Bazares filantrópicos enfrentam diversos desafios econômicos-financeiro

por Isadora Jacon
Bazares filantrópicos enfrentam diversos desafios econômicos-financeiro

De acordo com a Agência Institucional do Cooperativismo, a Economia Solidária movimenta R$ 12 bilhões ao ano no Brasil

Por: Isadora Jacon | Fotografia: Isadora Jacon

Nos últimos anos, o Brasil foi considerado um dos países mais caros para se comprar roupa no mundo todo. Segundo o Índice Zara, levantamento realizado pelo BTG Pactual, as roupas no Brasil custam 3% a mais do que nos Estados Unidos. Com isso, muitas pessoas têm buscado alternativas mais baratas para compra de vestimentas, uma delas são os bazares filantrópicos.

As iniciativas enfrentam diversos desafios, desde manter a sustentabilidade econômico-financeira até garantir a qualidade das doações recebidas. A missão principal por trás dessas organizações é construir um mundo melhor, justo e acessível através da doação de resultados para entidades.

Segundo os colaboradores do bazar Mãos Unidas, um dos principais problemas enfrentados por eles é a conscientização dos doadores com o intuito que entendam que as peças entregues ao bazar servirão para ajudar as pessoas que precisam. Isso porque, muitas vezes, recebem roupas usadas e não lavadas, rasgadas e mal cuidadas que acabam tendo como destino o lixo para assegurar que apenas itens de qualidade sejam oferecidos aos compradores.

Durante o ano de 2023, o bazar doou 4 cadeiras de rodas, 2 cadeiras de banho, R$1937 em fraldas, R$9323,59 em medicamentos diversos, além das doações que contribuíram para o Hóspice do Hospital Erasto Gaertner. Tudo isso foi arrecadado apenas com o dinheiro das vendas dos bazares realizados ao longo do ano.

Para aumentar seu impacto no futuro, os bazares visam alcançar o equilíbrio econômico-financeiro, permitindo uma retomada dos grandes valores doados em anos anteriores. Além disso, eles enfatizam a importância da sustentabilidade e responsabilidade social, implementando ações ESG, sigla que representa os critérios ambientais, sociais e de governança utilizados pelos investidores para avaliar o desempenho sustentável de uma empresa, promovendo o reaproveitamento/reciclagem de mercadorias.

Gerenciar a oferta e demanda de produtos doados é um desafio constante, segundo a presidente do bazar da Rede Solidária Curitiba, Letícia Moritz. “Muitas vezes, precisamos oferecer peças a preços simbólicos para girar o estoque”

No ano passado, o Paraná realizou a primeira Mostra Paranaense de Economia Solidária. Esse evento contou com 29 empreendimentos sustentáveis. A ideia é que o encontro possa estar presente em outras cidades do estado, segundo a presidente do Conselho Estadual de Economia Solidária, Suelen Glinski. “A ideia é realizar, juntamente com as reuniões descentralizadas do Conselho, feiras de produtos solidários para fomentar esses empreendimentos e fazer a capacitação de gestores municipais“.

Com a criação do conselho em 2022, o projeto era que, em médio prazo, 2 mil empreendedores e 100 mil trabalhadores fossem beneficiados com a iniciativa. Suelen ainda não sabe ao certo se isso chegou a se concretizar.

Os bazares citados nessa reportagem precisam lidar com os gastos necessários para os manter em atividade. No Rede Solidária, os voluntários utilizam a ajuda de uma pessoa encarregada como tesoureiro que fica responsável por tentar minimizar os gastos do bazar. Já no Mãos Unidas, os organizadores precisam pagar aluguel de dois espaços necessários para a realização dos bazares e quem define todos os outros gastos é a pessoa que está à frente da organização.

A escolha dos valores das peças leva em consideração o estado de conservação e uma pesquisa de mercado, sempre visando oferecer preços acessíveis à comunidade. No bazar realizado no dia 16 de Março pela associação Mãos Unidas haviam peças com valor fixo de R$4 para tamanho adulto e R$2 para infantil.

Estratégias como relacionamento de confiança com os doadores e marketing digital através de postagem incentivando as doações são fundamentais para maximizar a arrecadação de peças. Isso ajuda a garantir o sucesso contínuo desses bazares filantrópicos na promoção da solidariedade e sustentabilidade.

 

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