos Jogos da Juventude do Paraná. Além disso, o time teve a honra de representar o Brasil no Desafio Internacional de Futebol de Salão Clássico, realizado na Argentina.

As atletas Nayara Santos e Thaissa Menon, em treino válido para o Campeonato Paranaense Feminino Adulto contra o Uniguairacá/Guarapuava
O acúmulo de troféus é a consequência do esforço dessas meninas. Algumas percorrem três horas de ônibus diariamente para treinar, abdicam de festas e de momentos com a família. Todo o esforço é recompensado quando alcançam novas experiências e conquistam novas vitórias, muitas delas, por exemplo, andaram de avião ou foram em uma churrascaria pela primeira vez graças ao time. O projeto é a abertura de novas portas e incentivo não apenas ao esporte, mas também aos estudos, já que o desempenho e a permanência em instituições de ensino são requisitos inegociáveis para a participação no time. “O que é diferente dos outros lugares? A entrega, tanto da comissão técnica, mas principalmente por parte das meninas”, afirma Dani.
Em conversa com Márcia Tomadon, Coordenadora dos Jogos Escolares e chefe da delegação paranaense, foi lembrado que o Paraná vem há cerca de dez anos buscando as primeiras colocações nas competições organizadas pelo Comitê Olímpico do Brasil e Confederação Brasileira de Desporto Escolar.
“A responsabilidade aumenta a cada ano, pois buscamos oferecer eventos cada vez com mais excelência para nossos atletas”
A coordenadora faz destaque sobre Bárbara Domingos, curitibana de apenas 24 anos que está classificada para competir nas olimpíadas de Paris defendendo o Brasil pela ginástica rítmica. A atleta participou por seis anos dos Jogos Escolares e chegou a defender o Paraná nas etapas nacionais.
Apesar disso, dados apurados pela Gestão do Esporte e Municípios (GEEM) apontam que, cerca de 13% dos municípios da região metropolitana de Curitiba não possuem relatórios sobre estrutura de espaços públicos destinados à prática do esporte. Metade dessa porcentagem alega ter projetos de elaboração para a implementação desses lugares. Porém, a outra metade alega que não existe a obrigação da inserção de tais espaços públicos e por isso não possuem, até o momento, planos de providenciá-los.
A importância de incluir esses jovens
Escolas bem equipadas são significado de oportunidade de crescimento, assim como o apoio e incentivo de pais e mestres. Bernardo Cresqui atualmente tem 19 anos e é a prova disso. Ele relata como o suporte dado por seus pais e técnicos ao longo dos anos fez toda a diferença em sua trajetória. Bernardo começou em programas públicos como o Vôlei em Rede e Associação de Voleibol do Paraná (AVP). Pelo talento e destaque, jogou pelo time do Colégio Estadual do Paraná. Graças a oportunidade de acesso ao esporte, Bernardo já foi indicado duas vezes aos testes da Confederação Brasileira de Vôlei e, mesmo recebendo duas propostas diferentes, atualmente joga em Minas Gerais pela equipe Uberlândia Vôlei/Praia Clube.
Atualmente o time tem parceria e patrocínio de uma das universidades onde ocorre troca de bolsas estudantis para que os garotos joguem pela instituição nos campeonatos. Após ganhar uma bolsa para cursar fisioterapia, divide seus dias entre o esporte e a faculdade. “A disciplina que os meus pais e técnicos me deram é uma coisa incrível que não é qualquer um que consegue”.