Cultos religiosos se adaptam durante a pandemia

por Maria Vitória Bruzamolin
Cultos religiosos se adaptam durante a pandemia

Medidas de segurança e alternativas para manter a prática religiosa foram tomadas pelas igrejas e templos para prevenir a disseminação do COVID-19 em Curitiba

Por Camila Acordi, Carolina Nassar e Maria Vitória Bruzamolin

No fim de maio, o governador Ratinho Junior (PSD) sancionou a lei que torna igrejas e templos religiosos atividades essenciais, e deste modo, elas voltam a ter permissão para abrirem as portas. No entanto, mesmo com a liberação, alguns líderes religiosos optaram por não voltar com as atividades presenciais. A lei foi proposta por deputados da bancada evangélica da Assembleia Legislativa, pois até o momento, igrejas e templos estavam fechados por motivo de calamidade pública. Assim, diante dos obstáculos gerados pela pandemia, comunidades religiosas procuraram formas de não deixar seus seguidores sozinhos. 

 

Uma das alternativas mais utilizadas foi a transmissão via internet dos cultos nos dias tradicionais. O reitor do Santuário Nossa Senhora da Salette, Pe. Isidro Perin, afirma que o centro tem buscado cumprir com as normas sanitárias desde que foram anunciadas, fechando as portas e buscando alternativas, como o uso das redes sociais para transmissões de cerimônias ao vivo. No entanto, muitas atividades que reúnem grupos grandes de pessoas foram canceladas. “Suspendemos todas as celebrações com o público, as reuniões pastorais, a catequese e os cursos de preparação para o batismo e o matrimônio. Foi suspensa também a realização dos casamentos”. O Santuário ainda realiza, aos domingos após a missa tradicional, um “drive thru” para distribuir a Eucaristia.

 

O Pai de Santo Jaci Oliveira, do Templo Umbandista Guerreiros de Oxalá, afirma que, mesmo com a liberação de cultos, não voltará com as giras até que sinta que todos estejam seguros para tal ato, já que a religião envolve muitas vezes o contato físico. “Nossa religião nem permite isso, né? Vai haver contato, não tem como. Como que você vai fazer uma consulta com uma pessoa a dois metros de distância? Como vai dar um passe a três metros de você? Até pode, mas o costume das pessoas não é assim. […] Eu não consigo imaginar uma gira ou um trabalho dentro da umbanda sem contato”. O sacerdote ainda afirma que, mesmo com as “portas fechadas”, tentam manter contato com os filhos da casa, seja por chamadas telefônicas ou mensagens, e que, mesmo de casa, seguem realizando firmezas de anjo da guarda e protetores. “Graças aos nosso guias e orixás, a nossa corrente não teve nenhuma situação problemática. Está sendo tudo muito tranquilo até o momento, todos estão aceitando bem essa parte de ficar em casa”.

 

A médium de frente Susan Brodhage Sant Anna, de 35 anos, afirma que, assim como o Pai de Santo Jaci, a casa atualmente está passando por momentos complicados – financeiramente falando – já que possui contas como aluguel, luz, água e IPTU. A manutenção geralmente é feita com a contribuição dos médiuns, da cantina, e de doações esporádicas. “Com o terreiro fechado, a lojinha também está fechada, e assim fica difícil manter a casa […]. As arrecadações caíram bastante pelas dificuldades que cada um está enfrentando. Neste momento, o pai de santo tem arcado com as custas que não estão sendo cobertas pelas contribuições dos médiuns”. Jaci ainda completa que, até o momento, a parte financeira é a mais complicada e, sendo assim, o restante segue tranquilo na medida do possível neste cenário de pandemia. 

 

O Pastor Sênior da Comunidade Vida Plena, Márcio Martins, afirma que, mesmo com a liberação, os drive in e e cultos online serão preferência para manter a segurança de todos. “Abrimos apenas um culto no domingo com a capacidade reduzida de público e com inscrição gratuita antecipada”.  Também é seguidas as normas de precaução, com medição da temperatura corporal na entrada, tapetes desinfetantes, proibição da entrada sem máscara, uso do álcool gel e disposição das cadeiras com dois metros de distância entre si. Ele comenta que as alternativas adotadas foram muito bem aceitas pelos irmãos da Igreja e que, no primeiro culto drive in realizado, mais de 400 carros foram contabilizados. A ideia surgiu baseada nas igrejas americanas e possibilita que idosos, crianças e pessoas do grupo de risco continuem praticando sua fé. 

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