Universidades antecipam formatura de cursos da área da saúde em resposta ao coronavírus

Profissionais que receberam o diploma antecipadamente serão transferidos para regiões necessitadas e atuarão no combate ao Covid-19
Por Eduarda Fiori, Marina Geiger e Ricardo Luiz da Silva
Universidades de Curitiba regulamentaram a antecipação da formatura de alunos no último período dos cursos de Medicina, Enfermagem, Farmácia e Fisioterapia devido a necessidade de mais profissionais da saúde atuando. A medida é uma forma de combate ao coronavírus e foi adotada pela UFPR, PUC-PR e Pequeno Príncipe. Para participar, é necessário que o aluno tenha completado pelo menos 75% da carga horária prevista para o período de internato médico ou estágio supervisionado. A medida provisória n° 934/2020 e a portaria n° 374/2020 do Ministério da Educação (MEC) que diz respeito a essa providência foi aprovada no dia 4 de abril. Além disso, a emissão do registro provisório desses novos profissionais estará sob a responsabilidade do Ministério da Saúde.
De acordo com Gustavo Lenci Marques, professor e coordenador adjunto do curso de Medicina da PUC-PR, se formar antecipadamente é opcional, porém todos os alunos do último período de medicina da universidade adotaram a medida. A realização da formatura foi nos dias 25 e 30 de abril, contou com 89 formandos, na qual fizeram uma solicitação antecipada em conjunto com a reitoria. A fim de respeitar o isolamento social, toda a cerimônia foi fechada e aconteceu em um auditório grande da universidade com todos usando máscaras de proteção, alunos também foram separados em pequenos grupos com o distanciamento recomendado. Familiares e o juramento e outorga de grau coletiva eram os únicos presentes no local além dos formandos, contudo havia a possibilidade de assistir o evento ao vivo pela internet. O professor ainda comenta que uma nova cerimônia será realizada futuramente já que muitos alunos contavam com a realização de uma formatura convencional, “Em outro momento eles vão poder fazer a formatura deles em teatro, já que era o sonho deles, mais pra frente assim que passar a pandemia” explica o coordenador.
A formatura da PUC-PR foi realizada de uma maneira personalizada para evitar aglomerações. “A colação antecipada durou ao todo de 15 a 20 minutos no máximo” afirma, Henrique Ochoa, formado antecipadamente em medicina pela universidade. O médico será transferido para Belém no Pará, e diz que é uma grande oportunidade para um crescimento pessoal e profissional. No local, passará 20 dias atendendo no pronto socorro os pacientes com suspeita de contaminação do Covid-19. Ele reforça que se sente preparado para assumir essa responsabilidade antes da hora. “Sinto que estarei apenas cumprindo o que passei a faculdade inteira estudando pra cumprir”. Para o recém-formado o adiantamento da formatura foi uma ótima mudança. “Comemorei muito essa antecipação, nunca priorizei uma grande cerimônia, então para mim foi o ideal.”
Sendo um dos alunos de farmácia que concluiu o curso na UFPR devido à medida provisória, Leonardo Orlandini Trancozo, explica que o profissional farmacêutico tem como função principal o primeiro contato com o paciente frente a qualquer doença. “É função dele estar preparado para informar e conduzir adequadamente pacientes que necessitem de qualquer tipo de ajuda, além de ser necessário garantir o acesso a informação para toda a população.” Apesar de no momento não estar atuando na área, ele conta que se sente preparado mesmo com o adiantamento do curso. O farmacêutico ainda diz que exerceu durante os estágios atividades a nível profissional, mas acredita que seria necessário mais horas para uma melhor formação.
Mesmo com uma antecipação, os estudantes ainda têm o direito de poder retomar os estágios que faltaram para ter um histórico escolar de modo regularizado e completo. Gustavo conta que não afetará com tanta intensidade a qualidade dos novos médicos formados pela PUC-PR. “É uma turma muito boa, a gente sabe que eles já estão prontos ali, no entanto reconhecemos a importância dos estágios que faltam justamente por isso abrimos a possibilidade deles voltarem”. A medida tomada foi uma forma de contornar a situação, já que demoraria muito tempo para que os estágios fossem regularizados pela grande demanda das unidades de saúde devido à pandemia enfrentada.
A Dr. Flávia Cunha Gomide Capraro, infectologista em Curitiba, que seu formou pela PUC-PR em 2003, opinou sobre o preparo dos alunos em relação à antecipação. “Considerando que um aluno tem direito a faltar 30% das aulas, ele já tem uma frequência de 70%. Se for reduzir isso em mais 1/4, já vai para uma frequência de 52%. Talvez o aluno excelente consiga recuperar essa matéria mas para o aluno médio, acho que vai fazer muita falta.” Contudo, a médica acredita que as entidades médicas estão fazendo o seu melhor na atual situação.
Confira um infográfico das medidas que profissionais da saúde devem tomar durante a pandemia: