Partidos em Curitiba realizam debates para ampliar candidaturas femininas em 2024

Crescimento de 3,4% de candidatas eleitas nos últimos 10 anos mobiliza partidos a buscarem feitos ainda maiores

Por Marcelo Xavier | Fotos: Marcelo Xavier

À medida que as eleições de 2024 se aproximam em Curitiba, os bastidores políticos fervilham com discussões ligadas à participação feminina. Com a meta estabelecida por lei de que cada partido deve preencher um mínimo de 30% das candidaturas com cada gênero, os líderes políticos enfrentam desafios significativos para tornar essa aspiração uma realidade.

Os dados divulgados durante o seminário “Violência Política de Gênero” no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) lançam luz diante de uma realidade desafiadora. Em um cenário em que a representação política das mulheres ainda é substancialmente inferior à dos homens, há necessidade de medidas concretas para ampliar essa presença.

Na Assembleia Legislativa do Estado, apenas 10 das 54 cadeiras são ocupadas por mulheres. Nos 399 municípios paranaenses, dos 4,6 mil vereadores eleitos em 2020, apenas 579 são do sexo feminino. Na esfera federal, dos 513 parlamentares na Câmara dos Deputados, apenas 91 são mulheres. Esses números ressaltam a necessidade de uma resolução para essas disparidades de gênero no cenário político.

No entanto, nos últimos anos, o Paraná tem testemunhado um aumento significativo na representação política das mulheres, com mais de 158 prefeitas eleitas nas últimas eleições municipais de 2020 e um acréscimo de mais de 400 vereadoras nas Câmaras Municipais. Além disso, a participação delas em cargos de liderança cresceu, passando de 35,7% em 2013 para 39,1% em 2023. Essa tendência é um passo importante em direção a igualdade de gênero e à construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

Diante desse contexto, os partidos políticos estão implementando uma variedade de estratégias para aumentar a participação das mulheres nas eleições municipais de Curitiba. Desde a identificação e recrutamento ativo de potenciais candidatas, até a implementação de políticas internas de promoção da igualdade de gênero.

Entretanto, os desafios persistem. Além das barreiras estruturais e culturais que historicamente têm dificultado a entrada das mulheres na política, a violência política de gênero também se apresenta como um obstáculo significativo. As mulheres que decidem ingressar na área política frequentemente enfrentam obstáculos como assédio, difamação e até mesmo ameaças à sua segurança pessoal.

Caminhos para uma representação mais igualitária

A vereadora Professora Josete (PT), que está em sua 5° legislatura na Câmara Municipal de Curitiba, afirma que esses obstáculos persistem a muito tempo. “Sempre existiu o preconceito, mesmo no movimento sindical que foi onde iniciei. A política ainda é um espaço muito masculino. Havia muitos homens quando iniciei então foi muito difícil para conquistar um cargo de poder mais importante”, afirma a vereadora.

Segundo a parlamentar, as mulheres ainda são minoria na política e existe uma resistência principalmente com as mulheres que desejam debater questões de feminismo e de gênero.

Para superar esses desafios, líderes partidários destacam a importância de uma abordagem multifacetada. Isso inclui a implementação de programas de capacitação e apoio específicos para mulheres candidatas, a criação de redes de apoio e mentorias, e a conscientização sobre a violência política de gênero.

“No PT, temos o projeto ‘Elas por Elas’. Realizamos debates, cursos sobre política, prestação de contas e oratória, visando qualificar candidaturas femininas” afirma a vereadora.

Além disso, ouvir a voz daquelas mulheres que já ocupam espaços importantes na política de Curitiba é fundamental. “Hoje a disputa por voto é muito grande, então elas têm que se organizar e procurar conhecimento máximo, documentos, legislações e regimes internos”, afirma a vereadora. Experiências, desafios e conquistas de mulheres já eleitas podem contribuir com ideias em busca da promoção de uma participação política mais inclusiva e igualitária.

Vereadora Professora Josete discursa dentro da Câmara Municipal de Curitiba