Traços marcantes de Poty Lazzarotto influenciam novos artistas

Multiartista que comemorou centenário em março, inspira com obras espalhadas por Curitiba
Por Beatriz Dias, Eduardo Pascnuki e Giovanna Romanoff | Reprodução de imagem: Beatriz Dias
Napoleon Potyguara Lazzarotto, mais conhecido como Poty Lazzarotto, marcou a história de Curitiba ao produzir diversas obras espalhadas pela cidade. O artista, que completaria 100 anos este ano, se expressava através de diferentes modos artísticos, como desenhos, gravuras, ilustrações, murais e vitrais. Seu trabalho exposto a céu aberto criou uma espécie de galeria de arte ao ar livre que inspira pessoas a manterem vivo o seu legado.
O professor Fernando Antonio Fontoura Bini é pesquisador, crítico de arte e curador. À reportagem, ele afirma que a arte de Poty Lazzarotto tem que ser observada de diferentes pontos de vista, devido aos diversos valores que possui. “A cidade de Curitiba é Poty”, diz Bini, depois de comentar sua admiração pelo artista tanto pela forma como ele tratava e se importava com as pessoas quanto pela sua técnica artística.
Simon Taylor é um ilustrador curitibano e comanda a exposição Meu Amigo Poty, que acontece no Studio R Krieger e comemora o centenário de Poty Lazzarotto. Em entrevista, o profissional revela que nunca conheceu Poty pessoalmente, mas que o nome do evento é uma brincadeira com o fato das obras do artista serem tão familiares para os moradores da capital, que os fazem sentir como se fossem amigos de longa data. “Muitos piás curitibanos cresceram vendo as obras de Poty pelas ruas da cidade”.
A ideia da exposição surgiu no ano passado e foi pensada pelo ateliê em conjunto com Simon. As artes dela têm como cenário diversos pontos da cidade que recebem obras de Poty. Todas têm a presença do artista e de Simon, a representar o impacto de Lazzarotto na cultura curitibana. O material exposto deve fazer parte de um livro baseado no traço não-linear de Poty, que também reunirá aspectos do cartum.
O Studio R Krieger, localizado no Largo da Ordem, é a galeria que mais detém obras de Poty. Na década de 1990, os trabalhos começaram a ser expostos no local e Robson Krieger, filho do então dono do estúdio Ricardo Krieger, virou amigo próximo de Lazzarotto. Robson expressa grande admiração por Poty quando perguntado sobre a influência do artista em Curitiba e diz que faz questão de seguir contando sua história, para eternizar aquele que trouxe arte às ruas da cidade.
Fernando Ferlin, conhecido como Gardpam, é reconhecido internacionalmente por suas obras em grafite. Residente de Colombo, na região metropolitana de Curitiba, ele pintou um mural em homenagem a Poty Lazzarotto no calçadão da Rua XV. O painel ficou pronto no dia em que o artista completaria um século de vida e acompanha as artes dedicadas a Paulo Leminski e Helena Kolody.
Ao ser questionado sobre a influência de Poty em sua arte, Gardpam afirma ser uma grande satisfação poder homenagear o artista em suas obras. “Também morando na grande Curitiba pude conhecer o incrível trabalho do Poty, que é uma grande referência artística para mim e é também uma grande satisfação poder homenageá-lo”.
Um grande diferencial de Lazzarotto é o fato de ele não ter renegado suas raízes curitibanas, mas ter abraçado elas, o que criou um grande senso de comunidade para a população e influencia cada vez mais novos artistas da capital. “Ele influencia tanto os artistas plásticos quanto os designers. Ele cria, praticamente, uma linguagem no design gráfico. Assim, você tem a influência do Poty nas artes plásticas”, afirma Bini.
Outras exibições comemoram o centenário de Poty. No Museu Oscar Niemeyer (MON), ocorre a exposição “Trilhos e Traços – Poty 100 anos”, que reúne 500 obras do artista. Na Caixa Cultural, “Poty Expandido” leva os visitantes a uma imersão tecnológica com o trabalho do desenhista. Já no Museu Municipal de Arte (MuMa), a mostra “Poty de Curitiba, Curitiba de Poty” reúne desenhos e gravuras de Lazzarotto.

Entre cartas e desenhos, obras de Poty são expostas na galeria R. Krieger