Mercado de intercâmbio movimentará US$ 1,2 bilhão em 2019, prevê pesquisa

Jovens universitários que buscam melhor empregabilidade são clientes expressivos
Por Marina Prata
A Pesquisa de Mercado Selo Belta 2019 realizada pela Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta) estima que, neste ano, o mercado brasileiro de intercâmbios movimentará cerca de US$ 1,2 bilhão. A graduação internacional é uma das modalidades de destaque, já que tem procura crescente e tornou-se o segundo tipo de intercâmbio mais realizado por brasileiros.
Em 2018, 73,3% das agências de intercâmbio do país tiveram crescimento nas vendas em comparação a 2017. O coordenador regional da Belta no Paraná, Alexandre Argenta, explica que a abertura de novas empresas do ramo contribuiu para a evolução do mercado, mesmo com a alta do dólar. “O intercâmbio é mais caro, mas também há mais oportunidade e mais pessoas querendo fazer, então é natural que o mercado cresça”, pondera.
Quem gera esse desenvolvimento é, segundo Argenta, o jovem universitário e profissional. A pesquisa da Belta aponta que, em 2018, 47% dos intercambistas tinham entre 18 e 24 anos de idade. “É um diferencial para eles no mercado de trabalho depois”, explica o coordenador. Ele atribui o aumento na procura por graduação internacional à visibilidade do programa governamental Ciência Sem Fronteiras, que forneceu bolsas para formação acadêmica no exterior até 2016. “O programa ajudou as pessoas a entenderem que é possível fazer faculdade no exterior”, opina.
Cristiana Chagas é consultora de uma agência de intercâmbio em Curitiba, e relata aumento nas solicitações de graduação no exterior desde o fim do ano passado, em especial nas áreas de relações humanas, engenharias e business. “Alguns querem ir embora de vez por falta de perspectiva no Brasil, outros querem agregar no currículo e muitos querem melhorar o inglês”, elenca, ao citar os principais objetivos dos alunos. “Muita gente chega procurando Estados Unidos, mas o custo é mais alto e a possibilidade de ficar lá depois é menor”. Segundo a consultora, essa é a razão para Austrália e Canadá serem os países preferidos dos estudantes da agência.
A analista de recrutamento e seleção para estágios Larissa Ruiz avalia que é cada vez mais comum que jovens a procura de emprego tragam um intercâmbio no currículo. Na contratação, o domínio de outro idioma e a vivência são valorizados pelas empresas. “Como quem concorre a uma vaga de estágio normalmente não tem muita experiência profissional, as empresas procuram pessoas que tenham experiência de vida, e o intercâmbio é sempre válido”, explica a analista.
Universidades oferecem oportunidades
A internacionalização de estudantes tem sido cada vez mais valorizada por instituições a nível mundial, de acordo com a analista de mobilidade da PUCPR Internacional Thais Moreira. “Intercâmbio é um dos pontos estratégicos, então tentamos dar o máximo de visibilidade para essas oportunidades”, conta. Na universidade, estudantes com o 4º período completo podem escolher cursar um ou dois semestres nas instituições conveniadas, com isenção de mensalidade. Alguns cursos como Farmácia e Engenharia de Produção também ofertam dupla diplomação.
Flávia Natsue é estudante do 7º período de Design na PUCPR, e passou seis meses na Holanda no segundo semestre de 2018 por intermédio da universidade. “O que mais me agregou profissionalmente foi lidar com pessoas que tiveram outras experiências. Aprendi a entender visões diferentes e a receber críticas”, conta. Além do aprendizado técnico, a estudante relata seu crescimento pessoal a partir dos contatos proporcionados pelo multiculturalismo que vivenciou.