Separatistas voltam às ruas para reivindicar independência da Catalunha

Cerca de 10 mil pessoas participaram de um evento em Vic, cidade reconhecida como o coração do movimento separatista
Por Talita Laurino, de Vic (Espanha)
Um ano depois do referendo à independência da Catalunha, declarado ilegal por Madrid, os separatistas voltaram às ruas para reivindicar a república catalã.
Em Vic, cidade reconhecida como o coração do movimento, um palco instalado no centro da Plaza Major recebeu convidados de renome local. Cerca de 10 mil pessoas, de acordo com os Mossos d´ Esquadra – polícia oficial da Catalunha – participaram do evento. Independentistas gritaram palavras de ordem como “liberdade aos presos políticos” e “república agora”.
“Eu não me sinto espanhola. Eu sou catalã. É algo que eu nasci sentindo, nunca gostei de aprender o castelhano ou de ignorar a minha cultura, que é o que sustenta todo esse País”, diz Imma Magem.
A manifestante é amiga pessoal da prefeita de Vic, Anna erra i Solá, uma das políticas eleitas mais envolvidas com a causa separatista. “Queremos ser uma república porque merecemos isso. Temos uma produção muito rica e que precisa ser valorizada. Nunca pararemos de lutar pela independência e nunca esqueceremos o dia primeiro de outubro”, afirma.
Durante os protestos, tratores foram espalhados no local das manifestações. “Estamos aqui para lembrar que no ano passado impedimos a polícia espanhola de chegar até a população. Fizemos uma corrente em torno das cidades e protegemos aqueles que queriam votar”, conta uma das motoristas que preferiu não se identificar.
O dia primeiro de outubro de 2017 ficou conhecido no mundo todo pela violência do governo de Madrid contra o povo catalão. Mais de 700 feridos foram hospitalizados por conta de confrontos com a polícia, que tentava impedir a população de votar contra ou a favor a independência da Catalunha.
Em Vic, 97% dos votantes declararam-se a favor, número que não agradou a todos. “Eu acho isso uma grande bobagem, pura alienação. A União Europeia jamais continuaria somente com a Catalunha, precisamos da Espanha”, comenta o jovem Éric Prego.
A opinião do garoto contradiz a da prefeita do município, que afirma que Barcelona é a região mais importante do país.
Na capital catalã e em Girona, os protestos foram mais intensos. A linha de comboios de alta velocidade da primeira cidade, por exemplo, foi bloqueada. E houve também o corte de várias auto-estradas, entre elas as que ligam Barcelona a Valência e a Madrid.