Crianças com deficiência superam dificuldades durante aulas remotas

por Sabrina Ramos
Crianças com deficiência superam dificuldades durante aulas remotas

Adaptação metodológica nas Escolas Municipais é feita nos sábados para crianças com deficiência.

Por Brunna Gabardo e Sabrina Ramos

Estudantes com deficiência do Ensino Fundamental I de Curitiba ainda se adaptam às novas rotinas das aulas remotas, apesar de dificuldades de concentração e também da ausência de atendimentos presenciais com profissionais da saúde e da educação. A orientação da Secretaria Municipal de Educação é seguir o currículo normal da rede municipal de ensino. As aulas estão sendo transmitidas no YouTube e na TV aberta desde o dia 13 de abril, pela TV Escola Curitiba (Rede Massa) em um convênio com a Secretaria Estadual de Educação (Seed), do Governo do Estado do Paraná.

Após quase dois meses da migração das aulas presenciais para as plataformas online foi necessário uma adaptação metodológica para atender às crianças com deficiência. O material é produzido pelo Departamento de Inclusão e Atendimento Educacional Especializado (DIAEE). As aulas têm versões adequadas, com tradução em libras, e voltadas também para alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Síndrome de Down, Paralisia Cerebral, e qualquer outro tipo de transtorno ou dificuldade.

A grade horária das videoaulas, disponibilizadas pela Secretaria Municipal de Educação, está indo ao ar de segunda a sábado. De segunda a sexta são as aulas que os estudantes teriam normalmente na escola e aos sábados é realizada uma adaptação metodológica para inclusão, ministrado por professores da rede.

A psicopedagoga e neuropsicóloga Michele Apoliano pondera a metodologia a distância como a única saída neste momento de pandemia. Ela ressalta a capacidade de promover o contato e o compromisso diário com os estudos, um mecanismo válido e importante. Contudo, é necessário questionar sua integração no processo pedagógico a longo prazo. “A questão é se a gente pode considerar ou não, isso [EAD] como um substituto para o que teria acontecido caso não houvesse a pandemia”. 

A dona de casa Cintia de Fátima Contador relata a experiência de sua filha Maria Eduarda, de 11 anos, com o ensino remoto. A menina tem Síndrome de Down e está no 1° ano do Ensino Fundamental, recebendo as videoaulas pelo WhatsApp. Os professores gravam o conteúdo em casa e mandam o material. “Ela mesma acaba tendo consciência de fazer sozinha”. A mãe também comenta que o mesmo material é repassado diversas vezes para que possam aprender bem o conteúdo, pois algumas crianças costumam esquecer. “De um modo geral ela vai bem. Ela gosta de aprender.”

Maria Eduarda não é a única que supera dificuldades em relação ao aprendizado à distância. A advogada Samantha Tisserant conta que sua filha Sarah, de 7 anos, está conseguindo acompanhar a apostila e aprender os conteúdos adaptados da escola, apesar de não estar assistindo às aulas. Sarah tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) e também está no 1° ano do Ensino Fundamental. Devido à baixa atenção, Samantha relata que ela mesma aplica às atividades. “Reparto a tarde em trabalhar e dar aula”.

A psicopedagoga também explica que a aprendizagem da criança com deficiência precisa acontecer de forma individual, pois cada um tem um modo específico de aprender. Ela destaca que muitas escolas não possuem estruturas de acessibilidade e algumas, tampouco, se preocupam em mudar. “A medida que os alunos vão chegando, elas tentam se adaptar. Às vezes não é o ideal”. Michele observa que no processo de implementação das aulas remotas, todos são colocados no mesmo patamar de interação e conhecimento, e isso dificulta trabalhar na acessibilidade.

A questão pedagógica é ainda mais complexa durante a pandemia. A psicopedagoga aponta que as trocas são fundamentais no processo de aprendizagem e elas não acontecem da mesma forma das aulas presenciais. “A educação se faz por meio dessas trocas de conhecimento e opiniões. Isso está se perdendo um pouco. O online não supre totalmente essas necessidades”. Além disso, a escola não é apenas um ambiente disciplinar, é também um espaço para desenvolver as interações sociais das crianças.

O impacto do isolamento social nas crianças 

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