Aos 60 anos, Jornalismo da PUCPR reafirma compromisso com a democracia

Evento de aniversário relembrou resistência contra a ditadura militar e debateu desafios da profissão
Por Eduardo Veiga e Igor Barrankievicz | Foto: Divulgação
A participação de estudantes de Jornalismo da PUCPR na luta pela democracia durante a ditadura militar (1964-1985) foi destaque em evento de comemoração dos 60 anos do curso nesta quarta-feira (27). Professores e ex-professores ressaltaram o papel dos universitários na resistência política, os desafios enfrentados pelos jornalistas atualmente e a necessidade de fortalecer a atividade como pilar de defesa das liberdades. Duas seções de bate papo reuniram representantes dos docentes, estudantes e convidados.
O reitor da PUCPR, Waldemiro Gremski, relembrou manifestações de estudantes de Jornalismo da universidade contra o governo militar, no final da década de 1960, principalmente em frente ao Teatro Guaíra. “As pessoas que vos antecederam lutaram muito. E eis a herança de vocês.” Gremski destacou a necessidade de que a democracia seja preservada.
A professora Celina Alvetti, que trabalha na universidade há 31 anos, diz perceber nos novos estudantes do curso um engajamento político menor na comparação com os das décadas de 60 e 70. Por outro lado, ela destaca uma tendência das gerações atuais em valorizar mais os aspectos acadêmicos na formação do que as primeiras turmas de alunos.
O curso de Jornalismo da PUCPR é o mais antigo do estado. Segundo o jornalista José Carlos Fernandes, que trabalhou na universidade por 15 anos e estava presente na cerimônia, o curso formou turmas de profissionais que tiveram papel marcante na consolidação do jornalismo paranaense. Fernandes lembra que as primeiras mulheres a ocupar espaço diário na rotina das redações saíram dos bancos do Jornalismo da PUCPR. “É o caso da jornalista Vania Mara Welte, que conta, por exemplo, que não havia banheiro para elas nas redações. Antes disso, homens assinavam reportagens e artigos com nome de mulher.”
Coletânea
Como parte da programação em comemoração aos 60 anos do curso de Jornalismo, foram lançados os dois volumes do livro “Olhares Literários – uma antologia”. Os textos que integram as coletâneas foram produzidos por estudantes de Jornalismo. Parte do material também teve a participação de acadêmicos de Letras, na revisão, e de Design, na produção da capa. Para marcar o lançamento, os professores Paulo Camargo, Rosane Nicola e Paulo Zaniol, juntamente com a editora da Pulp Edições, Fernanda Ávila, contaram os bastidores da produção das obras. As estudantes Sofia Magagnin e Bruna Colmann falaram sobre a experiência de desenvolver textos de jornalismo literário para cada uma das coletâneas.
O evento também reuniu os professores que fazem a gestão do curso e da Escola de Belas Artes (EBA). Além de recordarem momentos simbólicos dessa jornada de seis décadas, a decana da EBA, Angela Leitão, e os coordenadores Suyanne Tolentino de Souza e Fábio Feltrin ressaltaram a importância da formação profissional de jornalistas para a sociedade. Eles reafirmaram o compromisso do curso com os princípios norteadores do exercício ético do jornalismo, tanto nos meios tradicionais quanto nos novos meios de comunicação.