Sem Legendas

Novo perfil de telespectadores valoriza a dublagem de filmes e seriados estrangeiros, obrigando os canais por assinatura a se adaptarem
Manuella Niclewicz
Em 1962, o ex-presidente Jânio Quadros determinou que todos os filmes transmitidos na TV aberta deveriam ser dublados. Mas, atualmente, o próprio telespectador brasileiro prefere assistir a seriados e filmes dublados, mesmo quando em canais pagos.
Segundo pesquisas do Instituto Datafolha, 56% do público opta pela versão brasileira do áudio ao assistir um programa estrangeiro.Na opinião do carioca Jorge Vasconcellos, diretor de dublagem de desenhos com “As Meninas Super poderosas” e “Scooby-Doo”, essa tendência cresceu devido ao aumento do poder aquisitivo da classe C, que tem por hábito consumir 90% da sua programação de forma dublada.
“A dublagem, com exceção dos desenhos animados, por se tratar de uma versão ainda é muito marginalizada em algumas regiões do país, mas essa marginalização acontece em função da má informação, até porque a dublagem brasileira é reconhecida como a melhor do mundo.”, declara o diretor.
Por mais que seja tão conceituada no exterior, o polo da produção de dublagem no Brasil ainda é muito pequeno. Devido a localização das produtoras, toda a dublagem de entretenimento é produzida unicamente no eixo Rio-São Paulo.
CURITIBA EM FOCO
O mercado em Curitiba ainda é muito novo, atualmente produz apenas dublagens institucionais e publicitárias. Mas segundo a atriz, dubladora e professora de dublagem, Mônica Placha, existem grandes chances deste mercado crescer e, em breve, agregar também os trabalhos de entretenimento. “O número de dubladores no eixo RJ- SP é bem limitado e se faz necessário um maior número de vozes no país. Por isso distribuidores de renome já procuram a nossa escola para saber sobre as vozes que estamos formando aqui no Paraná”.
Mônica, desde 2008, vem se dedicando ao ensino desta arte na capital paranaense. Já deu aulas em importantes universidades como a UFPR, PUCPR e a UniCuritiba, e hoje possui sua própria escola, a DUBLAGemCURITIBA, que é a única do estado do Paraná.
A escola desenvolveu um método próprio que é o trabalho por etapas, o aluno tem que cursar três módulos para estar realmente pronto para o mercado de trabalho. O advogado Gelson Lima, 51, veio de Cascavel exclusivamente para fazer o curso. O aluno, que já esta cursando o módulo II, veio com o intuito apenas de se divertir, mas não nega: “se surgirem oportunidades por quê não tentar?” comenta, rindo, sobre se profissionalizar no ramo.
A professora já formou aproximadamente 400 alunos, sendo que cerca de 70 estão atuando no mercado de trabalho. “ É um número bem representativo se você pensar que em todo o eixo RJ- SP existem apenas 300 profissionais qualificados na área”, explica.
Equipe: Gabriela Fialho, Gabriela Kuzma, Lara Pessôa e Manuella Niclewicz