Feiras em Curitiba se preparam para as vendas no inverno

Chegada do frio faz com que os consumidores busquem outras opções de compra, legumes passam a ser mais procurados nessa época do ano
Por Ana Lúcia Sonntag, Isadora Abreu, Maria Fernanda Carvalho e Mariana Aquino | Imagem: Ana Lúcia Sonntag
Com a mudança de estação, produtores rurais começaram a introduzir alimentos da safra de outono e inverno em Curitiba. A cidade conta com 10 tipos de Feiras Livres, que são coordenadas pela Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional. Estas ocorrem em ruas, praças e parques da cidade, em dias e horários pré-definidos.
A mudança no perfil de alimentos surge num período de crescente nas vendas para os feirantes. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, divulgado na primeira quinzena de Abril, a inflação na região de Curitiba desacelerou um pouco em relação a fevereiro, ficando em 1,03%. Quando se analisa a variação dos preços dos alimentos e bebidas, neste período, os consumidores de Curitiba gastaram 6,73% a mais.
Adquirir alimentos da época é uma forma para ajudar na economia doméstica e incrementar a dieta, principalmente o consumo de mercadoria de produção própria, colhidos e vendidos por feirantes locais. O professor de Gastronomia da PUCPR Vavo Krieck enfatiza que alimentos sazonais são mais fáceis de serem encontrados e mais baratos, valorizando a importância das feiras locais para a população.
Além disso, os feirantes têm se preparado para a chegada do inverno através da produção de alimentos com maior demanda. “Nós mesmos produzimos os nossos produtos, em Tijucas do Sul, mas a safra está mais ou menos. Perdemos bastante por causa da chuva. Voltamos a produzir cenoura e brócolis por agora, a couve-flor subiu bastante por conta da chuva”, relatou o feirante Everson Xavier.
O consumo de grãos possui uma tendência maior de aquisição, segundo os feirantes locais. “Os alimentos que mais vendem são feijão, ervilha e lentilha. As vendas aumentam um pouco. Faz uma diferença para a gente no ano. Vejo que as comidas quentes são mais consumidas, então temos uma demanda maior que as outras barracas de frutas e verduras”, relatou Josefer Rafael da Banca de Cereais Família Buiar.
Outro diferencial para as feiras é a produção de comidas típicas da estação, como pinhão, quentão e pamonha. Por isso, há um planejamento por parte dos produtores para as vendas. “A gente já está acostumado com a demanda alta na produção de pamonha nesta época do ano. Contratamos mais funcionários para atender principalmente a partir de junho”, diz Gabriele Souza, 24 anos, feirante.
Alimentos mais procurados
A mudança de estação também interfere na safra dos alimentos e no cenário gastronômico local. O professor Vavo Krieck acrescenta que com a chegada do frio há a necessidade de consumo por alimentos mais ricos em gorduras, mais substanciosos. “Os pratos mais ricos em energia são os mais vendidos, como sopas e caldos, a fim aquecer o nosso corpo”. Para ele, existe a tendência para o consumo de grãos, como feijão e ervilha, além dos tubérculos e raízes, que são os principais alimentos da estação.
De acordo com os consumidores locais, os alimentos provenientes de municípios próximos tendem a apresentar melhor qualidade por conta do transporte e armazenamento. “Compro brócolis, couve, abóbora e abobrinha. Sempre venho à feira Água Verde porque é perto de casa e de boa qualidade. Não vejo uma diferença nos preços dos alimentos. Tem coisa que sobe e desce, mas independe da estação, vejo que as folhas, como alface, aumentam um pouco”, relatou Regina Santana, ceramista.
A nutricionista Stephane Kock afirma que alimentos frescos e da estação são mais nutritivos e benéficos para o organismo. “Nosso corpo precisa de mais imunidade para combater possíveis doenças respiratórias no frio. Alimentos ricos em vitamina C, como a cenoura e vegetais verde-escuro, ajudam no fortalecimento da imunidade, através dos antioxidantes. Sopas e legumes refogados são uma alternativa para o consumo desses alimentos”.