Paraná apresenta índices indesejáveis de animais em riscos de extinção

Ações humanas como a caça e a pesca, além do desmatamento, têm contribuído para uma grande ameaça aos animais paranaenses.
Por Aline Simon
A extinção é um processo natural e tem sido acelerada pela ação antrópica no meio ambiente – caça e pesca predatória ou para lazer, destruição do habitat dos animais, ocupação de áreas de preservação, desmatamento, entre outras.
De acordo com o Atlas de 2011 do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, no Paraná existem 78 espécies de animais ameaçados de extinção nas áreas das Unidades de Conservação Federais, contra 68 no Mato Grosso do Sul e 64 no Mato Grosso, estados conhecidos pelo Pantanal e sua fauna exuberante.
Ana Gadotti, formada em biologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), afirma que “a população em geral e também o Estado não divulgam muito [os animais em risco de extinção] quando comparamos com, por exemplo, a Amazônia, que tem muito mais visibilidade e apelo”. Para ela, assim como na Amazônia, o Paraná tem um número considerável de animais em risco de extinção e são poucos os que a população conhece. “Isso empobrece o processo de proteção, já que as pessoas nem sabem que pequenas ações do dia a dia, como consumirem produtos que não maltratam o meio ambiente em sua confecção, podem ajudar na proteção dos bichos”.
Quando se trata das questões de problemas com fauna em áreas rurais e urbanas, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) atua na conservação, manejo e orientação ao público em geral. “Como os outros estados do Sul do Brasil, o Paraná perdeu muito habitat, e isso afetou diretamente a fauna e a flora. Se compararmos com o estado do Amazonas, que ainda tem uma grande área de floresta, aqui nós estamos bem prejudicados porque já perdemos boa parte das florestas noEstado”, afirma o biólogo e agente profissional do IAP, Mauro Britto, que cuida da Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas.
O casal Angélica e Apolo em seu horário de descanso no Zoológico de Curitiba
O Zoológico de Curitiba mostra aos visitantes os animais que estão ameaçados de extinção, além de buscar recursos para a reprodução de algumas espécies. Segundo o cuidador Antônio Marcílio Medeiros, que trabalha no local há 37 anos, o foco ali é reproduzir as espécies da fauna brasileira, como a anta, que está ameaçada de extinção. “Zoológico é a arca de Noé dos tempos modernos, no mundo inteiro”, explica.
No zoológico é estimulada, também, a reprodução da onça-pintada, animal que está em risco e, no zoológico, está em fase de reprodução com o casal Angélica e Apolo.
Cemitério dos Extintos no Zoológico de Curitiba destaca os animais em extinção
Portal de entrada do Cemitério dos Extintos, no Zoológico de Curitiba
O Zoológico de Curitiba conta com o Cemitério dos Extintos, um local em formato de jardim que imita um cemitério e sinaliza os animais que deixaram de existir. Ali, constam extinções como a dos mamutes, que aconteceu há milhares de anos, e a da ararinha azul, declarada recentemente.
Segundo Elias Amâncio, que visitava o zoológico com os netos, o cemitério auxilia para que os visitantes tenham noção do que acontece no mundo animal. “Temos grande responsabilidade na vida desses animais e, sobre a questão da extinção. O ser humano é um dos causadores da extinção e deve se responsabilizar por isso. Muitas vezes, não damos a devida importância. Esse impacto visual, em formato de cemitério, dá uma percepção maior do que causamos. É um impacto bem grande, chocante mesmo”, diz.
O cuidador Antônio Marcílio Medeiros, que trabalha no zoológico há 37 anos, é otimista. “A tendência agora é melhorar, mas os animais ainda correm muitos riscos”, explica.
O Cemitério também conta com um histórico das extinções e suas respectivas causas, que variam entre caça e pesca predatória, mudanças climáticas drásticas e destruição de seu habitat, entre muitos outros. Além disso, por ser localizado próximo ao centro de educação ambiental do Zoológico, existem ali diversas atividades sobre o processo de extinção dos animais, com alunos de escolas públicas, privadas e demais visitantes que se interessam pelo assunto.