Convívio entre moradores e usuários de drogas na praça “Zumbi dos Palmares” causa divergência

Falta de policiamento no local colabora para realização da prática
Por Andrey Ribeiro, Lorena Souza e Rafaelly Kudla
A presença de usuários de drogas é uma prática recorrente na praça Zumbi dos Palmares do bairro Pinheirinho em Curitiba, o local é importante para realizações das atividades de lazer e esporte desenvolvidas no bairro. Os moradores e frequentadores da praça se declaram contra o uso periódico no local. Os dependentes químicos enxergam a praça como um lugar tranquilo e dizem que o uso não interfere para as pessoas que convivem no local. Segundo os órgãos públicos não há um volume significativo de buscas pela procura da Polícia Militar e Guarda Municipal, por parte dos moradores da região.
De acordo com dados da Secretária de Estado de Segurança Pública- SESP, a Regional Pinheirinho está entre as cinco regionais mais violentas da capital. A pesquisa feita em 2017 aponta que o CIC é o bairro mais violento, seguido do Tatuquara, Sítio Cercado, Pinheirinho e Alto Boqueirão. No que se refere às ocorrências de tráficos de drogas na capital, é verificado um aumento de 85 registros entre os primeiros trimestres de 2017 e 2018. Confira as estatísticas do Tráfico de Drogas em Curitiba:
Para o administrador da praça, Cesar Santos Cas, a frequentação dos usuários interfere nas atividades realizadas na praça. “Os usuários que frequentam a praça acabam atrapalhando, houve episódios em que eu tive que paralisar a aula porque tinham cerca de 15 a 20 jovens fumando maconha do lado da quadra, mesmo pedindo com educação eles não se importam.” O administrador ,diz ainda que o local necessita de um módulo da Guarda Municipal. “Dizem que há alguns anos já teve um módulo, quando a praça foi inaugurada, 27 anos atrás. A resposta da prefeitura sempre é de que não tem condições de manter uma dupla de guardas aqui na praça. Como cidadão e como funcionário, gostaria muito que o processo da prefeitura fosse diferente.”
A moradora Phietra Laidens diz, que os usuários brigam frequentemente na praça e crimes são cometidos em razão disso. “O maior problema de segurança no bairro são os usuários que frequentam a praça, muitas vezes acontecem brigas na praça que originam crimes.” Phietra, também afirma que a polícia deixa a desejar no quesito segurança. “Não vejo carros de Polícia ou até mesmo da Guarda circulando aqui pelas redondezas da praça, o que é péssimo pela proximidade com o terminal do pinheirinho, e aí facilita a mobilização desses caras que vem para praça.”
Com relação ao número de ocorrências envolvendo o consumo de drogas na capital, houve um aumento de 4,97% no primeiro trimestre deste ano comparado com o trimestre de 2017.
O que a Polícia Diz?
O capitão Luciano Rasera, da Polícia Militar explica que o policiamento no Pinheirinho é feito pela 3º Companhia do 13º Batalhão da Polícia Militar, através de viaturas Rádio Patrulha Alta RVA, equipes de saturação, a pé e com apoio de motos. A ocorrência mais frequente, segundo o capitão, é a perturbação do sossego. Com relação aos usuários de drogas no bairro, afirma que são feitas abordagens frequentes, entretanto não há um grande número de chamados. Na praça Zumbi dos Palmares foram registrados apenas três chamados neste ano de 2018, por este motivo infere que não há necessidade de um módulo policial na praça. Os locais com maiores incidências de ocorrências do bairro é onde há maior concentração de pessoas.
A Guarda Municipal infere que com frequência, são feitos encaminhamentos de pessoas com porte/posse de drogas ilícitas até a delegacia e que tem fiscalizado o entorno da praça. Mais de 80 autos de infração de trânsito nos arredores da praça já foram emitidos desde o início do ano, dos quais a maior parte por estacionamento irregular, além do abuso de som alto nos veículos. A Guarda não informou o motivo de não haver um módulo na praça.
A Polícia Militar pode ser acionada no número de emergência 190 e a Guarda Municipal do Pinheirinho mobilizada no módulo da rua da cidadania Pinheirinho que está localizado na Av. Winston Churchill, 2033.
Pinheirinho conta com apenas uma ONG que atua no combate de drogas e álcool
O grupo de ajuda para usuários de drogas e álcool “Casa do servo sofredor” é a única ONG que atua com o esse propósito na região. O Frei Edmilson, um dos fundadores explica sobre o início do projeto e sua atuação na comunidade.
“Em 1994 no bairro Fanny, em frente a paróquia Nossa Senhora da Conceição, um grupo de dez mendigos passou a residir na frente de uma marquise que tinha na frente da igreja. E aí nós começamos um trabalho de aproximação com esse grupo. Na época compramos uma casa nas imediações do nosso convento e um senhor que havia ficado viúvo, Teodoro, passou a morar nessa casa e nós começamos a acolher esse pessoal. O espaço funcionava inicialmente, para eles tomarem banho”.
Apesar da base religiosa, a ONG não impõe tratamento a partir da religião na internação. Os Carmelitas, responsáveis pelo local, utilizam inspiração da palavra do Bom Samaritano, texto base da fundação.
O Psicólogo técnico responsável na instituição, Diego Mendonça explica que a ONG da Casa do Servo Sofredor é um local onde trabalham no tratamento da dependência de álcool de outras drogas, especialmente cocaína e craque visando a abstinência.
“ Fazemos um trabalho multifuncional com foco nos aspectos espirituais, psicológicos, físicos e sociais do sujeito. Então ele tem acompanhamento médico, psicológico e espiritual”. O projeto é uma propriedade filantrópica, sem fins lucrativos, o funcionamento dela se dá em virtude da nossa parceria com o governo e do recebimento de doações da comunidade. “Nós não atendemos apenas quem é do bairro pinheirinho, mas também quem vem pela FAS (Federação de Ação Social – realizada pela prefeitura). A maioria são homens, jovens das classes C, D e E.” Mesmo não trabalhando apenas na perspectiva territorial, nós entendemos a importância para a melhoria tanto no bairro como em Curitiba. Nós temos um vínculo com a população devido as missas que temos todos os dias”.
Serviço:
Missas de segunda a domingo às 8 horas da manhã.
Casa do Servo Sofredor, Rua La Salle, 850, (41) 3349-1681.