Estrutura para os ciclistas curitibanos ainda não está adequada

por Ex-alunos
Estrutura para os ciclistas curitibanos ainda não está adequada

Gestão do prefeito Gustavo Fruet está investindo, mas os projetos ainda não alcançam a demanda

Bruna Martins Oliveira

Desde a época de campanhas políticas, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) sustenta em seu discurso como uma das principais propostas de mudança o respeito e o atendimento adequado aos ciclistas. Fruet propôs vários projetos, desde a reforma das ciclovias até passeios ciclísticos e programas de incentivo ao uso deste transporte alternativo como, por exemplo, o movimento “Pedala Curitiba”, que tem por objetivo promover passeios em vários bairros da cidade.

Ciclovias do perigo

De acordo com o urbanista André Turbay, ciclista há 20 anos, apenas alguns trechos da ciclovia de Curitiba são realmente adequados à realidade, o que é um erro grave herdado da gestão anterior e precisa ser corrigido.

“Vivemos em um momento em que a bicicleta é encarada como um transporte alternativo e é vista de uma forma mais séria. Existem alguns trechos de Curitiba que a ciclovia é de verdade, mas em outros nos quais a pista é compartilhada, o ciclista é prejudicado. Ela pode até funcionar, em dias de domingo, mas de segunda à sexta não, é muito perigoso”, aponta.

Turbay ainda fala da falta de segurança que ronda a vida dos ciclistas: “por conta destas ciclovias compartilhadas, existem muitos ciclistas usando mais a via do biarticulado do que a ciclovia”, diz.

Vias compartilhadas delimitam o espaço do ciclista e são inseguras Foto: Bruna Martins

Reforçando a questão das ciclovias, o cicloativista e fundador do movimento “Bike Curitiba”, Eduardo Emmerick, diz que a cidade precisa ter uma infraestrutura adequada para a bicicleta, não só como uma forma de lazer. Emmerick ainda fala sobre a importância de se discutir questões que envolvem o ciclista com os órgãos oficiais e antes disso com a própria população.

“Curitiba possui uma estrutura, mas precisa de adaptações para a bicicleta não só como lazer, mas como meio de transporte. Antes de investimentos do governo, a população precisa se interessar pela causa. Imagine pessoas precisando utilizar a bicicleta diariamente, e um trânsito em que há desrespeito, altos índices de acidentes, uma legislação que não ampara o ciclista totalmente e governantes que não fazem o que têm que fazer. As pessoas precisam se conscientizar e o governo precisa agir”, esclarece.

Quando questionado sobre os projetos que a prefeitura está desenvolvendo, o cicloativista disse que o prefeito está promovendo mais ações, porém, alguns órgãos públicos como a Urbanização de Curitiba S/A (URBS) ainda dificultam as mudanças. “O Fruet fez muito mais que os governos anteriores. Antigamente não se via a bicicleta como se vê agora. Ele abriu espaços para lazer e orientação de ciclistas como a Avenida Cândido de Abreu que é fechada aos finais de semana para o uso da bicicleta. Ele divulga ideias que promovem o respeito ao ciclista. Claro, ele ainda tem muito para cumprir, como a extensão de ciclovias e recuperação das já existentes. Ainda há dificuldades porque outros órgãos públicos como a URBS precisam entrar em acordo com a prefeitura”, opina.

Outra observação feita por ambos os ciclistas é a questão do desrespeito do motorista (seja de carro ou de ônibus) com o ciclista. Ainda não se tem um preparo adequado para lidar com os ciclistas, o que é uma falha e exige readequação das leis de trânsito.

Em alguns horários ciclistas preferem andar perto das canaletas
Foto: Bruna Martins

Ciclistas x Prefeitura

De acordo com Emmerick, os ciclistas não possuem uma forma de comunicação direta com os representantes, mas são representados pela Associação Ciclo Iguaçú, que é organizada por ciclistas que conhecem as dificuldades e os dilemas diários de quem move a vida sob duas rodas. A partir das promessas de campanhas políticas, o grupo acompanha o trabalho dos políticos e cobra de forma efetiva.

O cicloativista ainda completa dizendo: “nós protestamos indo diretamente pra rua. Todas as vezes que o ciclista bota sua bike na rua, ele ali está exigindo uma postura dos governantes. Poderíamos ter um canal de comunicação direto com a prefeitura, mas enquanto não temos, utilizamos a associação”.

A reportagem do Comunicare entrou em contato com a Secretaria Municipal de Esporte Lazer e Juventude (SMELJ), porém ainda não obteve resposta a respeito do andamento dos projetos para este tema.

Aos finais de semana o trânsito é mais tranquilo para pedalar
Foto: Bruna Martins

 

Equipe: Bruna Martins, Caroline Paulart e Gilberto Stori Junior

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