Comunidade Autista sofre com acessibilidade superficial

Por Maria Luiza Baiense e Maria Fernanda Carvalho| Foto: Canva
A Secretaria estadual da Saúde do Paraná disponibilizou em Abril de 2022,
protetores de cintos de segurança para pessoas diagnosticadas com o espectro
autista, com o objetivo de possibilitar uma abordagem diferenciada a essas
pessoas em situações no trânsito, como acidentes. Os protetores foram
disponibilizados para todos aqueles que possuem a Carteira de identificação da
pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
Esse é um exemplo de iniciativa de órgãos governamentais para promover a
acessibilidade a indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), questão
que vem sendo debatida com mais frequência. Muitas dessas propostas de
inclusão têm relação com a sinalização visual do TEA para garantir os direitos
dessas pessoas. Como a inclusão do símbolo do autismo nas vagas especiais,
projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal de Curitiba em fevereiro de 2021.
Apesar de haver investimentos pela parte do Estado nessas estruturas de
inclusão, quem vive esses desafios no dia a dia tem uma perspectiva diferente.
É o caso de um professor de História do Colégio Positivo e pai de um menino
com autismo, Rogério Pereira da Cunha. O professor afirma que o propósito da
iniciativa é válido, porém insuficiente. Elabora, afirmando que crê que o foco deve
ser em certificar que nas academias militares existe algum tipo de treinamento
que vise auxiliar os profissionais da segurança pública a fazerem abordagens
diferenciadas. Desse comentário podemos concluir que apesar de ser um bom
começo, é necessário que essa iniciativa seja mais solidificada e planejada, para
que possa ser considerada como um avanço para a comunidade autista, pelo
próprio público e pelos seus familiares.
Olhando por um ponto de vista de uma profissional da área, é possível
referenciar a Terapeuta ocupacional e Sócio administradora da Interagir, Bruna
Roberta Lessa Schneider. A terapeuta afirma que mesmo em locais que tendem
a ser mais “inclusivos”, como escolas, podem muitas vezes ser ambientes de
gatilhos a estímulos sensoriais que podem levar uma criança a crise. Prossegue
dizendo que muitas vezes, os problemas não surgem das instalações, mas sim
da falta de preparação dos profissionais da educação, em relação a um
tratamento diferenciado para com as crianças. É possível concluir que mesmo
um lugar que é notoriamente reconhecido por se esforçar a alterar suas
instalações, ainda pode falhar na questão de investimento no treinamento
especializado dos profissionais da educação.
Enquanto essas estruturas garantem a comunicação visual para a inclusão,
também é necessário o investimento em ações diretas com os desafios vividos
pelos autistas.