Curitiba celebra 110 anos de amizade Brasil-Japão com série de eventos

A capital recebe duas estátuas de concreto homenageando a artista Tomie Ohtake
Por Alice Putti, Gabriela Küster, Guilherme Kruklis
Curitiba presta homenagem aos 110 anos de imigração japonesa no Brasil com diversas atrações pela cidade. Para honrar a artista nipo-brasileira Tomie Ohtake, duas de suas obras de concreto agora fazem parte do acervo permanente da cidade, uma localizada na Praça do Japão e a outra em frente ao Portão Cultural. O Festival da Primavera acontece neste final de semana (22 e 23 de setembro) no Expo Renault Barigui.
A cidade também recebe no Memorial de Curitiba a exposição fotográfica “Vultos, Fissuras e Clareiras” a mostra reúne pinturas, gravuras e esculturas de Tomie.
O Nikkei Club de Curitiba organiza dois festivais anuais, o Imin Matsuri, que celebra a imigração, e o Haru Matsuri, o Festival da Primavera que tem a décima oitava edição em setembro. Segundo a assistente administrativa do clube, Claudia Kraut, os eventos são muito bem recebidos pela população e tem em média 10 mil ingressos vendidos por dia. Trazem atrações como cantores japoneses, taiko (apresentação com tambores), karaokê, yokosakoi (dança), produtos de decoração, mangas e alimentos importados.
SERVIÇO
**Exposição – Memorial de Curitiba: Tomie Ohtake em Curitiba-Vultos, Fissuras e Clareiras
Ingresso: gratuito
Data (s): 19/07/2018 a 30/09/2018 – 3ª, 4ª, 5ª e 6ª feira, sábado e domingo
Horário (s): 9h às 12h e 13h às 18h (3ª a 6ª feira) e 9h às 15h (sábado, domingo e feriados)
Para mais informações: http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/agenda/memorial-de-curitiba-exposicao-tomie-ohtake-em-curitiba-r-vultos-fissuras-e-clareiras/
**Escultura em Concreto de Tomie Ohtake – Museu Municipal de Arte (MuMA) – Portão Cultural
Ingresso: gratuito
Data(s): Toda 3ª, 4ª, 5ª e 6ª feira, sábado e domingo
Horário(s): 10 ~ 19h
Para mais informações: http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/agenda/museu-municipal-de-arte- escultura-em-concre to-de-tomie-ohtake/
**Haru Matsuri – Festival da Primavera – Expo Renault Barigui – Rua Batista Ganz, 430, Santo Inácio
Ingresso: 1 dia – R$7 ; 2 dias – R$10
Data(s): 22/09/2018 a 23/09/2018
Horário: Sáb 10h às 20h; Dom 10h às 18h
Para mais informações: http://www.turismo.curitiba.pr.gov.br/evento/28º-haru-matsuri-festival-da-primavera/780
A INFLUÊNCIA JAPONESA NO COTIDIANO
Curitiba abriga um dos maiores centro asiáticos do Brasil,” O Centro Ásia” foi fundado em 2008 e oferece vários cursos, entre eles da língua japonesa com acompanhamento individual e de manga, que são as história em quadrinhos em estilo japonês, sua principal característica são os olhos marcantes e a prevalência de imagens bastante expressivas que muitas vezes dispensam palavras. Segundo Tonaz Yamada, gerente de eventos do centro, cerca de 200 alunos participaram dos cursos em 2017, a grande maioria não tem descendência japonesa. Ela também afirma que esta procura cresce com o aumento de interesse dos jovens pelo universo de animes.
A culinária japonesa também é muito presente em Curitiba, são mais de vinte restaurantes na região central. Uma tendência dos últimos cinco anos são os cursos de “sushiman”. Conversamos com Peterson Sanzovo, proprietário e professor do Curso Shizen, ele contou que a procura aumentou e que ele teve 140 alunos no ano passado. O curso tem duração de 7h e pode ser feito em um dia.
MAIS INFORMAÇÕES – Horários e Valores
*Centro Ásia – 3022-3477
Rua Marechal Deodoro, 1418 – Curitiba
*Curso Shizen – (41) 9 8402-0087
Rua Prefeito Ângelo Lopes, 282, Cristo Rei, Curitiba
A MAIOR COLÔNIA NIPÔNICA FORA DO JAPÃO FICA EM SÃO PAULO
O Brasil possui hoje a maior população de japoneses fora do Japão, são aproximadamente 1,5 milhões de pessoas, incluindo descendentes, de acordo com o Consulado Geral do Japão – dados de 2017.
Sobre os japoneses, o número oficial mais recente é também de 2017 e mostra Curitiba com 1.178 habitantes e o Paraná com 4.201, estes números representam uma porcentagem de:
No dia 18 de junho de 1908 o navio Kasato Maru desembarcou no porto de Santos com 781 imigrantes japoneses. O Japão vivia um período de transição de governo, com a dinastia Meiji ascendendo ao poder foram abertas pela primeira vez em duzentos anos as fronteiras para o comércio com o exterior. Tal evento desencadeou uma crise no meio rural, com a chegada de máquinas muitos agricultores e donos de terra perderam tudo, migraram então para as principais cidades, mas estas não tinham condições de mantê-los. Em 1888 a princesa Isabel assinou a Lei áurea, que proibiu a escravidão no Brasil fazendo com que os donos das grandes fazendas de café procurassem a mão de obra imigrante.
Não era permitido que homens solteiros imigrassem ao Brasil, somente poderiam participar das expedições aqueles que viessem com suas famílias, esta lei retardou a miscigenação nipo-brasileiras o que contribuiu com a perpetuação da cultura. Em território brasileiro a comunidade foi muito segregada, em períodos conturbados foram proibidos de praticar sua religião, tiveram suas escolas fechadas, circulação de jornais proibida, e até impedidos de se comunicar em japonês fora de suas residências.
Várias famílias que residem no Brasil ainda são muito tradicionais tendo traços da cultura nipônica enraizados no seu cotidiano. Video de Akina Uehara contando sobre algumas tradições da sua família: