Apenas 2% dos estudantes que ingressam em universidades brasileiras são negros

por Lamartine Lima
Apenas 2% dos estudantes que ingressam em universidades brasileiras são negros

A cota em universidades é um direito garantido pelo Estatuto de Desigualdade Racial

Por Emilia Jurach, Lamartine Lima, Thaís Mota e Thiago Rasera

Todo cidadão brasileiro tem direitos civis garantidos por lei. Esses direitos são assegurados através da criação de estatutos que visam defender e dar visibilidade a grupos que são considerados minorias ou algum outro grupo específico. Dentre esses grupos estão os negros, que historicamente sofrem com preconceito, e são excluídos de setores profissionais e educacionais em nosso país.

Emilia Jurach

Em 2018, a UFPR registrou mais de 1800 inscritos para cotas raciais no vestibular

De acordo com o Artigo 56 do estatuto de Igualdade Racial (Lei nº 12.288), de 2010, é dever do poder público promover a igualdade de oportunidades em educação, emprego e moradia para todo cidadão, independente de cor ou raça. Uma das medidas tomadas pelo governo Brasileiro, foi a criação do sistema de cotas raciais nas Universidades públicas do país.

Para o presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Consepir), Saul Dorval, o fim da discriminação é algo que exige um esforço coletivo entre poder público e população, e que o sistema de cotas raciais é benéfico para que a sociedade possa começar a ser mais igualitária no que se diz respeito a oportunidades, independente de raça. “Atualmente no Estado do Paraná, existem 3 milhões de pessoas negras, isso representa quase 30% da população, ou seja, precisamos de apoio como esses, pois agora com a aprovação do Estatuto de Igualdade Racial, demos um passo importante para o fim do preconceito”.

Segundo dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), EM 2016, desde que a lei de cotas raciais para alunos em Universidades públicas começou a valer em 2013, o número de cotistas por raça aumentou de 50 mil participantes, para 127, 282 mil alunos.

De acordo com o Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná, Sérgio Luís do Nascimento, uma grande parcela de pessoas negras encerra os estudos ao concluir o ensino médio, e muitos não conseguem ingressar no ensino superior.

Nascimento também afirma que os grupos humanos precisam agir de maneira mais incisiva na luta pelos seus direitos perante o poder público.

O Doutor em Educação também comentou a importância de políticas públicas educacionais para os negros, mas também ressalta a dificuldade para manter esse grupo no ensino superior.

A estudante de Publicidade e Propaganda Duane Cristina da Silva, 25 anos, relata que acha importante a existência das cotas, apesar de nunca ter utilizado por ter bolsa de estudos na Universidade. “Quem é contra esse tipo de política são pessoas que não enxergam o seu próprio privilégio em relação aos negros”.

Para o em empresário Alexsandro Ribeiro, as cotas são necessárias pois os negros ainda são minoria nas Universidades. “Essa política é necessária para conquistar a tão sonhada igualdade social. As pessoas que são contra elas são ignorantes ou ignoram a importância que ela tem”, confessa.

Ribeiro cita ainda sobre a importância do ensino das matrizes africanas nas escolas (Lei nº 10.639), de 2003. “Além da preservação histórica, é uma semente plantada para explicar a dívida que a sociedade tem com os negros”, conclui.

O Portal Comunicare reuniu no infográfico abaixo dados sobre estudantes negros em universidades do Brasil, apresentados em diversos estudos que analisam o assunto:

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