Buscas na internet sobre ansiedade cresceram três vezes durante a pandemia

Dados do Google Trends apontaram o transtorno como o mais procurado com as palavras “como lidar/controlar”
Por Jéssica Pretto
As buscas na internet pelo termo ansiedade aumentaram significativamente durante os meses de isolamento, segundo relatório do Google Trends. Em 2020, o tema foi procurado três vezes mais do que a média dos últimos 16 anos. A pesquisa “como é ter crise de ansiedade” teve alta superior a 5.000% no primeiro semestre de 2020 comparado com o semestre anterior. A ansiedade também é o assunto mais buscado com as palavras “como lidar/controlar”. Somente no Paraná, a busca por “crise de ansiedade o que fazer” teve um aumento de 800% este ano.
A psicóloga Soraya Hamdar comenta que a pandemia pode trazer sintomas de ansiedade. “A mudança de rotina, do dia a dia, dos papéis familiares dentro de casa, do setor financeiro e entre outros, demandam uma energia a mais das pessoas, deixando-as mais ansiosas”, diz. Ela também relata que percebeu um aumento na procura por atendimento psicológico de maneira remota. “Percebi um aumento considerável de pessoas que procuraram pelo atendimento psicológico. Aparentemente, a discussão por esse tema foi ampliada e ouve-se muitos relatos públicos de pessoas que foram afetadas psicologicamente em decorrência do Covid, fazendo com que outras pessoas se sentissem também autorizadas a vivenciar esse tipo de sofrimento.”
Segundo a base de dados do sistema “E-saúde” da prefeitura de Curitiba, os atendimentos por ansiedade generalizada nas Unidades de Saúde da cidade tiveram uma diminuição de 23% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos meses de maio, junho e julho de 2019 foram 8.816 atendimentos, enquanto os mesmos meses de 2020 tiveram 6.753 atendimentos.
A médica Maria Luiza Gastaldon diz que as consultas foram reduzidas por conta da pandemia. “Os atendimentos diminuíram porque diminuiu a oferta de consultas, principalmente as consultas programadas. Somente as consultas de pré-Natal e os atendimentos de emergência estão sendo atendidos normalmente. Como a demanda do coronavírus aumentou, as ações são direcionadas para diagnóstico e tratamento”, conta. Mesmo com a baixa nos atendimentos, ela fala que existe o aumento da ansiedade. “O TAG, [transtorno de ansiedade generalizada] é bem comum na população de uma forma em geral. Durante a pandemia, houve uma exacerbação dos casos, tanto nos pacientes, quanto nos profissionais de saúde.”
No começo da pandemia a prefeitura de Curitiba criou o “Telepaz”, programa de atendimento por telefone para pessoas que sintam necessidade de apoio psicológico por medo ou ansiedade relacionados a COVID-19. De 24 de março a 15 de junho, os profissionais da central telefônica do acolhimento emocional gratuito realizaram mais de 1.200 atendimentos, segundo um levantamento feito pelo Departamento de Saúde Ocupacional da Secretaria de Administração e de Gestão de Pessoal.