Conflitos e vícios levam mais pessoas a tornarem-se moradores de rua em Curitiba

por Gabrielly Dering
Conflitos e vícios levam mais pessoas a tornarem-se moradores de rua em Curitiba

Drogas, alcoolismo e problemas com a família somam 74% das causas que levam pessoas à situação de rua na capital

Por Gabrielly Dering e Stephanie Friesen

A Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS) estima que, em 2017, havia ao menos 2.369 pessoas em situação de rua em Curitiba. Isso representa um aumento de 38% em comparação com as estatísticas de 2016. Entre os principais motivos estão desavenças familiares, envolvimento com drogas e abuso de álcool.

A última pesquisa municipal, realizada em 2016, apontou que 74% das causas da situação de rua são o envolvimento com drogas (27%), alcoolismo (24,7%) e conflitos familiares (22,3%).

Moradores de rua Curitiba

Fonte: Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS).
Infografia: Stephanie Friesen.

“A luta é diária”, diz Rafael Pereira, 29 anos. Ele faz parte das estatísticas há 11 anos. “Estou nessa porque fui experimentar a porcaria de uma droga achando que jamais viraria mendigo ou me encontraria em uma situação dessa. Meu pai ainda não me deixa entrar em casa”.

Em quesitos sociais, a maioria dos moradores de rua são homens (89%), enquanto 11% são mulheres. Cerca de 60% está na faixa etária dos 25 a 44 anos. Em contrapartida, a população curitibana nesta faixa etária é majoritariamente composta por mulheres, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Moradores de rua Curitiba Moradores de rua Curitiba

Fonte: Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS).
Infografia: Stephanie Friesen.

Questionada sobre estatísticas recentes, a FAS informou que, em 2018, havia mais de 2 mil pessoas autodeclaradas moradoras de rua no Sistema de Cadastro Único (CAD). Não há dados oficiais que mostrem a condição atual.

O perfil das ruas

Segundo a assistente social, pesquisadora e professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Jucimeri Isolda Silveira o aumento é perceptível e vem acompanhado de alta na violência. “Estamos diante de uma cultura de intolerância, discriminação e aumento da desproteção.” A professora cita que o maior desafio em Curitiba é “possibilitar acesso às políticas públicas de proteção, trabalho, restabelecimento dos vínculos familiares e reconstrução de projetos de vida”.

O voluntário do projeto de apoio Café com Jesus, Fábio Ribeiro, opina que uma das principais causas do aumento é a rejeição da família, principalmente pelo uso de drogas. “No Dia dos Pais, um jovem pediu que eu marcasse um almoço com seu pai. Para minha surpresa, o pai recusou o convite e disse não querer contato com o filho”, relata. “É duro ver um pai dizendo não para o filho, mas não se sabe o que eles passaram”.

Ações da FAS para melhorar a situação

A FAS declarou estar implementando ações de pesquisa, políticas públicas, alocação de recursos, promoção de ações educativas e aprimoramento dos serviços e de suas equipes para diminuir as estatísticas.

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