Ciclistas defendem que o risco da canaleta é menor que os das ruas

por Arthur Froes
Ciclistas defendem que o risco da canaleta é menor que os das ruas

A fim de evitar estresse e acidentes com carros, ciclistas optam por andar nas linhas dos ônibus, alguns por considerar mais seguros.

Por Arthur Froes | foto: Arthur Froes

Curitiba é a segunda capital com mais mortes de ciclistas, atrás apenas de Goiânia. Por conforto ou tentar prevenir acidentes com carros, diversos ciclistas preferem andar nas faixas de ônibus, tendo uma média de 16 acidentes envolvendo ciclistas por ano, segundo o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran).

Comparativamente, a cidade teve 431 ocorrências entre 1996 e 2022, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Só em janeiro de 2024 foram registrados 61 acidentes, segundo um levantamento realizado pela CBN Curitiba com dados do Corpo de Bombeiros.

A principal reclamação dos ciclistas é sobre como muitas ciclovias estão em péssimo estado e algumas ciclofaixas são consideradas apertadas demais para circulação de uma bicicleta e carro ao mesmo tempo, considerando o artigo 201 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que prevê uma distância de no mínimo 1,5 m do carro do ciclista.

A permanência nas calçadas também não é permitido segundo o artigo 68 do CTB, onde obriga os ciclistas a desmontar da bicicleta e seguir como pedestres nas calçadas, assim deixando apenas a opção de andar na rua juntamente com os carros.

Ciclo faixa compartilhada Republica compartilhada, foto: Arthur Froes

Kauã Einfeld, estudante de psicologia da Unicesumar, vai de bicicleta para faculdade e considera a canaleta um lugar mais seguro.

“Eu prefiro a canaleta, já que me parece mais fácil e seguro andar do que na rua. Ainda mais nos horários que eu ia e voltava, não tinha tantos ônibus nesses horários.”

O estudante reclama das ciclovias “Apesar de certa parte do meu trajeto ter também a ciclovia ela está em péssimo estado, com árvores entrando no meio da ciclovia, tenho que prestar atenção nesses outros fatores e acabo perdendo muito embalo, o que não acontece na canaleta”

Mesmo tendo a preferência de muitos ciclistas, o Detran condena a utilização das bicicletas nas canaletas. A cidade tem um Plano Cicloviário feito pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) com a Superintendência de Trânsito (Setran). Atualmente, a capital conta com mais de 200 quilômetros de ciclovias, o que seria motivo para os ciclistas pararem de andar nos lugares não apropriados como canaletas e calçadas. A Secretaria Municipal da Defesa Social e Trânsito reforça que a circulação de bicicletas nas canaletas é proibida.

Em março deste ano foi registrado um acidente entre um ciclista e um biarticulado na canaleta da Linha Verde, no bairro Cristo Rei, onde o motorista não conseguiu desviar do ciclista que vinha na contramão. O rapaz teve ferimentos graves e saiu intubado do local.

Outro caso comum são dos ciclistas que pegam “rabeira”, onde por lei também é proibido. No final de março um ciclista que pegava rabeira no ônibus linha 303 Centenário/Campo Comprido, acabou se desequilibrando e acabou sendo prensado entre o veículo e o chão sofrendo de traumatismo craniano.

Cauã Victor, estudante do ensino médio, aponta o sentimento de medo ao andar nas faixas de ônibus.

“Eu tenho receio de andar nas canaletas, por quase todo mês tem notícia de pessoas se acidentando nesses lugares, além disso é bem melhor ser acertado por um carro do que por um ônibus, considerando que é bem mais difícil de um ônibus frear dar aquelas paradas bruscas, o motorista tem que priorizar os passageiros”.

O estudante comenta que o caminho que faz até o colégio não é dos melhores para um ciclista.
“Não tem ciclovia e tem algumas ruas apertadas. Os carros não respeitam os ciclistas parece, e andar na calçada também não pode por causa dos pedestres”.

Na busca de tentar conscientizar a população a prefeitura colocou diversas placas de sinalização advertindo sobre a proibição de bicicletas na canaleta e nos calçadões, além de diversos eventos e palestras advertindo dos perigos da canaleta, porém nada surtiu efeito por enquanto.

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