Cães treinados em Curitiba ajudam Bombeiros em resgates no Rio Grande do Sul

por Letícia de Castro Nogueira
Cães treinados em Curitiba ajudam Bombeiros em resgates no Rio Grande do Sul

Bombeiros e cães que atuam em operações de resgate passam por treinamento intensivo antes de serem colocados em serviço

Por Beatriz Stempinhaki, Gabriela Amorim e Letícia Nogueira | Foto: CBMPR

Cães treinados pelo Corpo de Bombeiros de Curitiba ajudaram os soldados da corporação a resgatar vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, nas últimas semanas.  Os binômios, nome dado a uma dupla composta por um bombeiro e um cão de resgate, passam por treinamentos específicos para desenvolver técnicas e habilidades especiais para atuar no Grupo de Operações de Socorro Tático (GOST) do Paraná.

A colaboração dos cães de resgate e dos bombeiros é crucial nas operações de busca por pessoas desaparecidas. Com a habilidade de farejo e determinação, esses cães auxiliam as equipes de resgate a localizarem pessoas em áreas de difícil acesso, oferecendo esperança às vítimas e famílias.

O militar Cristiano Rodrigues, que faz parte do Corpo de bombeiros de Curitiba, ressalta o êxito da atuação desses binômios no desastre ocorrido no RS. “Esses cães são uma ótima parceria e passam por treinamentos desde filhotes. Tiveram momentos difíceis, mas sempre lembravam do treinamento e, mesmo com tudo tomado de água, conseguiram fazer um bom trabalho”.

O treinamento fornecido aos cães de resgate é intensivo, desde a seleção desses animais. A busca é por cachorros curiosos, observadores, com disposição e habilidades naturais para farejar. Em seguida, os bichos passam por uma série de exercícios de obediência e socialização, para garantir que possam trabalhar em ambientes estressantes e em equipe.

Os bombeiros treinam os cães para reconhecerem o cheiro específico de pessoas em situações de desastre. Além disso, são treinados para seguirem comandos verbais e gestuais dos bombeiros durante as operações. “Os cães de resgate são tratados como profissionais, eles geralmente gostam de atuar nos resgates e todas as vezes que conseguem cumprir as tarefas, ganham um agrado”, explica a médica veterinária Clarice Furtado.

Devido ao grande porte e agilidade, os Labradores Retriever e Bloodhound são as raças mais comuns nos setores de treinamento, afirma a doutora.

Treinamento pode durar dois anos

O militar Agenor Bento da Silva trabalha no Grupo de Operações com Cães e nos conta um pouco mais sobre a atuação dos cães de resgate: “Dependendo do serviço que irá exercer o cão, a metodologia de treinamento diferencia. Durante a seleção, é necessário minimizar o erro, pois o processo de adestramento é longo, podendo chegar a dois anos. O cão pode ser especialista em um determinado emprego ou pode desempenhar duas especializações.”

O bombeiro que formará dupla com o cão também passa por cursos para chegar ao cargo de adestrador. É utilizada a metodologia do condicionamento clássico e operante (Skinner e Pavlov), que consiste em aprender sobre como o cão aprende, explica Agenor.

Os cães permanecem em atuação durante oito anos, podendo chegar a dez, a depender de sua disposição e condição de saúde. Agenor complementa: “Após o período de serviço, o manipulador que estiver com o cachorro há mais tempo terá a preferência de adotá-lo. O animal não poderá ser utilizado para reprodução ou qualquer atividade que traga trabalho a ele, de forma a garantir seu bem-estar e descanso”.

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