Criatividade é saída de comerciantes para permanecer abertos

Empresas e comércios curitibanos sofrem durante a pandemia
Por André Festa, Gustavo Barossi e Rebeca Trevizani
Desde o começo do isolamento, Curitiba teve um total de 33 empresas fechadas temporariamente. É o município do Paraná com o maior número de inatividade empresarial até o momento. O centro comercial da rua Barão do Rio Branco em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, teve fechamento total por falta de negociação de aluguel. A dona de uma das lojas disse que o proprietário do local não quis ceder em relação aos atrasos de aluguel que foram causados pela falta de movimento durante o isolamento. “Todas as lojas que estavam ali decidiram fechar. Algumas foram para Curitiba e outras cidades. Outras ficaram como atendendo online.”
Segundo a economista Camila Biagioni, existem dois fatores principais para a queda da atividade comercial: a redução do consumo pelo fato de que as pessoas em isolamento comprem menos; e o medo, segundo a economista, faz com que seja feita uma contenção de gastos por prevenção. Como alternativa, existem medidas paliativas que podem ser tomadas, como a atitude de “ir até o cliente” trazendo uma acessibilidade na compra e tirando a insegurança do comprador.
Diferentes medidas de adaptação foram tomadas pelos comerciantes que quiseram manter seus negócios abertos. A Flamingo Decorações, empresa de decoração para casamentos, passou a vender buquês para presente, fechando 22 vendas no dia das mães. “É uma coisa totalmente nova para mim. Eu só fazia buquês de noiva, agora faço buquês para dar de presente de aniversário, bodas de casamento, dia das mães e para quem quer levar carinho e abraço em forma de flores”, diz Angélica Justino, proprietária da empresa. Além de aderir à venda de buquês, surgiu o projeto de assinatura floral, que consiste em entregar flores semanalmente na casa dos assinantes. A empresária diz que manterá o novo formato mesmo quando o cenário econômico estabilizar.
Alessandro Vesguerber trabalha com bordados utilizando uma máquina de costura que possui em casa. Ele conseguiu se adaptar à crise por meio de seus equipamentos e experiência de trabalho. “Tive que achar uma outra forma de utilizar o nosso maquinário. Fui atrás de como fazer a máscara na bordadeira. Encontrei um projeto e adaptei com um pouco de conhecimento que tenho na programação.” O empreendedor afirma que, mesmo após a pandemia, irá continuar confeccionando os mesmos produtos, por considerar fácil e de rápida produção.
Para Eduardo Regagnan, proprietário da Levis Outlet e Livia Calçados e Esportes, a alternativa foi migrar para as plataformas digitais. As lojas ficaram 10 dias fechadas e sofreram pela falta de venda. Nesse período, o lojista investiu em aumentar a capacidade do site da loja. Atuando nas plataformas de marketplace, conseguiu manter o funcionamento dos estabelecimentos. Ele conta que o Instagram ajudou muito nesse período com os links que direcionam para plataformas de venda online, o que facilita o processo para o comprador. As lojas físicas também precisaram se reinventar com liquidações e vendas de novos produtos. “Na loja de esportes, a gente fomentou nossa oferta de produtos que não tínhamos na loja. Tênis mais tecnológicos, confecções de uma linha mais modal, aderindo a venda de moletons e camisetas de algodão”.
Em Curitiba, o isolamento continua, com serviços específicos abertos nesse período. Permanecem ativos vendas de suprimentos, unidades de saúde e lojas de conveniência, entre outros. Cultos religiosos retornaram às atividades mas com restrições e cuidados necessários. Apesar do decreto do Presidente Jair Bolsonaro ter autorizado a abertura de academias e salões de beleza, o Estado do Paraná ainda aguarda a liberação da Secretaria Estadual de Saúde. O comércio de rua tem voltado aos poucos seguindo as indicações de segurança. Ainda não há previsão para a volta de shoppings centers e escolas.
O economista Andrey Biagioni deu dicas exclusivas de como manter seu comércio aberto durante a pandemia.