Diante de crise econômica, ONG ajuda mais de 700 famílias em Fazenda Rio Grande

O projeto da Associação Beneficente Vale da Benção atua contra a fome e a miséria
* Este é um conteúdo patrocinado, desenvolvido na disciplina de Assessoria e Planejamento de Comunicação, sem, contudo, remuneração efetiva aos estudantes que o desenvolveram.*
Por Laís da Rosa
Uma pesquisa divulgada pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) revelou que em 2018, 70% dos brasileiros já fizeram alguma doação em dinheiro para causas sociais. Os dados mostraram que, apesar da prática de doação não ter avançado, cerca de 42% dos brasileiros doam por se importar com as causas e 40% doam para ajudar os que mais precisam.
Por mais que a cultura de doação no Brasil não tenha avançado nos últimos anos, temos que valorizar as instituições que recebem doações para fazer a distribuição de alimentos, de produtos e roupas para pessoas em vulnerabilidade social.
Muitas pessoas não sabem como uma doação pode fazer a diferença, seja de um pacote de feijão, um pacote de trigo, de alguma peça de roupa, ou de qualquer tipo de produto, mas faz diferença para aqueles que realmente precisam.
A economista Angela Welters afirma que, em geral, as pessoas buscam instituições ou ONGs quando não sabem para quem doar; buscam entidade idôneas, que, de fato, façam a ajuda chegar a quem precisa. Ela diz que a importância das ONGs é justamente servir de ponte entre os indivíduos que desejam doar e os indivíduos que precisam de ajuda.
Durante esse período de pandemia que estamos enfrentando, muitas ONGs e associações beneficentes tem parado de receber doações e muitas vezes encerrado suas atividades. Mas outras ainda estão desenvolvendo seus projetos e arrecadando alimento para a distribuição na comunidade.
Welters afirma que o Brasil já estava numa crise econômica bastante severa antes da pandemia, com desemprego elevado, informalidade e com a pobreza crescendo mês a mês.“Já existia um cenário nada favorável para a economia neste ano. O que a pandemia produziu foi um fenômeno global e mais intenso de crise, o qual ainda estamos especulando em termos de alcance. Contudo, todos os especialistas dizem que não podemos imaginar soluções em curto prazo, especialmente no Brasil que a situação é mais complexa e dependerá do desenrolar da crise política”, diz.
Para Welters a pandemia deve gerar uma recessão ainda maior, o que deve impactar o terceiro setor também. Ela fala que as perspectivas não são boas, pois além da pandemia temos uma grande instabilidade política que está afastando investidores do país. “Podemos imaginar uma redução significativa da renda das famílias, aumento do desemprego e ampliação do endividamento das famílias. Aumento da pobreza e possível quebra de pequenas e médias empresas. A instabilidade da economia, se refletindo na renda das pessoas e empresas, deve impactar negativamente no cenário de financiamento privado de atividades como esta”, afirma.
Ela reitera que como deve aumentar a pobreza e o contingente de famílias em situação de vulnerabilidade social, as atividades das ONGs ganham importância neste momento, porém o problema é o financiamento.
Sem depender do governo, a Associação Beneficente Vale da Bênção, fundada pela pastora Zita Ribeiro Ramos e Sebastião Ramos oferece 12 projetos, para crianças, jovens, adultos e idosos. Entre eles estão: projeto de inclusão digital, projeto contra a fome e a miséria, antidrogas, costura, aulas de música, webdesign, artesanato, futsal, dança e teatro, aula de espanhol e também recebem doações para gestantes.
Com todos esses projetos, a Associação Beneficente Vale da Bênção conseguiu destaque na comunidade, que está localizada em Fazenda Rio Grande. Atualmente, a ONG está atendendo mais de 700 famílias em apenas um projeto, “Projeto Pão Nosso”, que luta contra a fome e a miséria. Além de atender 162 pessoas nos outros projetos.
Anderson, filho dos fundadores da associação, também é o responsável por administrar e cuidar da parte financeira da instituição, comenta que a Associação Vale da Bênção se tornou um referencial para a população local. “Nós acreditamos que hoje a associação é essencial. Ela é uma referência de ser um local onde as pessoas já lembram do nome e identificam como um lugar no qual existe comida. É um local onde a fome pode ser saciada, onde a sede será suprida, a família será acompanhada e assim por diante. É um lugar de bênção e de paz. É um refúgio para aqueles que precisam.”
Ele também conta que antes da pandemia eles estavam precisando de computadores para o laboratório de informática, porque existem apenas dois computadores – que não estão em boas condições – para quatro alunos aprenderem. E no momento estão precisando de máquinas de costura, das mais simples, para a produção de máscaras. “A pastora Zita, a fundadora da ONG, dá aula de costura, e agora os alunos estão aprendendo a produzir máscaras para ganhar uma renda. Alguns deles já estão vendendo e conseguindo uma renda para seu sustento. Estão conseguindo comprar o pão de cada dia”, afirma Anderson.
A Associação Vale da Benção recebe todo tipo de doação, produtos de higiene, tanto de limpeza como de higiene pessoal, todo tipo de alimento, móveis, equipamentos eletrônicos, material de construção, itens para enxoval de bebês, roupas para todas as idades, entre outros produtos.
Joraci Boza faz doações há dois anos para a ONG. Ela relata que já conhece o trabalho deles e por isso faz questão de fazer as doações de alimento hortifrutigranjeiro. “Não faço mais do que a obrigação, pois tenho condição e pretendo continuar fazendo as doações”, diz.
A fundadora da instituição Zita Ribeiro Ramos conta que em meio a pandemia eles estão fornecendo alimento para as pessoas. “Nas quartas-feiras, a gente supre o povo, pois com essa pandemia a gente faz comida e entrega pronta para 200 pessoas, e a cada dia está aumentando mais o número de pessoas”, diz. Ela também está oferecendo aulas de costura gratuitas para as pessoas conseguirem vender e ganhar sua renda.
A ONG está localizada na Rua Cabo Verde, 512 – Jd Santarém – Bairro Nações I – Fazenda Rio Grande-PR. O telefone para contato é (41) 99118-1762.
Como tudo começou
Zita Ribeiro Ramos diz que o motivo principal de ter criado a Associação Vale da Benção foi por causa de uma menininha que adotou, porque, na época, a mãe a tinha rejeitado. “Se um dia eu puder ajudar alguma mãe, família, vou ajudar, e não fazer o que as outras pessoas de certa forma fizeram comigo”, afirma.
Foi na Igreja que ela percebeu que as pessoas iam para receber uma palavra de conforto, mas estavam com o estômago vazio. Então ela notou que era mais importante suprir a fome das pessoas antes de qualquer coisa. “Quando eu comecei com a Associação Vale da Benção, tirando crianças da rua, eu comecei com um frango, um pacote de arroz, um óleo de cozinha e um pacote de feijão, e nunca mais Deus deixou faltar, nunca mais. Já faz 14 anos que estou com o projeto social”, conta Zita.
A fundadora afirma que a maior dificuldade para criar a associação, foi a financeira. Ela conta que, na época, a comunidade local era bem diferente, um bairro bastante violento e com muita criminalidade. Ela revela que pediu a Deus uma estratégia para diminuir a violência no bairro. “Deus, me dá uma estratégia, como que eu vou vencer e conquistar esse território. E Jesus colocou no meu coração uma marcha pela paz no bairro. Funcionou e completa 11 anos que a gente faz, todo 1º de Maio.”
Entre as histórias que mais marcaram sua vida na instituição, há o dia em que 60 pessoas estavam na ONG para almoçar e só tinha um quilo de carne moída. “Eu peguei aquele quilo de carne moída, juntei com dois copos de trigo que a vizinha me emprestou, amassei com aquela carne moída e fui fazendo almôndegas do tamanho da cabeça de um dedo, fiz um molho, engrossei com o trigo. Aí minha filha, deu comida para todo mundo. E ainda sobrou”, conta Zita.
No momento, Zita está dando aulas de tricô e costura para as pessoas que querem aprender e a ganhar uma renda. Ela conta que estão fabricando máscaras com as doações de tecidos e chinelos com cola de sapateiro, sola de sapato e caixa de leite para fazer a palmilha. “Antes eu comprava um papelão para fazer palmilha e, com o decorrer dos anos, aprendi que dava para fazer palmilha com caixa de leite. Eu peguei as caixas de leite, lavei, deixei de molho, joguei na máquina e deu certo. Agora que eu vi que as caixas de leite dão certo para fazer palmilha, eu não preciso mais comprar aquelas palmilhas.”
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