Alta no número de assaltos preocupa motoristas de aplicativos em Curitiba

por Marcelo Xavier
Alta no número de assaltos preocupa motoristas de aplicativos em Curitiba

Aumento de 3,7% no número de furtos e roubos a veículos levanta preocupações sobre a segurança dos motoristas de aplicativo

Por: Hiago Machado, Marcelo Xavier e Murilo Wiczick | Fotos: Murilo Wiczick

Curitiba tem enfrentado um desafio crescente com a segurança dos motoristas de aplicativos. No último ano, a capital paranaense registrou uma média de mais de dez furtos de carro por dia. O número de assaltos causa preocupação e medo entre aqueles que dependem dessa atividade para sua renda.

O relatório estatístico criminal de 2023 da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Paraná (SESP) aponta que, durante todo o ano, a cidade registrou 3.748 furtos e 567 roubos. O alto número de casos tem colocado em debate a segurança dos motoristas de aplicativos, que sofrem com os riscos da profissão. Em Curitiba, relatos de motoristas que foram vítimas de assaltos, sequestros-relâmpago e até mesmo homicídios tornaram-se frequentes nos noticiários.

“É um momento de pânico e desespero”, relata Marcos Oliveira, motorista de aplicativo, ao recordar o assalto que sofreu durante uma corrida noturna no bairro CIC – Cidade Industrial de Curitiba. Ele compartilha que, sob ameaças, teve seu veículo e pertences levados por dois indivíduos armados. Desde então, Marcos tem evitado trabalhar em áreas consideradas de risco e mantém contato com colegas para garantir sua segurança.

Apesar das medidas de segurança implementadas pelas empresas de aplicativos, como botões de pânico e sistemas de compartilhamento de localização em tempo real, a vulnerabilidade a esses profissionais ainda se faz presente, especialmente durante corridas noturnas ou em áreas consideradas de maior risco.

“Confesso que, diante dos riscos que enfrentei e da fragilidade da profissão, não me sinto seguro trabalhando como motorista de aplicativo em certas situações”, revela Marcos. “Mesmo com os esforços das empresas, os perigos que enfrentamos diariamente ainda são uma fonte constante de preocupação”, acrescenta ele.

Por outro lado, Nixon José, que também é motorista de aplicativo, destaca a eficácia das medidas de segurança implementadas pelos aplicativos: “A verdade é que a segurança com o aplicativo agora é muito boa, porque o aplicativo faz uma avaliação do passageiro muito eficaz”. Em sua experiência, ele ressalta que o sistema de pagamento direto na conta, sem a necessidade de lidar com dinheiro em espécie, contribui para sua sensação de segurança durante as corridas.

Embora muitos relatos de incidentes tenham surgido entre os motoristas de aplicativo, Nixon compartilha que, pessoalmente, nunca enfrentou situações de perigo ou ameaça durante seu trabalho. Quanto às medidas preventivas, o motorista adota uma abordagem proativa, preferindo pegar passageiros em zonas do Centro, evitando bairros afastados e pontos escuros, além de estar atento ao aspecto dos passageiros.

Nixon José, é venezuelano e trabalha como motorista de aplicativo em Curitiba

As autoridades locais têm buscado formas de combater essa onda de criminalidade. Iniciativas são notadas na Câmara Municipal de Curitiba, debates e propostas de leis se fazem presentes na busca por garantias na segurança dos profissionais.

Uma das medidas é a elaboração da Frente Parlamentar de Defesa dos Motoristas e Pilotos de Aplicativo de Carona e Entrega, que tem como objetivo atender os interesses e garantir a segurança dos motoristas e pilotos de aplicativo em Curitiba. Rodrigo Reis é vereador e presidente da frente parlamentar. Para ele, dar as devidas condições de trabalho a esses profissionais é obrigação da prefeitura. “Hoje nós temos mais de 27 mil motoristas de aplicativos na cidade. A gente não pode permitir a exploração desses profissionais, é justo que haja a defesa pelos seus direitos”, explica.

A comunidade de motoristas de aplicativos, por sua vez, tem se organizado em grupos de apoio e redes de comunicação para alertar uns aos outros sobre áreas perigosas e compartilhar experiências e dicas de segurança. Um exemplo é o grupo Amigos do Guerra que hoje já conta com mais de 15 mil motoristas cadastrados.

“Meu maior desejo é poder trabalhar com tranquilidade e segurança, sem o constante medo de ser alvo de criminosos”, expressa Marcos Oliveira. Enquanto as discussões sobre soluções de longo prazo continuam, a necessidade de ação imediata é clara para garantir a segurança desses trabalhadores.

 

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