Busca por melhores condições de vida é a principal causa de imigração para o Brasil

Devido a conflitos políticos e desastres naturais, a Venezuela e o Haiti estão entre as duas nacionalidades que mais pedem refúgio no Brasil
Por Maria Vitória Bruzamolin
Segundo a Agência da ONU para refugiados, cerca de 79, 5 milhões de pessoas foram obrigadas a se deslocar para algum lugar do mundo até 2019, sendo 26 milhões deles refugiados e 4,2 milhões, solicitantes de refúgio. Os motivos para tais deslocamentos, envolvem, em sua maioria, a falta de segurança gerada por conflitos políticos, grupos radicais, inflações absurdas que resultam em escassez de alimentos e empregos e desastres naturais em grande escala. Imigrantes da Síria, Venezuela, Afeganistão, Sudão do Sul e Mianmar representam 68% destes quase 80 milhões.
Dados do Centro de Informação para Migrantes, Refugiados e Apátridas do Paraná mostram que os refugiados no estado do Paraná tendem a ser em maioria homens, com idade entre 30 e 59 anos, pretos -negro/pardo-, com ensino médio completo que em sua maioria pretendem retomar os estudos em sua nova terra.
O Venezuelano Rainier Gonzalez, 35, trabalha como garçom em um restaurante de massas e sonha em um dia poder voltar para sua terra, porém, com condições para sustentar sua família. Gonzalez deixou seu país de nascença pois não aguentava mais ver o sofrimento de sua mãe, avó e duas irmãs. “Muita fome e a violência estava a cada dia pior. Eu queria um trabalho digno para dar orgulho pra minha avó’’, afirmou. Durante a pandemia, o venezuelano precisou se adaptar, pois dividia uma pequena casa com mais 5 colegas que fez no processo de vinda para o Brasil. Os seis trabalham com atendimento ao público e afirmam temer a doença, mas dizem tomar todos os cuidados necessários e esperam que esse período difícil passe logo, para assim, visitarem a família.
Quando pensamos nas nacionalidades que mais solicitam reconhecimento da condição de refugiado no Brasil, os haitianos (9%) vêm logo após os venezuelanos (77%), segundo a última edição do “Refúgio em Números” (Plataforma feita em parceria do Ministério da Justiça e Segurança Pública com ACNUR para assim, analisar e publicar dados referentes às decisões tomadas pelo CONARE). Isso se dá, graças a constante instabilidade econômica e política do país, que acaba gerando más condições de vida para a população. Fora os problemas socioeconômicos, o país ainda sofreu um forte terremoto que devastou a capital Porto Príncipe em 2010, e desabrigou cerca de 1,5 milhão de habitantes.
Danise Gregoire, 29, saiu do Haiti com o namorado e veio para o Brasil em busca de uma vida melhor. “Eu acho que o Brasil é um país legal para viver, tem muitas oportunidades para os estrangeiros”. A jovem, que chegou ao Brasil sem saber falar português, diz sentir muita falta do seu país de origem, mas pretende voltar apenas para visitar a família, e não para morar. Hoje, sua renda vem de um trabalho que conseguiu com irmãs da igreja e já fala bem a língua do país, graças a amigas que foram a ensinando.

Infográfico que exibe dados sobre refugiados no Brasil e informações sobre a Lei Brasileira Do Refúgio.
Foto: Pixabay / Reprodução.