Caso Celsinho: “Cenário desanimador”, diz advogado do ex-Londrina sobre processos por injúria racial

por Letícia Xavier Miranda
Caso Celsinho: “Cenário desanimador”, diz advogado do ex-Londrina sobre processos por injúria racial

Eduardo Vargas, advogado do jogador, dá entrevista e descreve processos em que o profissional foi vítima de xingamentos e conta “O Celso ainda está muito abalado”.

Por: Letícia Xavier Miranda

Em entrevista exclusiva para o Portal Comunicare, Eduardo Vargas, advogado de Celsinho, fala sobre os ataques racistas que o ex jogador do Londrina sofreu no ano de 2021. Os crimes aconteceram em três cidades distintas, Brusque, Goiânia e Belém, em três jogos diferentes pelo Campeonato Brasileiro série B. Ele conta que o cenário em que o caso se encontra é desanimador, pois a pena não é justa diante do crime em questão.

– “Na esfera esportiva a punição ainda é muito branda, os agressores na maioria das vezes acham que nada vai acontecer; é necessária que haja uma punição severa, como a retirada de pontos ou até a eliminação do clube. A pessoa xinga e as autoridades apontam a vítima como a pessoa que faz ‘mimimi’. Infelizmente o cenário é desanimador”.

Dos três casos, o mais intrigante aconteceu no dia 28 de agosto de 2021, em um jogo entre Londrina e Brusque pela 21ª rodada do Campeonato Brasileiro; o profissional que atuava pelo clube paranaense relatou ter escutado falas racistas direcionadas a ele de um membro do staff do Brusque durante a partida.

Diante disso, o clube e o próprio jogador não hesitaram em abrir um processo contra esses crimes. Ainda em andamento, de acordo com Eduardo Vargas, atualmente o processo se encontra na esfera civil e criminal, com três ações em aberto, nas três cidades em que os crimes aconteceram.

Dito isso, o doutor prossegue e afirma estar confiante para o final do processo, mesmo a situação não sendo boa no momento:

– “Temos esperanças que esses agressores sejam condenados tanto na esfera civil, para indenizar todo mal praticado contra o meu cliente, tanto na espera criminal para que haja uma punição, estamos trabalhando para que isso se modifique”.

Após o acontecimento em Brusque, a família do atleta se viu muito cansada e abalada com esses ataques contínuos, como traz o advogado:

– “O Celsinho ainda está abalado, essas situações abalaram sua família inteira, ainda mais pela sua repercussão. Ainda teve até um caso emblemático com o seu filho que também possui o cabelo afrodescendente, em que o menino pergunta para o pai se não é melhor ele cortar o cabelo para as ofensas parem, pois não aguenta mais ver sua mãe triste por essas situações. É lamentável.

Celsinho e sua família em 2016. Foto: Samara Miranda/Globo Esporte.

 

Durante os últimos meses, casos de racismo no esporte tem acontecido com muita frequência, principalmente em jogos brasileiros e europeus; o último mais recente, aconteceu em um jogo entre Internacional e Corinthians, no último sábado (14), em que Edenilson, jogador do colorado, afirma ter escutado do lateral-direito do gavião, Rafael Ramos, o termo racista “macaco”.

Entenda o caso

O caso do meia-atacante, Celso Luís Honorato Júnior, mais conhecido como Celsinho, foi um mais discutidos no ano de 2021. A arbitragem constatou no pós-jogo que o ex-jogador do Tubarão, falou que o homem disse a ele a seguinte frase: “vai cortar esse cabelo seu cachopa de abelha”. Além disso, ele já tinha sido alvo de xingamentos racistas em um jogos contra o Remo e Goiás, em julho. Em ambos das partidas, as ofensas vieram de profissionais de rádio durante as gravações dos jogos.

Durante o jogo contra o Brusque ainda tiveram outros xingamentos, porém dessa vez vindos da torcida adversária, como um dos ditos, o termo racista “macaco”.

O advogado do profissional está confiante para que o caso acabe de forma justa e acaba dizendo:

– “A nossa expectativa é que seja erradicada toda e qualquer forma de descriminação; vamos continuar lutando pela igualdade, pois não basta nós não sermos racistas, é preciso ser antirracista”.

 

Autor