Expectativa de vida do homem é cerca de 6,5 anos menor que mulheres

por João Matheus D'Ambrós Calixto
Expectativa de vida do homem é cerca de 6,5 anos menor que mulheres

Especialistas afirmam que mulheres são mais cuidados quanto a saúde, fator que contribui para o aumento na expectativa de vida

Por João D’Ambrós e Rita Vidal

Mesmo que a expectativa de vida do brasileiro seja de 75,8 anos, segundo o IBGE, o último Censo, publicado em dezembro de 2017, mostrou que a expectativa de vida de mulheres pode alcançar 79,4 anos, enquanto de homens atingem 72,9.

Para a médica de família e professora da PUCPR Maíra de Mayo, essa diferença pode estar ligada aos maiores cuidados em que as mulheres costumam tomar. A clínica geral explica que dificilmente o homem procura se consultar regulamente e realizar os exames de rotina, contribuindo para que doenças crônicas se instalem e impossibilitem um tratamento completo e contínuo.

Além disso, a professora explica que as doenças crônicas são silenciosas, levam mais tempo para se manifestarem e muitas vezes, o corpo não dá indícios de que há algo de errado. “Entre homens as doenças cardiovasculares (como hipertensão, parada insuficiência e arritmia cardíaca) são mais comuns. Esses casos ocorrem seja pela falta de exercícios físicos, maus hábitos na alimentação, a pessoa ser ou não fumante ou até mesmo o fator estressante. A mulher está mais habituada a cuidar de seu corpo e saúde desde muito nova, o que contribui para uma vida longínqua”.

Hoje, com 60 anos, o empresário Arlei Pereira relembra os momentos difíceis em que viveu após sofrer um infarto. O empreiteiro conta que levava uma vida mal equilibrada e agitada antes das complicações cardíacas que teve há oito anos atrás, estava inserido em todos os fatores de risco. Pereira explica que não se alimentava corretamente, era fumante, não tinha o hábito de praticar exercícios físicos, não realizava exames e visitas ao médico e ainda tinha o fator estressante, já que se considerava uma pessoa muito explosiva.

“A minha sorte foi que eu havia parado de fumar quase quatro anos antes de sofrer o infarto. Meu próprio médico disse que se não fosse isso eu teria morrido, já que as minhas veias estavam totalmente obstruídas”. Atualmente, o empresário afirma que todos os seus hábitos mudaram. Toma diariamente remédios para regularizar a pressão e afinar o sangue, assim como teve de se submeter à uma cirurgia de stent cardíaco, procedimento em que um tubo expansível é inserido no interior da artéria para prevenir ou evitar a obstrução do fluxo no local por entupimento desses vasos.

Hipertensão aparece entre os casos mais comuns

O sistema de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas (Vigitel), que faz parte das ações do Ministério da Saúde, divulgou em dezembro de 2017 que em uma década os casos de hipertensão no Brasil aumentaram 14,2%. O estudo ainda apontou a obesidade, álcool e falta de hábitos saudáveis como os grandes vilões para as causas de doenças cardiovasculares, que matam cerca de 30,4% da população.

Ainda segundo uma apuração feita pelo Ministério da Saúde em 2014, doenças no coração, aparelho circulatório, câncer, sistema respiratório, diabetes, aparelho digestivo, infecções e insuficiência renal foram as causas de morte mais recorrentes durante aquele ano.

Dados sobre as doenças cardiovasculares. Fonte: Agência Italiana OSMED

Além de doenças cardiovasculares, a neurologista da unidade de saúde de Curitiba Leticia Dittrich Fagundes, explica que algumas doenças neurológicas, como o Parkinson, também são mais frequentes entre homens. Caracterizada pela rigidez nas articulações, dificuldade de movimentação e equilíbrio, assim como tremores pelo corpo, a doença atinge, em sua maioria, a população de idosos.

Mesmo que a diferença seja mínima, a neurologista conta que a chance de homens evoluírem com a síndrome de Parkinson ainda é maior. “Não existe uma pesquisa que comprove isso 100%, mas nós médicos observamos esse singelo desequilíbrio no número de pacientes homens e mulheres”.

A médica comenta que a maioria dos casos é recorrente do fator genético, em que existe um gene pré disposto a desenvolver a doença, contudo existem outros fatores, ainda desconhecidos pela ciência, que podem contribuir para o surgimento da síndrome. Letícia conta que cabe ao médico adequar o melhor tratamento ao paciente, já que cada caso possui uma singularidade.

Câncer de próstata é um dos maiores vilões

Ainda pouco discutido, e por muitas vezes um tabu entre o público masculino, um dos casos recorrentes entre o grupo é com relação aos problemas urológicos.  Fernando Meyer, urologista e professor na PUCPR conta que a maior complicação é o câncer de próstata. “Esse ano devemos ter perto de 70 mil novos casos no Brasil. Em homens mais jovens existem as doenças sexualmente transmissíveis, câncer de testículo e infertilidade, por exemplo”.

Caso diagnosticado com câncer de próstata, o médico evidencia a importância ao tratamento, que vai desde acompanhamento médico somente até casos cirúrgicos, radioterapias e quimioterapias. Meyer destaca a importância em se consultar regularmente ao médico e afirma que após os 50 anos de idade, todos os homens devem fazer o exame de prevenção.

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