Janela Partidária pende balança política para a direita

por João Américo Harrich Goulart
Janela Partidária pende balança política para a direita

Partidos que mais ganharam deputados federais durante o período foram PL e PP. No Paraná, o ganhador foi o PSD.

Por Felipe Worliczeck e João Américo

A direita saiu vitoriosa do período da Janela Partidária, que ocorreu entre primeiro de março a primeiro de abril. Bolsonaro filiou-se ao Partido Liberal, visto que não obteve sucesso ao criar um novo partido, o Aliança Pelo Brasil. Os partidos que formam a maioria na câmara são chamados de “centrão”. O PL foi o que ganhou mais deputados federais durante a janela partidária, com um aumento de 33 para 78.  Logo atrás estão os Progressistas, que ganharam 14 novos deputados durante o período de troca.

A janela partidária permite a troca de vários políticos em casos que o mandatário representa o partido, não a si mesmo. De Alckmin (PSB) saudando a Internacional Socialista ao crescimento do partido do Presidente Jair Bolsonaro (PL), cuja popularidade caiu durante os últimos anos, muita coisa aconteceu no xadrez político durante a janela partidária.

A esquerda, porém, sai enfraquecida. O Partido dos Trabalhadores (PT) recebeu dois políticos novos, e, mais à esquerda ainda, o partido que se descreve como marxista-leninista, o PCdoB, perdeu um dos poucos deputados que formavam sua bancada na Câmara. 

A lei permite a mudança de partido por parte dos políticos durante trinta dias sem perder o mandato. Para toda regra há uma exceção e os casos que se pode sair de um partido fora da janela são de grave discriminação pessoal, fim ou fusão do partido e desvio da ideologia partidária. 

Durante o período,  na Assembleia Legislativa Paranaense, 62,92% dos deputados mudaram de partido. O que teve maior aumento proporcional durante a troca foi o PSD, com um aumento de 300%. Essa movimentação demonstra apoio à reeleição de Ratinho Júnior, membro da sigla, para reeleição no estado. 

O caso mais divulgado no estado, porém, não foi de um deputado paranaense. Roberto Requião, que já conhecia o ex-presidente Lula de longa data, se juntou ao Partido dos Trabalhadores. 

Filiou-se em um evento em Curitiba, com a participação de Lula e do vereador Renato Freitas. Em discurso, disse que iria “escorraçar a canalhada”.

No entanto, apesar de ser a mudança partidária que teve mais visibilidade na mídia, a troca de partido de Roberto Requião não ocorreu durante o período de janela partidária. O ex-governador, um dos fundadores do MDB, sentiu-se insatisfeito com o rumo ideológico que este tomou. Em agosto de 2021, assinou sua saída, segundo a assessoria de Requião.

O cientista político Tiago Valenciana comenta que o uso da janela partidária é, em sua maioria, ideológico. Trocar de partido por motivos estratégicos, é possível  garantir reeleição com tranquilidade. Valenciano ainda comenta que o eleitor brasileiro enxerga mais o político do que o partido em si. Esse tipo de visão permite com que a troca partidária ocorra sem impedimentos. A mudança ainda autoriza que ocorra a criação de bancadas. 

“Raramente vai ter algum político do PT indo para o PSL. É mais provável que ele vá do PSL  para o PSDB”, comenta.

Anderson Sampaio, eleitor de Luiz Nishimori, político que mudou de partido, demonstra confiança com a mudança do parlamentar. “A janela partidária abre o leque para que os trabalhos possam ser contínuos.” Anderson também acredita que deve ser um papel do partido analisar a saída ou entrada de um político.Janela Partidária pende balança política para a direita

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