Efeitos da pandemia permanecem na saúde mental dos curitibanos

Curitiba está com um dos maiores percentuais do Brasil, relacionado ao diagnóstico de depressão em homens e mulheres maiores de 18 anos
Por Gustavo Magalhães
Segundo a Organização Mundial da Saúde houve um aumento de 25% na prevalência de ansiedade e depressão no primeiro ano da pandemia. Só no Brasil, 9,3% das pessoas sofrem de ansiedade patológica. Segundo a Pesquisa Vigitel 2021, na capital paranaense a porcentagem de mulheres adultas com depressão é de 20,9%. Já os homens adultos curitibanos representam a porcentagem de 10,4%. Esses números são um dos maiores do Brasil, comparado às outras capitais.
O período de isolamento social foi desafiador em muitos aspectos. As pessoas estavam instáveis devido à preocupação com o seu futuro, aos riscos altos da contaminação pelo vírus e pela perda dos seus familiares. Em Curitiba ocorreram 585.193 casos confirmados da Covid-19 e 8.703 óbitos. Essas situações proporcionam um desgaste na saúde mental dos curitibanos, e muitos não buscam tratamento ou não têm conhecimento sobre ajuda psicológica.
A psicóloga Gisele Martins avalia que o seu método de atendimento no pós pandemia teve algumas mudanças. Os atendimentos eram feitos presencialmente antes da pandemia, e passaram a ser online. Todos os pacientes tiveram que se adaptar, mas alguns não conseguiram e pararam a terapia. Após a pandemia ocorreram os retornos presenciais e também a preferência de pessoas que optaram por continuar o tratamento de forma online.
As técnicas usadas presencialmente foram adaptadas. A leitura dos pacientes teve que ser por vídeo e com o passar do tempo eles se acostumaram a se expressar pela câmera. Além disso, a psicóloga comenta sobre os principais motivos que levam as pessoas a buscarem tratamento psicológico. “Uma pessoa busca tratamento psicológico quando não aguenta lidar com certas situações, não conseguindo autoconhecimento, as dores emocionais são muito grandes, precisando ajustar essas dores com a vida que estão levando”.
Gisele afirma que após o fim do tratamento o paciente se sente mais seguro, com um maior autoconhecimento e sabe lidar melhor com as situações e as suas emoções.
A médica Mirella Massolo teve uma experiência diferente durante a pandemia. Ela atuou na linha de frente da Covid-19 e ganhou um certificado da Secretaria da Saúde do Estado do Paraná “pessoas que fizeram diferença na pandemia”. Ela conta que a sua realidade foi bem diferente em relação às outras pessoas durante o período de isolamento social.
A médica teve que sair de casa a todo momento. Ela atuava em uma situação que era desgastante, por ter que descontaminar o uniforme após os atendimentos aos pacientes, e tinha uma energia pesada, pois ela presenciava pessoas no qual sabia que elas não conseguiriam sair daquela situação e vinham a óbito.
Mirella conta que a situação estava bem complicada em relação às lotações das UTI, que as redes hospitalares de Curitiba e das regiões metropolitanas, tiveram que se unir, a comunicação foi integrada, com a finalidade de realocar pacientes de unidades que estavam cheias para unidades que ainda tinham leitos livres.
O trabalho intenso e desgastante da médica foi exigido por 2 anos, até a diminuição da contaminação pelo vírus com a predominância da vacinação em Curitiba.
Ela conta que teve um ensinamento importante sobre o período da pandemia. “A união entre as pessoas fez a diferença durante esse momento complicado da história da nossa cidade”
Além disso, ela disse que uma pessoa com boa condição financeira não consegue comprar uma boa saúde, são hábitos saudáveis que são determinantes na qualidade de vida.
A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba oferece pontos de atendimento através da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) atende adultos, crianças e adolescentes com sofrimento mental. Além disso há também os Ambulatórios de Saúde Mental que dão acompanhamento especializado através de consultas ambulatoriais realizadas por psicólogos e psiquiatras.
Confira áudio da entrevista com a psicóloga Gisele Martins: https://drive.google.com/file/d/1u_R8AWok5VICrnWq-8OztAK8AtGBmNKW/view?usp=share_link