CAPS recebem investimentos durante a pandemia

por Giovana Juliatto Bordini
CAPS recebem investimentos durante a pandemia

Apesar do aumento da telemedicina e necessidade de distanciamento social, a demanda pelos serviços ofertados pelos CAPS teve um aumento no último ano

Por Giovana Bordini, Mariana Alves e Mariana Toneti | Foto: Divulgação/ CAPS

A reclusão e uma maior permanência em casa durante o período de isolamento por conta da Covid-19 fez com que os brasileiros buscassem por ajuda psicológica, além de exigir mais investimento destinado a essa área. No último ano, o Ministério da Saúde reforçou o atendimento em saúde mental e ampliou a divulgação dos Centros de Atenção Psicossociais (CAPS), já que, segundo levantamento da Universidade de São Paulo (USP), o Brasil é líder nos casos de depressão e ansiedade no período de quarentena. Em 2021, os CAPS curitibanos mantêm a média de 3354 atendimentos adultos e 693 infantis por mês.

Em outubro de 2020, R$ 65 milhões foram repassados para que o número dos Centros de Atenção Psicossociais, Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), Unidades de Acolhimento (UA) e Serviços Hospitalares de Referência (SHR) nos municípios brasileiros fossem ampliados. O Governo do Paraná recebeu R$ 6 milhões para ampliar os atendimentos públicos em saúde mental, a fim de reforçar os serviços ofertados nos CAPS durante os anos atípicos afetados pelo Coronavírus.

Em nível nacional, foram habilitados 74 novos CAPS e outros nove receberam alterações de modalidade, representando um investimento anual de R$36.142.389,00. Os Centros prestam serviços de saúde de caráter aberto e comunitário, que priorizam atendimentos a pessoas que sofrem com transtornos mentais e abuso de substâncias psicoativas. Além desses investimentos, já foram repassados R$1,1 milhão para ampliação e abertura de novos CAPS, residências terapêuticas e leitos de saúde mental, entre outros serviços.

Os atendimentos nos serviços da Atenção Primária são realizados tanto nos postos de saúde quanto pelos Centros. Os casos são referenciados de um para outro conforme a complexidade e a necessidade do paciente. O Ministério da Saúde fará a busca ativa pelos serviços dos CAPS em função das restrições impostas pela pandemia, a fim de verificar os usuários que deixaram de frequentar as consultas e também aqueles que necessitam de maior atenção nesse momento. 

Atendimento psicossocial para os curitibanos 

Em Curitiba, um dos municípios que conta com uma das maiores coberturas, há treze unidades em funcionamento na cidade. Apenas sete que oferecem atendimento em período integral, com um total de 64 leitos abertos. Na capital, a Fundação Estatal de Atenção à Saúde (Feaes) é o órgão responsável pela gestão dos centros. 

Para o mestre em psicologia clínica Guilherme Bertassoni da Silva, a melhoria e o investimento no atendimento dos CAPS é de extrema importância. “A atenção à saúde mental é um ponto crítico durante a pandemia. O isolamento, a incerteza quanto ao tempo de duração do período pandêmico e de suas limitações agrava quadros de transtornos prévios e coloca as pessoas em situação de angústia bastante significativa, perfazendo um circuito favorável ao transtorno mental.” Além da preocupação psicológica, o CAPS é um objeto de reinserção social. 

O período de isolamento social fez com que, apesar do grande investimento no setor, alguns CAPS diminuíssem os atendimentos presenciais. A sede do bairro Boqueirão, por exemplo, apenas realiza atendimentos AD, ou seja, em casos envolvidos com álcool e drogas. Na visão do psicólogo clínico e professor de psicologia da PUCPR Tiago Morales, essa restrição pode ser prejudicial. “A assistência não pode deixar de acontecer, o que implicaria um impacto significativo para a população, pois o CAPS é uma forma de atendimento que faz com que haja formas de cuidar do sofrimento psíquico, sendo um ponto em um território.” 

Como funcionam os CAPS

Os Centros de Atenção Psicossociais são divididos em seis categorias. O CAPS I atende pessoas de todas as faixas etárias que apresentam intenso sofrimento psíquico decorrente aos transtornos mentais graves e persistentes, além do uso de psicoativos. Esse é indicado para municípios com população acima de 15 mil habitantes. Já para locais com mais de 70 mil habitantes, é indicado o CAPS II, que oferece o mesmo serviço, só em maior escala para atender à população.

O CAPS III busca oferecer ajuda para as categorias já citadas e, além disso, proporciona o serviço AD, que é focado em problemas com álcool e drogas. É de ação contínua e funciona 24 horas. Essa modalidade é indicada para municípios com mais de 150 mil habitantes. Já o CAPSi atende crianças e adolescentes, indicado para locais com mais de 70 mil habitantes.  

Por fim, os CAPS ad II e ad III são indicados para pacientes dependentes de substâncias psicoativas. O primeiro é oferecido em cidades com mais de 70 mil habitantes. Já o segundo foca também no uso decorrente de crack e pode ser encontrado em cidades com mais de 150 mil habitantes.

A saúde mental do brasileiro 

No final do ano passado, o Ministério da Saúde concluiu parte de uma pesquisa sobre a saúde mental da população brasileira durante a pandemia, nela foi identificado que quase 30% dos participantes procuraram ajuda profissional por questões relacionadas à saúde mental. Quase 35% dos entrevistados informaram que não procuraram ajuda, mas que gostariam de ter apoio principalmente para lidar com a ansiedade (78%) e o estresse (51,9%). Normalmente, é recomendado fazer exercícios físicos, principalmente ao ar livre, algo impossibilitado pelo período de isolamento e distanciamento social. 

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