Curitiba Rugby Clube feminino ganha destaque com atletas na seleção nacional

Várias atletas do Curitiba Rugby Club acumulam passagens pela seleção brasileira Por: Felipe da Fonte
Fundado em 1983, o Curitiba Rugby Clube é uma equipe de rugby da capital paranaense que vem se destacando nos últimos anos com convocações de atletas para a seleção brasileira da modalidade. As meninas treinam três vezes por semana, segundas, quartas e sábados. É uma entidade sem fins lucrativos, que tem por objetivo transformar a vida das pessoas por meio do esporte.
Com passagens pela seleção brasileira feminina, a atleta Gabriela de Pellegrini, 25 anos, contou a importância da convocação de atletas curitibanas para a visibilidade da cidade no esporte. “Recentemente tivemos a convocação da Rafaella Zanelatto para a seleção brasileira, mas ela não foi a primeira menina curitibana a ser convocada. A Haline Scatrut que jogava com a gente até ano passado também foi chamada, inclusive chegou a jogar o Rio 2016, no Brasil. É uma atleta que se formou aqui, jogando um período de mais de sete anos no Curitiba Rugby Club. De qualquer maneira, isso é importante também para a cidade, pois mostra que o esporte tem dado certo e serve de motivação para um maior incentivo ao rugby feminino”, conta a jogadora.
Questionada a respeito do que é necessário para chegar a seleção brasileira, Gabriela afirmou que um pouco de tudo é necessário, desde o talento até o alto nível de comprometimento. “Não adianta você ter muito comprometimento e não ter talento. É um pouco dos dois. Têm alguns fatores excludentes, como a velocidade. Se você não for rápida, você dificilmente terá sucesso nesse tipo de esporte. A parte tática e técnica também são muito importantes para chegar a seleção brasileira”, afirma a atleta.
Gabriela também falou sobre a experiência de estar na seleção brasileira. “Foi muito produtivo. Me ajudou a crescer como pessoa, entender aspectos limitantes e até mesmo me superar, pois você não está lutando para fazer parte apenas do seu time, e sim representar o seu país internacionalmente. É uma competitividade muito alta e que faz você evoluir em diversos aspectos”, conta a atleta de 25 anos.
Treinador da equipe, o uruguaio Carlos Valdassário, 40 anos, falou como são feitos os treinos e também a preparação para os campeonatos. “Temos a preparação para a pré-temporada, com exercícios físicos moderados, para não acontecer uma sobrecarga na musculatura de nossas atletas. Depois fazemos um treino tático trabalhando mais situações de jogo, visando o campeonato”, afirma Valdassário.
O uruguaio destacou também as partes do corpo que são mais exigidas durante a atividade. “É um esporte de muito contato. Precisa de uma parte superior forte, para proteger a bola, por exemplo. Porém, também necessita de uma parte inferior bem trabalhada”, enfatiza Carlos.
Coordenador médico do Coritiba Foot Ball Club, o ortopedista e traumatologista Álvaro Chamecki, 51 anos, fala sobre os benefícios e malefícios do esporte. “Os benefícios são os mesmos de qualquer esporte, benefícios cardiopulmonares, trabalho aeróbio, saúde mental. No Rugby você trabalha bastante a velocidade em linha reta, o esporte exige isso. Já em relação aos malefícios, são as lesões que eventualmente ocorrem por se tratar de um esporte de muito contato”, afirma Chamecki.
Atualmente o Curitiba Rugby Club disputa anualmente o Super Sevens, campeonato brasileiro da modalidade. Os “touros” como são conhecidos, também disputam o campeonato paranaense. O time da capital já faturou o título brasileiro duas vezes, em 2015 e 2016.
Falta de visibilidade do rugby é um dos fatores que impede crescimento do esporte no Brasil
Diferente de esportes como basquete e futebol, o rugby não tem grande visibilidade no Brasil
Diferente de outros esportes populares aqui no Brasil, como basquete e futebol, o rugby não conseguiu vingar da maneira que era esperado. Para a atleta do Curitiba Rugby Clube, Gabriela de Pellegrini, 25 anos, a cultura do machismo foi um fator limitante para o esporte no território brasileiro. “A presença da mulher em um esporte coletivo é considerado massivamente machista. Precisamos desmistificar esse fato de que o rugby é um esporte de agressão, o que não é verdade”, afirma Gabriela.
Segundo a ponta de 25 anos, medidas estão sendo tomadas para um maior reconhecimento do esporte no Brasil. “A falta de visibilidade é um fator preocupante. Nos Estados Unidos, onde o esporte é mais popular, a visibilidade é maior, os jogos são transmitidos constantemente pela ESPN ou até mesmo pelo Sportv. A Confederação Brasileira de Rugby (COB), está tomando medidas para uma maior visibilidade do esporte aqui no território brasileiro, buscando acordo com emissoras para transmissões e até alguns patrocínios pontuais”, conta a curitibana.
Para a atleta, o fato de o rugby ser um esporte gratuito no Brasil também dificulta o fato de atrair pessoas para assistir aos jogos. “Por ser um esporte gratuito, você tem uma dificuldade maior em atrair público. Em um jogo de futebol que tem uma visibilidade maior as pessoas pagam R$200,00 em um ingresso, então acho que tem muito a ver com isso também”, finaliza a jogadora.
O rugby chegou ao Brasil no século passado, e apenas em 1925 foi jogado regularmente em território brasileiro. Desde sua criação, o esporte apresentou um crescimento significativo e a expectativa é de que esse crescimento aumente nos próximos anos.