Isolamento social provoca queda do consumo de energia elétrica no Paraná em 18%

por Lorena Rohrich
Isolamento social provoca queda do consumo de energia elétrica no Paraná em 18%

A percepção de especialistas e da população, porém, é de que o consumo doméstico de energia elétrica aumentou 

Por Beatriz Bleyer e Lorena Rohrich 

O consumo de energia elétrica sofreu uma queda de 18% no Paraná desde o início do isolamento social, imposto pela pandemia de coronavírus (COVID-19), segundo levantamento realizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A percepção, porém, é que o consumo tenha aumentado no segmento residencial, já que a circulação de pessoas dentro de casa aumentou.

O CCEE vêm realizando levantamentos semanais, desde o dia 25 de março, sobre o consumo de energia elétrica durante o período de isolamento social. O estudo revelou que o Paraná ocupa o quinto lugar no ranking de consumo de energia elétrica do Brasil, sendo São Paulo e Minas Gerais os que ocupam as primeiras posições, respectivamente. No quadro nacional, o consumo energético apresentou um decréscimo de 14%. 

De acordo com o Gerente Executivo de Segurança de Mercado e Informações da CCEE,  Carlos Dornellas, embora a impressão seja de que há um crescimento no consumo doméstico de energia elétrica, o instituto não tem como especificar essa demanda. Além disso, ainda que a maioria da população esteja dentro de casa, exercendo suas atividades diárias e profissionais, os aparelhos eletrônicos domésticos consomem muito menos energia do que nos setores industriais. “A redução do consumo nesses setores [industriais] tende a ter um efeito maior no cálculo global do que a elevação da demanda nas residências”, afirmou Dornellas.

No Paraná, o setor de veículos registrou queda de 73% no consumo de energia e 33,3% no setor de minerais não metálicos. Esses números fazem referência ao período entre os dias 02 a 06 de março e 13 a 17 de abril. Já entre os dias 06 a 10 de abril e 13 e 17 desse mesmo mês, esses setores apresentaram uma elevação no consumo de 9,7% e 4,4%, respectivamente, representando uma gradual melhora do cenário. Essas e outras seções representam a variação negativa de 817 MWm, no estado. Antes das medidas de isolamento social, ele apresentava consumo médio de 4,440 MWm, no dia 17 de abril o estado passou a consumir em torno de 3623 MWm.

Segundo o Gerente Executivo de Segurança de Mercado e Informações da CCEE, a variação foi maior durante a pandemia nesses estados (Paraná e Rio Grande do Sul) por conta das indústrias localizadas nessas regiões, responsáveis por um maior consumo de energia elétrica. “As principais fontes de renda da economia do Paraná são a agricultura e a agroindústria, a indústria automobilística e a produção de papel e celulose, além do extrativismo vegetal de madeira e erva-mate”, explicou Carlos Dornellas.

De acordo com o estudo, São Paulo é o estado que mais consome energia elétrica no país. Antes da medida de isolamento social adotada pelo governo, a região consumia cerca de 18 mil MWm, já no período observado pela CCEE, em média de 15 mil MWm, apontando uma variação de apenas 17%. 

Aumento do consumo residencial

Segundo o engenheiro eletricista Edilson Lourenço, é possível que o consumo doméstico de energia elétrica aumente no período de isolamento, visto que a maioria da população está dentro de casa a maior parte do dia, senão o dia todo. Mas lembra que não tem comparação com a dimensão da diminuição na área corporativa. “Apesar de contarmos com um aumento, por conta da necessidade do trabalhadores se recolherem, na prática pode se considerar desprezível. Isso pode ser explicado porque nas residências no período diurno equipamentos adicionais ligados nessas é quase que eventual, conservando o grande consumo no período noturno, conservando a rotina, e no setor corporativo com os turnos paralisados os desligues das máquinas e iluminação nunca será eventual”, explica. “Como nas residências não possuem máquinas e equipamentos com alto grau de consumo de energia, mesmo com o deslocamento do trabalhador da área corporativa para residencial, os poucos equipamentos em uso adicionais que aparecem nunca irão acompanhar a proporção decréscimo/acréscimo respectivamente apresentada na troca deste modal”, acrescenta o engenheiro. 

Giordano da Fonseca, que está desde a última semana de março trabalhando em Home Office, termo designado aos trabalhadores que continuam exercendo suas funções domiciliarmente, afirma que o consumo de energia elétrica em sua casa aumentou nessa quarentena. Segundo ele, a rotina em sua casa mudou, ele que antes podia realizar atividades de lazer fora de casa, agora desenvolveu novos hábitos, como assistir televisão. “São mais horas investidas nos aparelhos eletrônicos.” Além disso, Fonseca contou que sente que nesse período ele acaba passando do horário de trabalho de oito horas. “Às vezes eu tô trabalhando e acabo fazendo um pouco mais, porque já estou em casa, mais confortável e não preciso sair do trabalho”, afirmou. Apesar do aumento do consumo de energia, ele não sentiu o peso no bolso. “A gente de fato consome mais, pois as coisas ficam mais tempo ligadas, mas a gente não viu um aumento significativo na conta de luz”, contou.

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