Imigrante japonês formou mais de cem fotógrafos em Curitiba

Masanori Yamasaki trabalha com fotografia em Curitiba desde os anos 60.
Por: Carolina Senff, Isadora Jacon e Caio Stelmatchuk. Fotos: Caio Stelmatchuk e Carolina Senff
Masanori Yamasaki veio ao Brasil em 1963 e, um ano depois, chegou em Curitiba em busca de melhores oportunidades. Conseguiu o emprego de assistente na Foto Okamoto e se apaixonou pelo ramo. Alguns anos depois, seu chefe ficou doente e ele se tornou sócio, assumindo o negócio. Desde então, mais de cem fotógrafos trabalharam com Masanori. Ele se diz orgulhoso de vê-los dando continuidade em suas vidas após os aprendizados em sua loja.
Quando se mudou, Masanori era um jovem de 17 anos que saiu de seu país com sua família devido às consequências da Segunda Guerra Mundial. A promessa de uma vida melhor no Brasil não era realidade e a família enfrentou dificuldades no primeiro ano no país. Apenas quando chegaram em Curitiba e o jovem conseguiu um emprego a família se estabilizou.
Ao longo dos anos, Yamasaki pôde acompanhar o desenvolvimento da fotografia. Quando iniciou no ramo, ainda utilizava a chapa fotográfica. Presenciou o surgimento dos filmes e a popularização da fotografia analógica. Entretanto, quando o digital passou a ganhar força, Masanori e sua esposa tiveram dificuldades para se adaptar.
Na época, os filhos ainda eram estudantes e ajudavam o casal com os sistemas de edição. Além disso, Masanori e Elisa fizeram um curso de informática durante um ano para atender às demandas do mercado. “Tivemos que aprender para não sermos igual a outros fotógrafos antigos que não evoluíram e fecharam as portas”, relatou Yamasaki.
A especialidade do japonês foi a fotografia de eventos. Trabalhou muito com formaturas, casamentos e aniversários. As fotos de estúdio também sempre estiveram presentes em sua carreira. Participou de algumas exposições com fotos mais artísticas, mas apenas porque pediram. Se dependesse dele, não participaria.
Foi na década de 90 que a loja passou a ter o nome Yamasaki Fotografias. Ao longo dos anos de trabalho, o ponto comercial teve que se adaptar às mudanças urbanas ao redor. A modernização do transporte, construções nas redondezas e o fluxo de pessoas são fatores que influenciam as vendas. “Para tocar tem que se esforçar, acompanhar a época, a evolução, compreender o que o povo quer” esclarece o empreendedor.
Com tanto tempo de atividade, Masanori também relata épocas em que viveu muita dificuldade. O empreendedor atendia muitos fotógrafos e, durante um período, sofreu diversos golpes. Alguns profissionais não pagavam o que deviam e a loja ficava devendo aos fornecedores e, por isso, não recebia material. “Sofri muito naquela época”, relembra.
Masanori conheceu a esposa, Elisa Satiko Yamasaki, quando era jovem. Eles praticavam a mesma religião – o budismo – e acabaram virando bons amigos. Depois de um tempo, Elisa passou a trabalhar com o fotógrafo. Assim que casaram, tiveram filhos e a senhora Yamasaki passava bastante tempo em casa cuidando das crianças. Ao longo dos anos a esposa foi um grande apoio a Masanori. Ela sempre confrontou a timidez do marido a fim de valorizar o trabalho dele. Foi Elisa quem correu atrás de toda a documentação para Masanori ser nomeado cidadão honorário de Curitiba, já que quando a proposta foi feita ele a recusou, pois acredita que não fez tanto pela cidade para receber tamanha honra.

O casal Masanori e Elisa Yamasaki.
“Ele era assim mais novo, trabalhava muito, era dedicado. Ele é tímido, não sabe reconhecer o valor que tem.” Relembra Elisa ao mostrar uma foto do marido jovem em frente a loja posando com o fusca de seu “patrão”.

Masanori Yamaski em frente à loja “Foto Okamoto” nos anos 70.
Diferente de muitos fotógrafos, para Masanori Yamasaki, seu trabalho virou hobbie. A loja de fotografia não é mais apenas um negócio, mas um laço emocional com os proprietários e uma parte deles. O fotógrafo japonês esboça sua alegria ao saber que fez parte de momentos especiais de tantas pessoas ao longo da vida. “Não fiquei milionário, mas fiquei realmente satisfeito”, reflete Masanori ao relembrar sua carreira com saudosismo.
O fotógrafo conta que existem muitos jovens com o desejo de revelar fotos em preto e branco. Apesar de ter parado de fazer isso há muito tempo, voltou a revelar em preto e branco para atender aos pedidos. “Monetariamente não vale a pena, por isso que eu tinha parado. Mas, como muitos jovens tinham interesse, acabei voltando a fazer, porque para eles é novidade olhar o filme em preto e branco”. Segundo ele, faz tudo o que está ao seu alcance pelos jovens. “Vendo os jovens, vemos o futuro do país, então eu ajudo eles no que eu puder.”
Galeria de fotos da história da Foto Yamasaki

Loja da Foto Okamoto na Cândido Lopes, 22.

Senhor Okamoto (no centro) e Masanori Yamasaki (à direita) na Foto Okamoto.

Foto Center Yamasaki na Praça Tiradentes.

Masanori Yamasaki em sua loja.

Interior da loja.