Atletas da base de vôlei sentem impactos da pandemia do novo Covid-19

por Mariana Alves de Oliveira
Atletas da base de vôlei sentem impactos da pandemia do novo Covid-19

A categoria de formação dos clubes é uma das mais afetadas com a ausência de treinos

Por Giovana J Bordini, Mariana Alves e Mariana Toneti | Foto: Reprodução/ FPV

A categoria de base é uma das áreas mais preservadas e investidas nos clubes, mas, além disso, também é um fundamento difícil e frágil, principalmente em meio a uma pandemia. Dezenas de atletas do elenco de formação do voleibol tiveram treinos paralisados e sobrevivem com os auxílios cedidos pela prefeitura de Curitiba enquanto não há certeza do retorno para os campeonatos. Há ainda a pausa do sonho em disputar a seletiva para a Seleção Paranaense, o maior impacto para as jogadoras de base. 

O Decreto 940/2020 da prefeitura de Curitiba determina que, mesmo em situação de alerta, os 36 centros esportivos públicos permaneçam fechados. O documento também mantém a suspensão de esportes em coletivo, afetando diretamente as atletas paranaenses de vôlei. Para a atleta Fabiana Merfort, da categoria sub 16 no Círculo Militar do Paraná, vê o momento com incertezas, “treinar em casa e treinar em uma quadra é totalmente diferente”. O clube participa de uma programação anual de competições, mas foram cancelados e ainda não foi divulgado o calendário de reposição. 

Manter a constância dos treinos em casa é um dos maiores desafios para as atletas de base, uma vez que a Confederação Brasileira de Voleibol fez um protocolo para a volta presencial dos treinos apenas para a categoria profissional. Fabiana treina cinco vezes na semana, mas de forma reduzida. Apenas 26 de 80 atletas do time do Círculo Militar do Paraná estão treinando e, como muitas estão desmotivadas, o técnico da equipe promove uma rede de apoio através de conversas. 

O presidente da Federação Paranaense de Voleibol, Jandrey Vicentin, cita que a FPV sofreu com a falta de competições, por isso deixaram de arrecadar recursos. A falta de receita acometeu no desligamento de muitos colaboradores. Apesar da Confederação Brasileira de Voleibol não realizar competição da categoria de base neste ano, estão retomando às atividades com datas próximas do final do ano. 

Uma maneira utilizada pela Prefeitura de Curitiba e as prefeituras da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) é a promoção dos esportes através da Lei do Incentivo ao Esporte (Decreto 1743/2017), a qual oferece bolsas para atletas da região, depositando, mensalmente, um valor de auxílio. Entretanto, o projeto apenas acolhe pessoas residentes em Curitiba e região, deixando algumas atletas fora do projeto. A jogadora de vôlei de praia, Emanuelle Martins, de 18 anos, é uma das esportistas que não é contemplada pelo benefício da Prefeitura de São José dos Pinhais.

 

VÔLEI DE PRAIA 

O volêi de praia, a principal variação do voleibol convencional, é a modalidade que mais perdeu contribuidores. Treinadores da categoria tiveram os contratos cancelados durante a pandemia e, diferentemente do vôlei de quadra, as prefeituras não ofereceram suportes para os treinos em casa. Outro ponto contra é a imprevisibilidade do clima curitibano que impede os treinos frequentes. A falta de contato de treinador e alunas completa os impasses para manter a modalidade do clube de São José dos Pinhais em funcionamento.

A insegurança pairando sobre o esporte é a causa da desmotivação de dezenas de jogadoras, Emanuelle relata que 2020 seria o último ano competindo pela categoria jovem e não tem como objetivo seguir carreira, visto que iniciou os estudos universitários. Já para Fabiana, o atual momento requer paciência e persistência, uma vez que a seletiva para participar da Seleção Paranaense de Vôlei foi adiada e, para a atleta, esse é “o sonho de qualquer jogadora de vôlei”.

 

Vôlei de praia. | Foto: Miguel Teirlinck/ Unsplash

 

Já em Maringá, os treinos estão retomando aos poucos. A jogadora profissional Ingridh Louise, de 21 anos, comenta que os treinos voltaram a ser diariamente, dividindo entre academia e físico, além de acompanhamento com fisioterapeutas e nutricionistas. Durante o período sem treino, fez acompanhamento psicológico online. “Voltei a treinar receosa por conta das lesões que poderiam ocorrer pelo tempo que fiquei sem praticar”, cita a jogadora afirmando que as atletas voltaram mais dedicadas. 

O preparador físico da dupla profissional de vôlei de praia Agatha e Duda, Renan Rippel, conta que as atletas estavam se preparando para a disputa dos jogos Olímpicos e com o cancelamento acabou frustrando tanto a dupla quanto a equipe. Por estarem vivendo um momento incerto, estão conscientes de que o sonho, o qual já dura três anos, não estava terminando, mas sendo adiado, já que pela primeira vez na história a Olímpiadas foi cancelada.

A pandemia acarretou um período de três meses de inatividade para as atletas, mas alguns hábitos de treino permaneceram, com menos intensidade para serem seguidos em casa, prática bem diferente do que já estavam acostumadas. A dupla não conseguiu jogar nenhuma partida no Circuito Internacional e mantém a perspectiva de retorno das competições em setembro. “As consequências da pandemia afetaram os atletas  tanto na parte física quanto na técnica, mas principalmente na psicológica”, diz Rippel.

 


 Foto: Ingrid Louise/ Acervo Pessoal 

A atleta Agatha mantém um projeto social em Paranaguá,  Projeto Agatha Ct, que atualmente assiste quase 200 crianças e 100 adultos. A ação possibilita a prática do esporte como forma de lazer. 

Com quatro meses de fechamento, os salários dos funcionários estão sendo mantidos. A manutenção das áreas utilizadas também continua sendo feita. Não possuem uma previsão de reabertura, pois o projeto está vinculado com a área da educação e seguem às ordens da Secretaria de Educação. 

Volta dos campeonatos

O ano pandêmico ocasionou diversos cancelamentos nas principais competições do esporte. Para as atletas de vôlei de praia, Agatha e Duda, o foco são as Olimpíadas de Tóquio, a qual foi remarcada para julho de 2021. A dupla irá representar o país nos jogos do Japão. 

Outro campeonato a ser disputado é o Circuito Open, competição profissional de vôlei de praia que acontece em Saquarema, Rio de Janeiro. O Circuito está previsto para acontecer normalmente com início em 17 de setembro, mas com uma quantidade reduzida de atletas, além de ser obrigatório a apresentação de um resultado negativo para Covid-19. Já a competição do Circuito Mundial foi cancelada, prevista para acontecer depois dos jogos de Tóquio. 

    Calendário do Circuito Open. | Foto: Divulgação/ CBV

[box] On-limpíada

O Clube Curitibano em conjunto com a Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), Duque de Caxias e Círculo Militar do Brasil elaboraram um projeto chamado On-limpíadas, que tem como objetivos a promoção de ações solidárias; estimular o espírito de competição utilizando doações e provas/tarefas físicas e recreativas e, por fim, entreter os atletas e familiares.

                   Capa do evento online| Foto: Divulgação/ Clube Curitibano[/box]

Autor