Curitiba voltou a registrar número elevado de acidentes de trabalho em 2021

Capital paranaense teve um aumento de 27% de casos notificados em 2021, com relação a 2020

Curitiba foi o quinto município que mais registrou notificações de acidentes de trabalho no país em 2021, segundo dados do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS). Foram registrados, ao todo, 7,9 mil acidentes na capital paranaense, quase 1,7 mil a mais em comparação a 2020. Além disso, 24 desses casos foram notificados com morte do trabalhador, segunda maior marca dos últimos cinco anos.

Ainda de acordo com o INSS, através do serviço de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), o setor econômico com mais notificações foi o de atividades de atendimento hospitalar, com 965. Além disso, o principal agente causador foi a queda do mesmo nível, responsável por 938 dos casos registrados. Por fim, a lesão mais frequente foi a fratura, causada em 1,3 mil trabalhadores no ano passado, e a ocupação mais atingida foi o técnico de enfermagem, com 795 acidentes.

Em 2019, o Paraná chegou a registrar, em média, um acidente de trabalho a cada doze minutos, segundo informações do Anuário Estatístico de Acidente do Trabalho (AEAT), divulgado pela Previdência Social. Porém, em 2020, com o início da pandemia do coronavírus, o Estado havia registrado uma queda de 26% nas ocorrências comparado ao ano anterior. Em 2021, com a volta de boa parte das atividades presenciais, os casos voltaram a subir 27%.

Curiosamente, nesta época do ano acontece o Abril Verde, campanha realizada para promover ações de prevenção, orientação e conscientização sobre acidentes de trabalho. Desenvolvida a partir de uma iniciativa do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Estado do Paraná, a ação está inserida no calendário oficial paranaense.

Especialista

Marcelo Ferreira, engenheiro de segurança do trabalho, afirma que são poucas as empresas que dão as devidas condições para evitar estas situações. Segundo ele, a maioria dos empregadores não fornece um ambiente laboral, bem como treinamentos de orientação para evitar os acidentes e doenças ocupacionais.

Ainda de acordo com o especialista, as empresas são auditadas pelo Ministério do Trabalho, e se não estiverem aplicando o que é contemplado nas Normas Regulamentadoras, poderão sofrer notificação, autuação e até a paralisação do trabalho que estiver oferecendo risco grave e iminente de acidente.

Ele explica como acontece o processo de reintegração de um funcionário acidentado. “Quando o acidente de trabalho ultrapassa os 15 dias de afastamento, deve-se passar pela perícia do INSS, que  verificará se o trabalhador está em condições de trabalho. Se sim, volta a trabalhar imediatamente ou dá-se mais um prazo para reabilitação.”

Exemplo de acidente no trabalho

A bancária Lucilene Rocha sofreu com a síndrome de burnout a partir de 2016 e precisou se afastar do trabalho até abril deste ano, mas ainda mantém o tratamento médico. Ela conta que durante esse período passou por tratamentos intensivos com tentativas gradativas de regresso de dosagem de medicação.

O que a ajudou foi adotar uma série de mudanças após sofrer com esse problema relacionado ao trabalho. ”Procurei ajuda médica, ajuda jurídica e também do sindicato e foram eles que me orientaram sobre o que como eu deveria proceder em relação a documentação e procedimentos, e o tratamento de saúde”.

A bancária completa dizendo que o acidente poderia ter sido evitado pela agência através de apoio psicológico, metas menos abusivas, apoio emocional e menos sobrecarga e cobranças. Além disso, ela conta que os deveres só foram garantidos a ela à medida que ações dos advogados e sindicato foram sendo tomadas.