Crítica: Memorabília é uma catarse de saudosismo

Cinema universitário é carregado de emoção e técnica. Memorabília é o destaque de mostra universitária da PUCPR.
Por Carolina Senff |Foto: Imagens do curta Memorabília
Sutil e Profundo. Essas duas palavras são as melhores que encontrei para resumir a delicadeza de Memorabília, um curta-metragem que facilmente te deixará com saudosismo de viver.
O roteiro parte da premissa da relação entre dois irmãos que se desgasta ao passar do tempo devido o Alzheimer de um dos integrantes dessa dupla que conduz o telespectador através de memórias. O título do filme é o convite perfeito para mergulhar na jornada, se perder nela e se esquecer do seu arredor para poder assim se emocionar. Memorabília; substantivo masculino plural; Objetos, momentos dignos de serem lembrados ou aqueles que estão guardados na memória.
O roteiro é sólido, intrigante, foge dos clichês de cinema quando pensamos em Alzheimer. Inegavelmente é nítida a segurança e coragem do diretor Lucas Brasil ao conduzir sua equipe no período de produção. O filme transborda criatividade. A inteligência do início do filme alegra a plateia. Usar da metalinguagem do cinema no próprio cinema não é nenhuma novidade, mas é divertido ver uma premiação ser o início de uma série de memórias esquecidas. Além disso, o curta celebra com uma espécie de menções honrosas curtas universitário e independentes.
O que torna Memorabilia belo é o desempenho técnico. A fotografia do filme almeja o extraordinário e atinge o impecável. Para aqueles que conhecem o, até o momento, curto trabalho do diretor de fotografia Cauê Machado se prepare para se deparar com mais uma obra de arte do fotógrafo. Para os que ainda não conhecem, é uma surpresa empolgante e agradável. A combinação precisa de iluminação, movimentação e enquadramento determinam o tom e ritmo do curta, além de dizer muito mais do que as palavras proferidas ao longo dos oito minutos.

Ator e Diretor Lucas Brasil em cena do curta Memorabília
Cinéfilos de carteirinha que assim como eu adoram ver os detalhes do filme, prestem atenção nos elementos dos cenários. A diretora de arte Julia Schwarzer se apega a “lei” do cinema de mostrar ao em vez de falar e brinca com as me
mórias do personagem principal dentro do cenário. João Drasfeld é feliz na captação de som, mas a trilha sonora se sobressai e ganha os holofotes.
A atriz Raphaella Gasparello ao lado do diretor e ator Lucas Brasil invadem seu coração sem pedir licença e te cativam. As atuações dão poder a história. O que coroa Memorabília é sua montagem e edição. A pós-produção foi o casamento perfeito de um conjunto de funções bem executadas pela equipe.
Confesso que não esperava algo como Memorabília quando me sentei na Arena Digital FTD para assistir uma mostra de filmes universitários. Quando os créditos apareceram eu estava vivendo um momento de pura catarse. Fazia um tempo que não ficava arrepiada ao assistir um filme.
Para assistir ao filme acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=mQw0XJirGl8