Acervo de Vladimir Kozák é reconhecido como memória mundial

por Ex-alunos
Acervo de Vladimir Kozák é reconhecido como memória mundial

Dia do Índio é também aniversário do único responsável pelo registro dos Xetá

Por Gabriela Fontana

Em janeiro deste ano completaram-se 40 anos da morte do pesquisador que retratou a tribo Xetá. O etnógrafo e documentarista, Vladimir Kozák, foi o responsável por documentar esta e outras 16 tribos indígenas brasileiras, entre os anos de 1948 e 1978, segundo a mestre em Antropologia Social responsável pelo setor de Antropologia do Museu Paranaense, Maria Fernanda Maranhão. Ela conta que a “Coleção Vladimir Kozák: acervo iconográfico, filmográfico e textual de povos indígenas brasileiros”, foi reconhecida como patrimônio documental da humanidade em 2017.

“Nós passamos a integrar um programa chamado Memória Mundo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) por causa da coleção de Kozák. Nós participamos de um edital e esse acervo foi selecionado e reconhecido como importante para a memória do Brasil”, explica a antropóloga.

Kozák nasceu em 19 de abril de 1897, na cidade de Bystice pod Hostýnem, situada na atual República Tcheca, a data é também comemoração do Dia do Índio. A antropóloga conta que ele veio para o Brasil em 1924, e no final da década de 30 se estabeleceu em Curitiba. Em 1947, Kozák começou a colaborar voluntariamente com o Museu Paranaense e acompanhou o então diretor do museu, professor Loureiro Fernandes em algumas pesquisas. Ele produziu ainda, algumas filmagens para o Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que estão hoje no Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da UFPR.

Na época em que Kozák conheceu a tribo Xetá, o oeste do estado do Paraná, região em que a tribo se localizava, estava sendo ocupada, relata a responsável pelo setor de Antropologia do museu. “Os Xetá foram transferidos para a terra indígena Guarapuava, e ele continuou os visitando. Outros fotógrafos e cineastas também fizeram (registros) destes outros povos, mas dos Xetá só o Kozák fez”.

Quando Kozák faleceu em janeiro 1979, o diretor do museu entrou na justiça pela coleção de 44 mil itens guardados na casa do etnógrafo, que hoje é um centro cultural, explica Maria. “Nós não teríamos o acervo desses povos se não tivesse sido pedido para nós depois que ele morreu”, conclui.

Para o Doutor em Sociologia e Antropologia, Cauê Krüger, foram os estudos de sociedades “diferentes e afastadas”, que levou o ser humano a perceber a diversidade cultural. “É por meio desse empreendimento epistemológico que é também possível ter outro olhar, comparativamente, sobre ‘nós mesmos’ e sobre ‘nossa sociedade’”, afirma Krüger sobre a importância da Antropologia.

Em comemoração à data de aniversário de Kozák, o Centro Cultural Casa Kozák, residência do pesquisador no bairro Uberaba, trará atividades de contação de histórias tchecas e roda de leitura com contos do escritor tcheco, Franz Kafka. O analista administrativo do centro cultural, Carlos Vinicius, explica que as propostas são parceria com a cônsul-Geral da República Tcheca, Pavla Havrlíková, que tem interesse em associar o nome de Kozák como representante da cultura Tcheca em Curitiba.

Em fevereiro deste ano, o Consulado-Geral da República Tcheca apresentou a exposição “Índios do Brasil – a poesia das imagens de Vladimir Kozák”, na Escola Municipal Indígena General Rondon, no Mato Grosso do Sul. A mostra foi organizada pelo Museu Paranaense.

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