Paraná ocupa 6° lugar no ranking de queda de empregos formais no país em abril

por Lorena Rohrich
Paraná ocupa 6° lugar no ranking de queda de empregos formais no país em abril

Os requerimentos para seguro-desemprego mais que dobraram no mês de maio em comparação ao mesmo período do ano passado

Por Beatriz Bleyer e Lorena Rohrich 

O Paraná está entre os estados que apresentaram maior queda de empregos formais em abril de 2020 no país. O número de demissões e desligamentos, registrados pelo Ministério da Economia (ME), foi de 55 mil neste mês. O cenário atual estimulou que muitos dos desempregados encontrassem no trabalho informal uma fonte de renda. Para o economista Rodrigo Martins a expectativa é de que haja um aumento no número desses trabalhadores, já que supre as necessidades das famílias em períodos de crise.

Ainda que o cenário já seja bastante alarmante, é possível que o maior impacto da pandemia seja observado nos próximos meses apenas. A crise causada pelo novo coronavírus (Covid-19) foi responsável pela paralisação de muitas empresas que, inativas, tiveram que desligar ou dispensar parte de seus funcionários.

Só em abril deste ano o Paraná registrou 51.120 solicitações de seguro-desemprego, de acordo com o Ministério da Economia. No mesmo período de 2019, foram 40.413, ou seja houve um aumento de 26% dessa taxa. A Secretaria Especial de Previdência e Trabalho – do ME constatou que o estado mobilizou apenas 47 mil admissões de novos empregados e ele marca, ainda, cerca de 102 mil desligamentos de funcionários em empresas.

Segundo o economista, membro do Conselho de Economia do Paraná – CORECON Rodrigo de Medeiros Martins, o Brasil já estava sofrendo uma crise há alguns anos e quando deu indícios de recuperação “veio com força mais este golpe [a pandemia].” Segundo ele, os economistas já preveem uma queda de pelo menos 5% no PIB do país. O especialista explica ainda que a alta do desemprego afeta diretamente no índice, pois “sem emprego não há renda e sem renda não há consumo”. Os impactos para a economia são, segundo Martins, fortes. “Se a pandemia for controlada ainda este ano, devemos levar de 4 a 5 anos para uma recuperação no nível do pré-pandemia”, afirmou. A solução de curto prazo é, segundo o especialista, orientar as pessoas para um consumo seguro. A indicação agora é seguir as medidas de segurança sanitária e cuidados básicos. “A informação é o melhor aliado”, concluiu.

Milhares de pessoas ficaram desempregadas no mundo inteiro e muitos paranaenses tiveram que se reinventar neste período. A diretora de uma agência de turismo da capital, Elisangela Teixeira, sofreu com o impacto causado pelo novo coronavírus. No início de abril as operações na empresa que trabalhava foram suspensas. Assim, ela viu, nessa crise, uma oportunidade de explorar novas fontes para seu sustento. “Eu precisava buscar um plano B para garantir a minha renda”, contou a atual produtora de antepastos. Segundo ela, nos primeiros dez dias conseguiu atingir mais de 100 pessoas à sua volta. “Em 15 dias, eu cheguei à 200 vidros [de antepasto] vendidos.” Teixeira não pôde deixar de contar sua história nas redes sociais para incentivar as pessoas nesse momento difícil. “Todos vocês tem alguma coisa de bom que podem oferecer aos amigos ou clientes”, publicou a produtora.

Para Rodrigo Martins, o trabalho informal se torna uma fonte de renda que, emergencialmente, ajuda a manter o consumo e suprir as necessidades das famílias. “Muitos buscam nos ‘bicos’ uma forma de conseguir compensar a perda de renda. Eles conseguem garantir algum recurso para suprir pelo menos o básico para a sobrevivência”, afirmou o economista. Apesar de não existir base de dados sobre os trabalhadores autônomos e informais, “no Paraná deve haver em torno de 2 milhões” de pessoas nessa situação. O risco do aumento do trabalho informal, segundo ele, surge a médio e longo prazo. “Não terá como pagar aposentadoria se as pessoas não pagarem a previdência. Além disso, ficam fora de uma série de direitos trabalhistas. O correto é que haja investimentos de empresas que geram empregos formais”, afirmou.

Diante desse novo cenário, alguns auxílios econômicos foram possibilitados aos trabalhadores, segundo o Superintendente Regional do Trabalho, Paulo Kroneis. “Nós falamos de seguro-desemprego quando o cidadão é mandado embora. E nós falamos de benefício emergencial, que são propostas de reduzir a jornada em 5%, 50% ou 75%”, explicou o especialista. A empresa, segundo ele, deve pagar o valor pelas horas trabalhadas e é dever do Ministério da Economia ressarcir o indivíduo no período que ela não presta serviços. de quase 347 mil empregados formais.“Isso é destinado a pessoas de baixo salário, para que se equipare com o que ele tivesse ganhando quando estava trabalhando”, completou. O superintendente ainda explicou sobre a opção de desligamento dos trabalhadores de uma empresa. “Dentro deste benefício, existe a escolha de desligar o cidadão por um período e aí o Ministério vai contemplar essa pessoa com o tempo que ela fica desligada.”

Mesmo em um momento de crise os direitos dos trabalhadores e a obrigação dos empregadores de pagar uma demissão de funcionário devem ser preservados. Se a empresa declara falência por “força maior” tais regulamentos devem ser revisados, explica Kroneis.

O estudo divulgado pelo Ministério da Economia indica que o setor que sofreu maior queda no número de empregados foi o de serviço, que no final de abril apresentava saldo de -362.378. Em janeiro, o número era de cerca de 55 mil. O comércio e os serviços de reparação de veículos automotores e motocicletas também apresentaram queda. Entre janeiro e abril de 2020, o setor apresentou baixa de quase 347 mil empregados formais.

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